XXVI Domingo do Tempo Comum
A vida, por vezes, nos coloca em situações difíceis e
dolorosas. Temos, então, o hábito de culpar alguém e, nessa busca de encontrar
um culpado, chegamos a Deus, já que nos sentimos imunes de qualquer culpa.
Mas o que diz a
Sagrada Escritura a respeito disso?
O vasto mundo com seus grandes desafios é nosso campo de ação |
No Livro de
Ezequiel, primeira leitura da liturgia deste domingo, fala da responsabilidade
individual nas vicissitudes da vida. Os membros do povo eleito estavam
acostumados a jogar a culpa no grupo ou nos antepassados e se sentirem
individualmente injustiçados por pagarem a culpa da coletividade. Até dizem: “A
conduta do Senhor não é correta”. O Profeta Ezequiel vai em defesa do Senhor
dizendo que o Senhor não quer a morte do pecador, pois Ele é vida e, muito pelo
contrário, o Senhor oferece a seu povo a oportunidade de um recomeço. Deus
sempre está disposto a ajudar aqueles que, se convertendo, reconstroem a
própria vida. “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o
direito e a justiça, conserva a própria vida; não morrerá,” nos fala a leitura.
No Evangelho,
vemos nos dois filhos ali retratados, as pessoas que acolhem a Palavra de Deus,
mas nada fazem depois, e aqueles que a rejeitam inicialmente, mas que depois
vão e fazem tudo de acordo com o coração do Senhor.
De que grupo
fazemos parte?
Fomos batizados,
ou seja, através de nossa própria língua ou da de nossos padrinhos, professamos
a fé em Deus e prometemos obedecer seus mandamentos de amor. É isso que vivemos
no nosso dia a dia? Até onde nosso egocentrismo foi batizado? Amar é sair de
si, a partir de onde o egoísmo começa a mostrar suas raízes e seus brotos.
Como vemos, em
nós existe o filho mais novo, que não era de natureza acolhedora aos desejos do
Pai, mas que se converteu e passou a caminhar unido ao seu coração. Contudo, como
ainda estamos nesta vida e somos a toda hora bombardeados por apelos contrários
à nossa opção fundamental e vemos que muitas vezes caímos, observamos que em
nós subsiste o filho mais velho, que disse sim ao Pai, mas que depois faz o que
o desagrada.
Concluímos vendo
que a atitude de permanente conversão, de estado contínuo de exame de
consciência e disposição para se levantar, deve estar presente em toda nossa
vida.
Somos
responsáveis por nossos atos, mesmo que tenhamos consciência de que somos
frutos da família e da sociedade, enfim, de nosso mundo. Temos a capacidade de
romper com o passado e caminhar em direção a Deus e aos irmãos. Se nos sentimos
fracos, a graça de Deus nos fortalece. O humilde, aquele que não conta com seus
dons, mas reconhece seus pecados e sua debilidade, esse triunfará porque abre,
em sua vida, espaço para Deus, e Deus é vida, Deus é amor.
Pe. Cesar
Augusto dos Santos, S.J.
Fonte: radiovaticana.va Ilustração: semeandorccpdf.blogspot.com.br
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