domingo, 23 de novembro de 2025

Papa Leão no Jubileu dos Coros neste domingo:

"Em Cristo, nos tornamos cantores da graça"

No Jubileu dos Coros, Leão XIV recorda que a música litúrgica é um instrumento precioso através do qual se presta o serviço de louvor a Deus e se manifesta a alegria da Vida nova em Cristo.

Na Solenidade de Cristo Rei do Universo, o Papa Leão presidiu à Santa Missa na Praça São Pedro por ocasião do Jubileu dos Coros, com a presença de 60 mil fiéis. E foi justamente o canto o elemento principal da homilia do Santo Padre.

“O canto é próprio de quem ama”

"As grandes civilizações nos deram a música para que pudéssemos expressar o que sentimos no fundo do coração e que nem sempre as palavras conseguem transmitir", afirmou o Pontífice, acrescentando que todos os sentimentos e emoções que nascem no nosso íntimo podem encontrar voz na música. Como lembra Santo Agostinho: “o canto é próprio de quem ama”.

Para o Povo de Deus, o canto expressa a invocação e o louvor, é o “cântico novo” que Cristo Ressuscitado eleva ao Pai, fazendo com que todos os batizados participem dele. Quem canta na igreja, contribui para a edificação espiritual dos irmãos, afirmou Leão XIV:

“Em Cristo, tornamo-nos cantores da graça, filhos da Igreja que encontram no Ressuscitado a causa do seu louvor. A música litúrgica torna-se assim um instrumento preciosíssimo através do qual prestamos o serviço de louvor a Deus e manifestamos a alegria da Vida nova em Cristo.”

O Papa citou novamente o Bispo de Hipona, que exotava a caminhar cantando, como viajantes afadigados, que encontram no canto uma antecipação da alegria que sentirão quando alcançarem o seu destino. "Canta, mas caminha […] avança no bem» (Sermo 256, 3)", escrevia ele. Com efeito, fazer parte de um coro significa avançar juntos, consolando nos sofrimentos, exortando para não ceder ao cansaço. Cantar, disse o Santo Padre, nos lembra que "somos Igreja em caminho, autêntica realidade sinodal, capaz de partilhar com todos a vocação ao louvor e à alegria, numa peregrinação de amor e esperança".

Coral na Praça São Pedro (@Vatican Media)

Preparação, fidelidade, disciplina e espírito de serviço

Dirigindo-se diretamente aos membros dos coros, o Papa afirmou que se trata de um verdadeiro ministério, que exige preparação, fidelidade, compreensão mútua e, acima de tudo, uma vida espiritual profunda. Mas não só, requer ainda disciplina e espírito de serviço. O coro é uma comunidade, ninguém está à frente, mas todos contribuem para torná-la mais unida. Para o Pontífice, o coro é um pouco um símbolo da Igreja que, voltada para o seu destino, caminha na história louvando a Deus. O canto torna a viagem mais leve e traz alívio e consolo.

O convite, portanto, é para transformar os coros num "prodígio de harmonia e beleza", imagem luminosa da Igreja que louva o seu Senhor. Leão XIV pediu que estudem o Magistério contido nos documentos conciliares, de modo a desempenhar da melhor forma o serviço. Acima de tudo, a exortação é para fazer com que o povo de Deus participe sempre, "sem ceder à tentação da exibição que exclui a participação ativa de toda a assembleia litúrgica no canto". Assim, serão um sinal eloquente da oração da Igreja, que através da beleza da música, demonstra o seu amor a Deus. 

O Papa concluiu confiando todos os cantores à proteção de Santa Cecília, a virgem e mártir que, em Roma, elevou com a sua vida o mais belo canto de amor, entregando-se totalmente a Cristo e oferecendo à Igreja o seu luminoso testemunho de fé e amor. "Continuemos cantando e façamos nosso, uma vez mais, o convite do Salmo responsorial da liturgia de hoje: «Vamos com alegria para a casa do Senhor»."

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Assista:

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In unitate fidei:

a Carta Apostólica de Leão XIV sobre o Concílio de Niceia

O novo Documento do Papa, divulgado na Solenidade de Cristo Rei, destaca a centralidade do Credo, o valor da unidade cristã e prepara espiritualmente a Viagem Apostólica do Pontífice à Turquia.

O Papa Leão XIV publicou, neste domingo, 23 de novembro, Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, a Carta Apostólica "In unitate fidei", por ocasião dos 1700 anos do Concílio de Niceia. O texto, apresentado às vésperas da Viagem Apostólica do Pontífice à Turquia, traz como um forte apelo à renovação da fé e à unidade dos cristãos.

