sexta-feira, 8 de março de 2019

Leituras do

1º Domingo da Quaresma
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 1.ª Leitura: Dt 26,4-10
Livro do Deuteronômio:
Assim Moisés falou ao povo: “O sacerdote receberá de tuas mãos a cesta e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus. Dirás, então, na presença do Senhor teu Deus: ‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso. Os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão.
Clamamos, então, ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia. E o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço estendido, no meio de grande pavor, com sinais e prodígios. E conduziu-nos a este lugar e nos deu esta terra, onde corre leite e mel. Por isso, agora trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor’. Depois de colocados os frutos diante do Senhor teu Deus, tu te inclinarás em adoração diante dele”.
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Salmo: 90
- Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!
- Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!
- Quem habita ao abrigo do Altíssimo/ e vive à sombra do Senhor onipotente,/ diz ao Senhor: “Sois meu refúgio e proteção,/ sois o meu Deus, no qual confio inteiramente”.
- Nenhum mal há de chegar perto de ti,/ nem a desgraça baterá à tua porta;/ pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos/ para em todos os caminhos te guardarem.
Haverão de te levar em suas mãos,/ para o teu pé não se ferir nalguma pedra./ Passarás por sobre cobras e serpentes,/ pisarás sobre leões e outras feras.
- “Porque a mim se confiou, hei de livrá-lo/ e protegê-lo, pois meu nome ele conhece./ Ao invocar-me, hei de ouvi-lo e atendê-lo, e a seu lado eu estarei em suas dores”.
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2ª Leitura: Rm 10,8-13
Carta de São Paulo aos Romanos:
Irmãos: O que diz a Escritura? “A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração”. Essa palavra é a palavra da fé, que nós pregamos.
Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. Pois a Escritura diz: “Todo aquele que nele crer não ficará confundido”.
Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam. De fato, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.
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Evangelho: Lc 4,1-13
Evangelho de São Lucas:
Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome. O diabo disse, então, a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão”. Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’”.
O diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isso foi entregue a mim e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”.
Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’”.
Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!’ E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”.
Jesus, porém, respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”. Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno.
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Reflexão:
A Vencer as tentações
“A Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração”(cf. Rm 10,8)
No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência dessas “tentações” que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.
Eis que começa o tempo da Quaresma, Tempo em que o Senhor nos chama à conversão, a mudanças de atitudes, a nos preparamos para a Semana Santa, com a Páscoa do Ressuscitado. É o Espírito Santo quem nos conduzirá neste caminho quaresmal, grande retiro, nesta peregrinação no deserto, rumo à Páscoa.
Dom Eurico dos Santos Veloso
A primeira leitura (cf. Dt 26,4-10) convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental. Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da autossuficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade, de desgraça e de morte.
O Evangelho (cf. Lc 4,1-13) apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus. Lucas sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo, mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passava por manifestações espetaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor. É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus. O Espírito Santo foi quem dirigiu Jesus pelo deserto e foi ele quem o orientou diante das tentações. A nós, que desejamos celebrar e viver a Páscoa do Senhor com intenso júbilo espiritual, é proposto, pelo Espírito, o mesmo itinerário. Nele não faltarão as tentações, porque, como se diz, a vida é uma luta. Jesus mesmo lutou e nos ensina, com o seu exemplo, como devemos combater às tentações: Ele constatou a verdade do que nos disse São Paulo na segunda leitura: “a Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração” (cf. Rm 10,8). Com a Palavra de Deus, Jesus venceu as armadilhas do diabo. Também nós, ao adentrarmos ao deserto, devemos saber que a Palavra de Deus é a única “bússola” confiável. No deserto, as referências se diluem e nos é extremamente difícil, senão impossível, distinguir um “monte de areia” de outro “monte de areia”. Somente a Palavra de Deus e a condução do Espírito Santo poderão nos levar à terra prometida da Páscoa do Senhor. O deserto é árido, o diabo é ardiloso, mas tenhamos confiança, “pois a Escritura diz: ‘Todo aquele que nele crer não ficará confundido’” (cf. Rm 10,11). Não estamos sozinhos. Jesus foi à nossa frente e está a nos conduzir no caminho certo rumo à Páscoa, àquele dom de vida do qual emana “leite e mel”.
Jesus não está só no deserto, é aí que Ele se entretém com seu Pai e, duas vezes, Lucas precisa que o Espírito Santo acompanha Jesus, que está cheio do Espírito Santo e é por Ele conduzido. O tentador é forte, apanha Jesus nos seus próprios terrenos. Se Ele é Filho de Deus, diz-lhe o demônio, Ele é o criador, a Palavra que tudo criou. Então pode mudar as pedras em pão. Jesus recorda-lhe que o verdadeiro alimento é a Palavra de Deus. Se Jesus é Aquele que veio instaurar um Reino novo, diz-lhe o tentador, então tem necessidade de poder e de glória. Jesus não tomará o poder pela força, menos ainda afastando-Se do seu Pai. O seu Reino é precisamente o de seu Pai que só merece ser adorado. Se Jesus é o Filho de Deus, diz-lhe Satanás, pode manifestar a sua divindade através de prodígios que ultrapassam os homens, só os anjos se Lhe podem submeter. Jesus veio revelar o verdadeiro rosto de Deus, cujo único poder é a força do amor. Qualquer outra imagem é uma caricatura, um ídolo. Pedir-lhe que não seja senão amor, é pô-l’O à prova. Com o Espírito Santo, Jesus resiste às tentações. E se o demônio se afasta até ao momento fixado, quando este momento vier, Jesus será ainda o grande vencedor sobre o Maligno.
A segunda leitura (cf. Rm 10,8-13) convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e autossuficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois, “converter-se” a Jesus, isto é, reconhecê-l’O como o “Senhor” e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.
                    Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
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