Enviado por Cristo para confirmar na fé os católicos albaneses e exaltar a convivência inter-religiosa
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco iniciou, na manhã deste domingo, 21, a
sua IV Viagem Apostólica internacional, que o levou à Albânia.
O Bispo de Roma
deixou o Vaticano, de helicóptero, às 7.30 hs, hora local, dirigiu-se ao
aeroporto internacional de Fiumicino, onde foi saudado pelo bispo local, Dom
Gino Reali, e embarcou para Tirana, capital da Albânia, onde chegou após uma
hora e trinta minutos de voo.
Peregrino do amor e da paz |
Em vista desta
quarta viagem internacional, o Pontífice se dirigiu, à Basílica romana de Santa
Maria Maior, na noite da última quinta-feira, 18, para rezar, diante do ícone
mariano mais venerado em Roma, Salus Populi Romani, Salvação do Povo
Romano, pelo bom êxito da sua viagem.
Assim, o
Sucessor de Pedro, partiu para mais uma etapa internacional, a fim de levar sua
mensagem de paz, amor, reconciliação e fraternidade aos povos da terra.
Como faz,
habitualmente, durante suas viagens apostólicas, o Pontífice enviou um
telegrama aos governantes dos países, sobre os quais sobrevoa, neste caso ao da
Itália, Presidente Giorgio Napolitano, ao qual fez uma cordial saudação,
desejando paz e serenidade a toda população italiana.
Banner de boas-vindas |
Durante o voo, o
Papa Francisco manteve um breve colóquio com os cerca de 50 jornalistas
credenciados, que o acompanhavam na viagem, que representam de dez países e
diversos meios de comunicação internacionais: imprensa, agências de notícias,
televisões, rádios, fotógrafos.
A convite do
Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Santo Padre
falou sobre esta viagem internacional, que o leva à Albânia:
“Esta,
certamente, não será uma viagem de descanso. No entanto, agradeço a vocês pela
preciosa ajuda, porque as pessoas e o mundo, através de vocês, sabem o que o
Papa faz e o que as Igrejas estão fazendo, de modo particular, aquela na
Albânia. Este é um país que sofreu muito. Quantos sofrimentos! Mas, por outro
lado, este é um país que conseguiu encontrar a paz, não obstante as diferenças
religiosas. Este é um belo sinal para o mundo: o diálogo, a paz e o equilíbrio,
que favorece a boa convivência. Mais uma vez, obrigado pela colaboração de
vocês, e rezem por mim”! (MT)
Papa na
cerimônia de boas-vindas em Tirana:
“liberdade, diálogo e convivência
pacífica ”
Tirana (RV) -
O Presidente da República da Albânia, Bujar Nishani, pronunciou seu discurso de
boas-vindas ao Papa Francisco, o qual, por sua vez, agradeceu ao Presidente
pelas amáveis palavras, em nome dos presentes e de toda a nação.
Em seu discurso,
o Bispo de Roma saudou os presentes e expressou sua “imensa alegria de estar na
nobre terra da Albânia: terra de heróis, que sacrificaram a vida pela
independência do país; terra de mártires, que testemunharam a sua fé nos tempos
difíceis de perseguição.
Papa e o Presidente da Albânia |
E, ao agradecer
o convite de visitar a Albânia, chamada “terra das águias”, e a calorosa recepção
festiva, o Pontífice disse:
“Passou quase um
quarto de século desde que a Albânia reencontrou o caminho árduo, mas
emocionante, da liberdade. Esta permitiu à sociedade albanesa empreender um
percurso de reconstrução material e espiritual, pôr em movimento tantas
energias e iniciativas, abrir-se à colaboração e a permutas com os países
vizinhos dos Balcãs e do Mediterrâneo, da Europa e do mundo inteiro. A
liberdade reencontrada permitiu-lhes olhar para o futuro com confiança e
esperança, iniciar projetos e tecer de novo relações de amizade com nações
vizinhas e distantes”.
Na realidade, o
respeito dos direitos humanos, entre os quais sobressai a liberdade religiosa e
a liberdade de expressão do pensamento - disse o Papa - é condição preliminar
para o próprio progresso econômico e social de um país. Quando a dignidade do
homem é respeitada e os seus direitos são reconhecidos e garantidos, florescem
também a criatividade e a audácia, podendo a pessoa humana criar inúmeras
iniciativas em prol do bem comum. E o Pontífice acrescentou:
“Alegro-me, de
modo particular, por uma característica feliz da Albânia, que deve ser
preservada com todo zelo e atenção: a convivência pacífica e a colaboração
entre os membros das diferentes religiões. O clima de respeito e mútua
confiança entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um bem precioso para o país
e adquire uma relevância especial, neste nosso tempo, no qual é deturpado, por
parte de grupos extremistas, o autêntico sentido religioso; são distorcidas e
manipuladas as diferenças entre as várias confissões, fazendo delas um perigoso
fator de conflito e violência, em vez de ocasião de diálogo aberto e respeitoso
e de reflexão comum sobre o que significa crer em Deus e seguir a sua lei”.