Dividido em doze pontos, o documento tem por objetivo, segundo o próprio Papa, “encorajar toda a Igreja a renovar seu entusiasmo pela profissão de fé”. A Carta coloca em destaque a herança espiritual e doutrinal deixada pelo Concílio de 325, evento decisivo na formulação do Credo professado por todas as tradições cristãs.

LEIA A CARTA APOSTÓLICA DO PAPA NA ÍNTEGRA

“Na unidade da fé”: um chamado para todos

Logo no início, o Papa recorda que “na unidade da fé, proclamada desde os primórdios da Igreja, os cristãos são chamados a caminhar em concórdia, guardando e transmitindo com amor e alegria o dom recebido”. Em seguida, Leão XIV retoma as palavras do Credo formulado em Niceia — “Cremos em Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, que desceu do céu para a nossa salvação” — como fundamento permanente da identidade cristã.

Ao situar a Carta no contexto do Ano Santo de 2025, dedicado a Jesus Cristo, nossa esperança, o Papa afirma ser uma “coincidência providencial” que a Igreja comemore também o aniversário do primeiro Concílio Ecumênico. O núcleo da fé cristã — a divindade do Filho — permanece, segundo ele, atual e necessário para os tempos marcados por guerras, incertezas e sofrimento humano. E ao lembrar que, em cada domingo, a Igreja proclama o Credo Niceno-Constantinopolitano, “profissão de fé que une todos os cristãos”, o Pontífice sublinha que, diante das provações do mundo, “a fé nos dá esperança”.

“O que nos une é muito mais do que o que nos divide”

A Carta dedica ampla atenção ao diálogo entre os cristãos. O Pontífice reafirma que o caminho ecumênico, sustentado pelo batismo comum e pelo Credo de Niceia, permitiu reconhecer nas demais tradições nossos irmãos e irmãs em Jesus Cristo. “Realmente, o que nos une é muito mais do que o que nos divide”, observa o Papa, “num mundo ferido por conflitos”, a comunidade cristã pode tornar-se “sinal de paz e instrumento de reconciliação, contribuindo de forma decisiva para um compromisso mundial pela paz”.

“Para podermos desempenhar este ministério de forma crível, devemos caminhar juntos para alcançar a unidade e a reconciliação entre todos os cristãos. (...) Devemos, portanto, deixar para trás as controvérsias teológicas, que perderam a sua razão de ser, para adquirir um pensamento comum e, mais ainda, uma oração comum ao Espírito Santo, para que nos reúna a todos numa única fé e num único amor.”

Caminho de reconciliação, escuta e acolhimento

Leão XIV insiste que o ecumenismo não busca um “retorno” a situações prévias às divisões, nem a mera aceitação do status atual das Igrejas. Trata-se, ao contrário, de um caminho de reconciliação, escuta, acolhimento e intercâmbio de dons espirituais. A restauração da unidade, afirma, “não nos torna mais pobres; ao contrário, nos enriquece”.

“Tal como na Niceia, este objetivo só será possível através de um caminho paciente, longo e, por vezes, difícil de escuta e acolhimento recíproco. Trata-se de um desafio teológico e, mais ainda, de um desafio espiritual, que exige arrependimento e conversão da parte de todos. Por isso, precisamos de um ecumenismo espiritual de oração, louvor e culto, como aconteceu no Credo de Niceia e Constantinopla.”

Oração ao Espírito Santo 

A Carta conclui com uma oração do Papa Leão ao Espírito Santo, para que Ele possa acompanhar e guiar o caminho da unidade cristã, e reunir a Igreja no único rebanho de Cristo: 

“Santo Espírito de Deus, Vós guiais os fiéis no caminho da história (…) e, de época em época rejuvenesceis a fé da Igreja. Ajudai-nos a aprofundá-la e a voltar sempre ao essencial para a anunciar. (...) Vinde, divino Consolador, Vós que sois a harmonia, para unir os corações e as mentes dos crentes. Vinde e dai-nos o prazer da beleza da comunhão. Vinde, Amor do Pai e do Filho, para nos reunir no único rebanho de Cristo. Mostrai-nos os caminhos a seguir, para que, com a vossa sabedoria, voltemos a ser o que somos em Cristo: uma só coisa, para que o mundo acredite. Amém.”

Thulio Fonseca - Vatican News

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                                             Fonte: vaticannews.va  Fotos e vídeo: (@Vatican Media

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