terça-feira, 5 de março de 2019

Francisco em prefácio de um livro:

Amor, alegria e sobriedade,
três palavras para a santidade de todos os dias
O prefácio do Papa Francisco em um livro que contém uma homilia de São João Crisóstomo sobre a Primeira Carta a Timóteo, na qual São Paulo convida o discípulo a beber vinho para a sua saúde. A criação é boa - disse o Papa -, mas precisa saber aproveitá-la, como um presente precioso, para nos descobrirmos amados e podermos nos alegrar juntos.
Livro LEV sobre a Quaresma (Vatican Media)
Cidade do Vaticano - Será publicado neste dia 6 de março, no início da Quaresma, o livro editado pela Lev (livraria Editora Vaticana) "Tome um pouco de vinho com moderação. A sobriedade cristã" realizado por Lucio Coco. O volume contém uma homilia de São João Crisóstomo sobre a passagem da Primeira Carta a Timóteo, na qual o apóstolo Paulo convida o discípulo a beber "um pouco de vinho, por causa do estômago e das [...] tuas fraquezas frequentes" (1Tm 5,23). O prefácio do livro é do Papa, que indica algumas dimensões fundamentais da vida do cristão. Algumas passagens do texto de Francisco.
Três palavras para a santidade da vida cotidiana
A vida cristã consiste em se descobrir amados por Deus Pai de maneira incondicional e gratuita. Esta é a boa nova do Evangelho que Jesus nos proclamou e testemunhou "até o fim" (Jo 13: 1), mas que se tornou uma realidade para cada um de nós no dia de Pentecostes (cfr. Atos 2: 1,13) - e no pentecostes pessoal de cada um de nós que é o Batismo - quando o Espírito Santo, o Amor Infinito do Pai por Seu Filho, foi derramado em nossos corações. Somos verdadeiramente amados como o Filho Jesus, verdadeiros filhos do Pai, autênticos irmãos e irmãs uns para os outros.
Acolher esse dom gratuito transforma a vida e, acima de tudo, transforma nosso olhar sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o presente, sobre o passado, e sobretudo, sobre o tempo que nos espera: o amor grande com o qual somos amados (ver Ef 2, 4) se manifesta como aquela luz quente e forte que cobre a vida, a realidade e os relacionamentos. Como em um dia ensolarado a natureza e até mesmo nossas cidades, se tornam mais belas. Assim a fé e a acolhida do amor do Senhor revelam como cada detalhe de nossa existência é precioso, único, irrepetível, apesar dos problemas, dificuldades e nossas inconsistências. É também por esta razão que iniciei a minha exortação apostólica sobre a santidade com este convite, extraído do Evangelho de Mateus (5:12): Gaudete et exultate (alegrem-se e exultem). A alegria, que é certamente diferente da euforia, é o sentimento de um coração banhado pelo amor - mesmo no meio das provações da vida - e é uma das características autênticas da verdadeira santidade, também da pessoa "que vive ao nosso lado".
É uma alegria autêntica, simples, que permite desfrutar a oportunidade de bem que a vida nos oferece, que se manifesta, entre outras coisas, em uma boa refeição compartilhada, em um olhar de compreensão e apoio, e - por que não? - em um brinde de aniversário ou em uma conquista de um amigo... Refiro-me à alegria que se vive em comunhão, a alegria que se compartilha e se participa, porque "se é mais feliz no dar do que no receber" (Atos 20,35). O amor fraterno multiplica a nossa capacidade de alegria, pois nos permite desfrutar do bem dos outros.
Às vezes, porém, até mesmo nós, os cristãos, demostramos não saber ainda alegrar-se verdadeiramente pelas coisas da vida ou porque corremos atrás dos prazeres ocasionais e fugazes, ou vice-versa, porque, encontrando-nos vítimas de um certo rigor, somos tentados a não mudar, deixar as coisas como elas estão, a escolher o imobilismo, impedindo assim a ação do Espírito, que traz consigo a novidade da alegria. A alegria, portanto, é um fruto do discernimento no Espírito Santo, que consiste precisamente na constante arte de preferir o nós ao eu., as pessoas às coisas, apesar dos inumeráveis enganos que o mal e o egoísmo nos tendem.
De fato, essa alegria - que é uma verdadeira graça -, deve ser conservada e protegida, assim como é o caso da fé, das amizades, dos relacionamentos: enfim, como todas as coisas importantes da vida. É uma sábia atitude espontânea que todos temos: quando há algo de valor, afetivo ou econômico, temos um cuidado especial e é correto que seja assim.
A alegria do amor de Deus derramado no coração pelo Espírito Santo se conserva através da sobriedade, que é a capacidade de subjugar o desejo de prazer e satisfação pessoal à medida do que é correto e dos relacionamentos interpessoais. Na verdade, ninguém se salva sozinho, como um indivíduo isolado, mas Deus nos atrai levando em conta a rede complexa de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana.
