Leitura do livro de Malaquias
Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, diz o Senhor dos exércitos, tal que não lhes deixará raiz nem ramo. Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas.
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Responsório: Sl 97
— O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará.
— O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará.
— Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa/ e da cítara suave!/ Aclamai, com os clarins e as trombetas,/ ao Senhor, o nosso Rei!
— Aplauda o mar com todo ser que nele vive,/ o mundo inteiro e toda gente!/ As montanhas e os rios batam palmas/ e exultem de alegria.
— Exultem na presença do Senhor, pois ele vem,/ vem julgar a terra inteira./ Julgará o universo com justiça/ e as nações com equidade.
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2ª Leitura: 2Ts 3,7-12
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém. Não que não tivéssemos o direito de fazê-lo, mas queríamos apresentar-nos como exemplo a ser imitado.
Com efeito, quando estávamos entre vós, demos esta regra: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer”.
Ora, ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada. Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a estas pessoas que, trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão.
Algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa. Então Jesus disse: «Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.» Eles perguntaram: «Mestre, quando vai acontecer isso?
Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?» Jesus respondeu: «Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo já chegou’. Não sigam essa gente. Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim.» E Jesus continuou: «Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu.»
«Mas, antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso acontecerá para que vocês deem testemunho. Portanto, tirem da cabeça a ideia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês. E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome. Mas não perderão um só fio de cabelo. É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!»
O fim de uma era
Com o ano 2000, o fim do mundo não chegou… Nem com o ataque contra o centro comercial de Nova York em 2001. No evangelho, Jesus anuncia a destruição de Jerusalém e do seu magnífico templo. Para muitos judeus, dizer isso era a mesma coisa que anunciar o fim do mundo. Jesus, porém, não considera isso o fim do mundo, mas um sinal de que tudo passa, mesmo o sistema religioso mais venerado, a civilização mais preciosa. Só não passa o que ele ensina por sua vida e sua palavra. “Minha palavra não passará”. Para os cristãos, as vicissitudes da queda de Jerusalém significam um tempo de provação, mas também de testemunho. Na firmeza da fé, ganharão a vida eterna.
Ora, não podemos negar que estamos seriamente confrontados com a possibilidade do fim de uma civilização. As armas de guerra, a poluição, a depredação da natureza, a incontrolabilidade da própria ciência… são bombas-relógio que podem explodir a qualquer hora. Contudo, não são razão de desespero. O cristão há de ver em tudo isso um desafio para a sua firmeza. “O mundo pode cair aos pedaços, mas eu não vou desistir daquilo que Jesus me ensinou”, assim é que devemos falar.
Certos cristãos, de mentalidade muito individualista, dizem: “A sociedade como tal já não pode ser salva; o único que podemos fazer é cada qual salvar sua alma”. Tal atitude é irresponsável. Exatamente diante da ameaça do colapso de nossa civilização é que devemos engajar-nos para construir desde já o início de uma nova civilização, mais justa e mais fraterna, mais respeitosa também para com as possibilidades que Deus colocou nas mãos do ser humano. Assim fizeram os primeiros cristãos. Diante dos ameaçadores sinais dos tempos, não cruzaram os braços (cf. a 2ª leitura), mas construíram as suas comunidades que, depois da desintegração do mundo de então, se tornaram semente de uma nova era aqui na terra, além de abrirem as portas para a vida com Deus na eternidade.
Conta-se de S. João Berchmans o seguinte: enquanto, numa hora de recreio, estava jogando bilhar, perguntaram-lhe o que faria se um anjo o avisasse de que iria morrer já.
Respondeu: “Continuar jogando”. Do mesmo modo devemos continuar a construção do Reino de Deus encarnado em nossa história, mesmo se existem sinais de que nosso mundo pode estar chegando ao fim. Seja como for, aconteça o que acontecer, Deus quer nos encontrar ocupados com seu Reino neste mundo e firmes no testemunho de Jesus.
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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

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