Festa da
Dedicação da Basílica do Latrão
Neste Domingo,
celebramos a Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, conhecida
como “a Mãe de todas as Igrejas da Urbe e do Orbe”. Esta Igreja é a Catedral da
Diocese de Roma, cujo bispo é o Papa. Construída no século IV pelo Papa
Silvestre I e o Imperador Constantino em honra de Cristo Salvador, a Festa de
hoje nos ajuda a entender a natureza e missão da Igreja. Além disso, esta festa
expressa a unidade da Igreja Universal em torno da Sé Apostólica, contemplando
a Igreja como templo vivo de Deus, lugar onde Ele habita e de onde jorra a vida
abundante para o mundo.
Primeira Leitura
(Ezequiel 47,1-2.8-9.12): Ezequiel contempla uma água que brota do templo,
crescendo progressivamente de um pequeno fio para um rio profundo. Esta água
transforma o Mar Morto em águas doces e cheias de vida, enquanto em suas
margens crescem árvores frutíferas que produzem folhas para medicina e frutos
para alimento durante todos os meses. Simbolicamente, representa Deus como
fonte de vida, cura e restauração que flui através da Igreja para alcançar cada
vez mais pessoas e lugares.
Segunda Leitura
(1 Coríntios 3,9c-11.16-17): São Paulo revela que o verdadeiro templo de
Deus não é feito de pedras, mas somos nós mesmos. Estabelece que nossa
identidade cristã é edificada sobre um alicerce único: Jesus Cristo. A
advertência é severa: “Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá”,
revelando nossa responsabilidade como membros do Corpo de Cristo. Não somos
somente beneficiários da graça divina, mas seus templos vivos e
cooperadores.
Evangelho (João
2,13-22): Jesus expulsa os comerciantes do Templo, purificando-o
profeticamente. Declara: “Não façais da casa de meu Pai casa de comércio!”,
demonstrando zelo pela santidade. Quando questionado sobre sua autoridade,
responde referindo-se ao “templo do seu corpo”, revelando-se como o novo Templo
definitivo onde Deus habita entre os homens.
Considerações
Práticas para a Vida Cristã
Purificação
Interior: Somos chamados a identificar elementos que contaminam nossa
relação com Deus, transformando-a num “comércio” religioso. A purificação que
Jesus propõe é renovadora, não destruidora, pedindo que identifiquemos o que
impede nossa transparência diante de Deus.
Responsabilidade
de ser Templo Vivo: Tomar consciência de nossa identidade como templo de
Deus implica uma responsabilidade tremenda. Cada ação nossa pode edificar ou
destruir este templo. Devemos cuidar de nossa vida espiritual e moral, sendo
transparentes e coerentes com a presença do Espírito Santo que habita em
nós.
Urgência da
Comunhão Eclesial: Nossa responsabilidade não se limita à vida pessoal,
mas se estende à edificação do Corpo de Cristo. Devemos ser instrumentos de
unidade, paz e comunhão, evitando personalismos, divisões e críticas
destrutivas que comprometem a santidade da casa de Deus.
Esperança da
Vida Nova: Como Ezequiel, somos chamados a ser canais da vida divina para
o mundo. Nossa santidade pessoal deve irradiar-se como luz, nossa caridade deve
transformar tudo o que toca. Esta exigência não deve intimidar, mas animar,
sabendo que cooperamos com o Espírito Santo, verdadeiro artífice de nossa
santidade.
Conclusão
A celebração da
Dedicação da Basílica do Latrão é um convite à renovação espiritual,
purificação do coração e tomada de consciência de nossa identidade como templo
de Deus. É chamado à responsabilidade pela edificação da Igreja e à esperança
de que, através de nossa cooperação com o Espírito Santo, podemos ser
instrumentos da vida divina para um mundo que busca significado e esperança.
Que esta festa nos encontre dispostos a abrir nosso coração à ação purificadora
de Cristo e a deixar que a graça de Deus flua por meio de nós como água-viva
que traz cura e vida nova para todos.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller - Bispo de Frederico Westphalen (RS)
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