Este livro contém uma breve homilia de São João Crisóstomo, um Padre da Igreja do século IV, famoso por sua capacidade oratória, sepultado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde ele comenta uma breve passagem da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo, em que ele o convidava a beber "um pouco de vinho, por causa do estômago e das [...] fraquezas frequentes" (1 Tim 5,23). Assim, São João Crisóstomo tem a oportunidade de ensinar aos fiéis que a criação é boa mas é preciso saber aproveitá-la, para descobrir que foi feita para nós, para o nosso bem, como um presente precioso, para que nos descubramos amados e possamos nos alegrar juntos.
Também São Francisco de Assis, que sofria de um mal-estar no estômago, e como os frades do convento não tinham vinho, abençoou um copo de água que milagrosamente se tornou um bom vinho que o ajudou a recuperar as forças.
A sobriedade, então, e a alegria são duas atitudes que eu acredito podem nos ajudar a viver a Quaresma em vista da Páscoa, que é precisamente a celebração da nossa ressurreição com Cristo, nossa vida nova, celebrada uma vez por todas no Batismo, e renovada especialmente em cada Vigília Pascal. O que é a vida de Cristo em nós se não uma vitória do amor sobre os nossos medos e preocupações por nós mesmos, o que nos permite, por sua vez ser um presente, simples e cotidiano, nas pequenas coisas, para o Senhor e para os irmãos? "A comunidade que preserva os pequenos detalhes de amor, onde os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é o lugar da presença do Ressuscitado que vai santificando de acordo com o projeto do Pai".
Foi isso que escrevi na exortação Gaudete et Exultate, quando recordava uma passagem dos escritos de Santa Teresa do Menino Jesus:
Certa noite de inverno, realizava como de costume o meu pequeno serviço [...] ouvi de repente, ao longe, o som harmonioso de um instrumento musical: imaginei um salão bem iluminado, todo esplendente de ouro, jovens elegantemente vestidas que reciprocamente faziam cumprimentos e saudações mundanas; então meu olhar caiu sobre a pobre mulher doente que eu estava ajudando; em vez de uma melodia, às vezes ouvia seus gemidos tristes [...]. Não posso exprimir o que aconteceu em minha alma, o que sei é que o Senhor a iluminou com os raios da verdade que superam o esplendor tenebroso das festas da terra, que não podia acreditar na minha felicidade.
                                                                                                                         Silvonei José
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Na intenção de março,
Francisco pede que fiéis rezem pelos cristãos perseguidos
Em "O Vídeo do Papa" de março, Francisco pede a oração dos fiéis pelos cristãos perseguidos, lá onde a liberdade religiosa e os direitos humanos não estão garantidos.
Cidade do Vaticano “Talvez seja difícil de acreditar, mas hoje há mais mártires do que nos primeiros séculos.” Este é um trecho do “Vídeo do Papa”, que neste mês de março convida os fiéis a rezarem pelas comunidades cristãs perseguidas.
Gestos cotidianos como o sinal da Cruz, ler a Bíblia, participar da Missa aos domingos e rezar o Terço são proibidos em determinadas regiões do mundo.
Segundo o relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo, da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), os cristãos são o grupo mais perseguido do mundo. Este direito fundamental do ser humano se vê ameaçado gravemente em 38 países, 21 dos quais estão classificados como perseguição.
“Em muitos lugares do mundo, a liberdade religiosa não é algo abstrato: é uma questão de sobrevivência. Não se trata de discutir se um ou outro se sente mais ou menos cômodo com as bases ideológicas da liberdade religiosa; trata-se de evitar um banho de sangue!”, recorda Thomas Heine-Geldern, presidente executivo da AIS.
Sutil discriminação
Por sua vez, o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa e do Movimento Eucarístico Jovem, padre Frédéric Fornos SJ, afirma que "a situação dos cristãos perseguidos no mundo nos parece cada dia menos distante e abstrata. São eles, mas poderia ser conosco. Como diz o Santo Padre, mesmo em países que em teoria e na legislação se tutelam a liberdade e os direitos humanos, pode estar presente uma sutil discriminação. "Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem e perseguirem, e disserem falsamente todo tipo de mal contra vós, por causa de mim" (Mateus 5, 11).
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Assista:
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                                                                                                               Fonte: vaticannews.va

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