Dia histórico e festivo na Albânia |
Ninguém, -
advertiu o Pontífice - pense de poder ter Deus como escudo, enquanto projeta e
comete atos de violência e vexação! Ninguém aproveite da religião como pretexto
para as suas ações, contrárias à dignidade do homem e aos seus direitos humanos
fundamentais, principalmente o direito à vida e à liberdade religiosa! O que
está acontecendo aqui na Albânia – acrescentou - demonstra, pelo contrário, que
a convivência pacífica e fecunda entre pessoas e comunidades pertencentes a
diferentes religiões é não só desejável, mas também concretamente possível e
realizável. E o Papa continuou:
“A convivência
pacífica entre as várias comunidades religiosas é, efetivamente, um bem
inestimável para a paz e o desenvolvimento harmonioso de um povo. Trata-se de
um valor que deve ser defendido e incrementado, a cada dia, através da educação
ao respeito das diferenças e das identidades específicas, abertas ao diálogo e
à cooperação, para o bem de todos, através do exercício do conhecimento e da
estima recíprocos. Este é um dom que se deve pedir, incessantemente, ao Senhor
na oração. Que a Albânia possa continuar sempre por esta estrada, tornando-se
um exemplo de inspiração para tantos países!
O Bispo de Roma
continuou seu discurso dizendo: “Depois do inverno do isolamento e das
perseguições, chegou, finalmente, a primavera da liberdade -. Através de
eleições livres e novos ordenamentos institucionais, consolidou-se o pluralismo
democrático, e isto favoreceu também a retomada das atividades econômicas”.
“Muitos,
especialmente no início, motivados pela busca de trabalho e de melhores condições
de vida, tomaram o caminho da emigração e contribuem, à sua maneira, para o
progresso da sociedade albanesa, enquanto outros redescobriram as razões para
permanecer na pátria e construí-la a partir de dentro. As fadigas e os
sacrifícios de todos cooperaram para a melhoria das condições gerais”.
Por outro lado,
- afirmou o Santo Padre – “a Igreja Católica pôde voltar a uma vida normal,
reconstituindo a sua hierarquia e reatando os fios de uma longa tradição. Foram
edificados ou reconstruídos lugares de culto, entre os quais sobressai o
Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho em Escútari; foram fundadas escolas
e importantes centros de educação e de assistência, postos à disposição de toda
a população. Por isso, a presença da Igreja e a sua atividade são vistas,
justamente, como um serviço à nação inteira, e não apenas à comunidade
católica”.
Neste contexto,
o Bispo de Roma recordou a bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá, que, junto
com os mártires, deu heróico testemunho da sua fé. A eles o Papa expressou seu
mais alto reconhecimento: “Eles se alegram no Céu pelo empenho dos homens e
mulheres de boa vontade, que fazem reflorescer a sociedade e a Igreja na
Albânia”.
Ao término do
seu discurso, o Pontífice advertiu para os novos desafios, que se apresentam ao
país e que aguardam respostas concretas. “Em um mundo, que tende à globalização
econômica e cultural, - afirmou o Papa - é preciso fazer todo o esforço
possível para que o crescimento e o progresso sejam possíveis em prol de todos
e não apenas de uma parte da população. Além disso, tal progresso só será
autêntico se for também sustentável e equitativo, isto é, se tiver bem presente
os direitos dos pobres e o respeito do meio ambiente. E deixou sua exortação
final:
“A globalização
dos mercados deve ser correspondida com a globalização da solidariedade; o
crescimento econômico deve ser acompanhado por um maior respeito pela criação;
além dos direitos individuais, devem ser tutelados também os direitos das
realidades intermédias, entre o indivíduo e o Estado, dando particular ênfase à
família. Hoje a Albânia pode enfrentar estes desafios em um contexto de
liberdade e estabilidade, que deve ser consolidado e que permita olhar para o
futuro com esperança”.
O Papa Francisco
concluiu seu discurso de boas-vindas à Albânia, agradecendo, cordialmente, a
todos pela delicada hospitalidade e invocando sobre o país, - como fez São João
Paulo II, em abril de 1993 - a proteção de Maria, Mãe do Bom Conselho,
confiando-lhe as esperanças de todo o povo albanês. (MT)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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