quinta-feira, 21 de março de 2019

O Magistério dos Papas

sobre a realidade do demônio
É um tema frequente no magistério da Igreja. Em uma memorável Audiência Geral de 1972, Papa Paulo VI dedicou uma catequese sobre a realidade pessoal do Maligno, que uma certa cultura dominante, teria a tendência a negar. Enquanto todos os Papas do passado insistiram na necessidade de olhar o Satanás de frente para poder combatê-lo.
Jesus tentado pelo demônio no deserto
Cidade do Vaticano - Do “pai da mentira” falou recentemente, brincando mas não muito, Papa Francisco no seu encontro com as crianças da paróquia romana de São Crispim de Viterbo, no domingo, 3 de março.
Pai da mentira
“O diabo existe sim, é verdade, ele é o nosso maior inimigo. É aquele que procura nos derrotar na vida. É o que coloca nos nossos corações desejos maus, pensamentos feios e nos leva a fazer coisas ruins, as muitas coisas ruins que têm a vida, chegando até às guerras. (…) como podemos nos comportar para nos defendermos destas agressões do diabo, que é o dono do mundo? Antes de tudo com a oração. (…) Por isso é preciso rezar a Jesus para que afaste o diabo de nós, para que não deixe que ele se aproxime de nós. Vocês sabem qual é a maior qualidade do diabo? Porque ele tem qualidade: é muito inteligente, mais inteligente do que os teólogos! É inteligente e essa é uma qualidade. Mas a qualidade que mais aparece no diabo e melhor se exprime é que é um mentiroso. (…) No Evangelho é chamado de pai da mentira”.
Itinerário quaresmal
A Quaresma é o período ideal para não se esquecer do Maligno, com o pensamento a Jesus que no deserto pôde enfrentá-lo.  João Paulo II em 26 de fevereiro de 2004, por ocasião do encontro com os párocos romanos disse: 
“Enquanto empreendemos o itinerário quaresmal, olhemos a Cristo que jejua e luta contra o diabo. (…) Nós também, como Cristo, somos chamados a uma luta forte e decidida contra o demônio”.
Como nos recordou Papa Francisco no Angelus do primeiro domingo da Quaresma, em 10 de março passado, “com o diabo não se dialoga, não se deve dialogar, só se lhe responde com a Palavra de Deus”.
“Há um aspecto sobre a qual gostaria de chamar a atenção, algo interessante. Jesus ao responder ao tentador não entra em diálogo, mas responde aos três desafios só com a Palavra de Deus”
Representações do Maligno
O que faz do diabo um grande perigo a ser enfrentado somente com as nossas forças é a sua capacidade de se mimetizar, a insconstância que reforça o seu poder enganador.
De fato em cada época há o diabo que corresponde melhor aos seus pesadelos. Na Idade Média era representado ingenuamente como um bode maléfico com o rabo pontudo, na metade do século XX sua imagem era de uma nuvem de cogumelo atômico. Depois veio o período da negação da sua existência. Era o tempo do materialismo, do relativismo, dos ateísmos de estado, do niilismo: se não existe Deus, não deve existir seu antagonista. Mas que o homem negue a existência do diabo é o sucesso mais estrepitoso do próprio diabo.
Na memorável audiência de 15 de novembro de 1972, Paulo VI alude ao demônio ao recordar a dura e triste realidade daquela época italiana.
“Não é dito que cada pecado seja diretamente causado por uma ação diabólica (…) mas também é verdade que quem não vigia com certo rigor moral sobre si mesmo (…) se expõe à influência do mysterium iniquitatis, ao qual São Paulo se refere (…), e que torna problemática a alternativa da nossa salvação”
O Maligno existe
Enquanto que João XXIII tinha identificado esta “conspiração do descaso”, a necessidade de negar a existência do Maligno, fingindo que não exista. Em 1959, na conclusão do ano centenário das aparições de Lourdes disse:
“Queridos filhos, como em outros tempos da história se adensaram nuvens no horizonte que colocaram em agitação almas, famílias e povos, assim agora, vive-se na angústia e no medo: especialmente para muitos que infelizmente fidem et spem non habent, não têm fé nem esperança. Muitos pensam em inebriar-se e esquecer. Mas a realidade está diante dos olhos de todos, e este acúmulo de desordens morais e de esforços imaturos e sacrilégios de se opor à soberania divina, à santa lei do Decálogo e do Evangelho é algo deplorável: assim como cresce a aversão à diária e despreocupada falsificação da verdade, da liberdade e da justiça através dos órgãos muitas vezes nefastos da opinião pública”.
Olhar o mal de frente continua sendo a tarefa mais gravosa para o homem do final do milênio, que continua a preferir o desdém, o enleio, acomodar-se nos lugares da não virtualidade, onde tudo parece neutro, nem bom nem mau. Mas somente perecem … São expressões de João Paulo II durante a sua visita à Puglia em 24 de maio de 1987:
“Esta luta contra o Demônio, que caracteriza a figura do Arcanjo Miguel é atual também hoje, porque o Demônio está vivo e agindo no mundo. De fato, o mal que está nele, a desordem que se encontra na sociedade, a incoerência do homem, a fratura interior da qual é vítima não são apenas consequências do pecado original, mas também efeitos da ação infestadora e obscura de Satanás, que insidia o equilíbrio moral do homem”
Terrorismo novo vulto do demônio
Nos primeiros anos do novo milênio as chamas do Inferno aparecem através do terrorismo. As torres gêmeas, atentados em Paris, Berlim, Bruxelas, a perseguição muitas vezes silenciosa de tantos cristãos no mundo…
Bento XVI durante sua viagem ao Líbano em 2012 recorda que devemos mudar a rota:
“Devemos estar bem cientes de que o mal não é uma força anônima que atua no mundo de forma impessoal ou determinista. O mal, o demônio, passa através da liberdade humana, através do uso da nossa liberdade; procura um aliado, o homem: o mal precisa dele para se espalhar. E assim, depois de ter violado o primeiro mandamento, o amor a Deus, vem para perverter o segundo, o amor ao próximo. Com ele, o amor ao próximo desaparece, deixando o lugar à mentira e à inveja, ao ódio e à morte. Mas é possível não se deixar vencer pelo mal, e vencer o mal com o bem (…).
Somos chamados a esta conversão do coração; sem ela, as 'libertações' humanas tão desejadas decepcionam, porque se movem no espaço reduzido que lhes concede a mesquinhez do espírito do homem, a sua dureza, as suas intolerâncias, os seus favoritismos, os seus desejos de vingança e os seus instintos de morte. É necessária a transformação nas profundezas do espírito e do coração para reencontrar uma certa clarividência e imparcialidade, o sentido profundo da justiça e do bem comum”.
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                                                                                                               Fonte: vaticannews.va

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