domingo, 5 de julho de 2015

Papa chega ao Equador: 
“América Latina tem dívida com os pobres”

Quito (RV) – Após um voo de quase 13 horas desde Roma até a capital do Equador, o Papa Francisco voltou a pisar na América Latina depois de quase 2 anos.  Ao chegar a Quito, em seu primeiro discurso, Francisco afirmou agradecer a Deus por poder voltar à América Latina e vir como “testemunha de misericórdia e fé... na linda terra do Equador”.
O sol da vida cristã é Jesus Cristo
“Visitei o Equador em diferentes ocasiões por motivos pastorais; e também hoje venho como testemunha da misericórdia de Deus e da fé em Jesus Cristo”, disse Francisco.
Ao recordar santos e beatos da história equatoriana, o Pontífice fez uma exortação: “Hoje, também nós podemos encontrar no Evangelho as chaves que nos permitam enfrentar os desafios atuais, avaliando as diferenças, fomentando o diálogo e a participação sem exclusões, para que as realizações alcançadas no progresso e desenvolvimento possam garantir um futuro melhor para todos, prestando especial atenção aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais vulneráveis que é a dívida que toda a América Latina tem”.
Metáfora da Igreja
Ao recordar que no Equador está o ponto da Terra mais próximo ao espaço exterior – o Chimborazo – o Papa Francisco fez uma metáfora sobre a Igreja. 
“O Chimborazo, é chamado por essa razão o lugar ‘mais próximo do sol’, da lua. E a lua não tem luz própria. E se a lua se esconde do sol, se escurece. O sol é Jesus Cristo, e se a Igreja se aparta ou se esconde de Jesus Cristo, se escurece e não dá testemunho”, advertiu Francisco improvisando.  (RB)
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Papa Francisco:
No Evangelho as chaves para enfrentar desafios atuais

Cidade do Vaticano (RV) - Segue na íntegra, o primeiro discurso do Papa Francisco proferido na cerimônia de boas-vindas no Aeroporto Internacional Mariscal Sucre, em Quito, capital do Equador, neste domingo (5/7). Acesse também o vídeo.
Senhor Presidente,
Ilustres Autoridades do governo,
Irmãos no Episcopado,
Senhoras e senhores, amigos todos!
Dou graças a Deus por me ter permitido voltar à América Latina e estar aqui hoje com vocês, nesta linda terra do Equador. Sinto alegria e gratidão pelas suas calorosas boas-vindas: é mais uma prova do caráter acolhedor que tão bem define as pessoas desta nobre nação.
"Venho como testemunha da misericórdia e da fé em Jesus Cristo"
Agradeço, Senhor Presidente, as suas palavras – agradeço-lhe a sintonia com o meu pensamento; citou-me até demais, obrigado! – que retribuo com votos de todo o bem para o exercício da sua missão: possa conseguir o que deseja para o bem do seu povo. Saúdo cordialmente as ilustres Autoridades do Governo, os meus Irmãos Bispos, os fiéis da Igreja no País e todos aqueles que hoje me abrem as portas do seu coração, da sua casa e da sua Pátria. A todos vocês, o meu reconhecimento afetuoso e sincero.
Visitei o Equador em diferentes ocasiões por motivos pastorais; e também hoje venho como testemunha da misericórdia de Deus e da fé em Jesus Cristo. A mesma fé que, durante séculos, modelou a identidade deste povo e deu muitos frutos bons, entre os quais se destacam figuras insignes como Santa Mariana de Jesus, o santo irmão Miguel Febres, Santa Narcisa de Jesus ou a Beata Mercedes de Jesus Molina, beatificada em Guayaquil, trinta anos atrás, durante a visita do Papa São João Paulo II. Eles viveram a fé com intensidade e entusiasmo e, praticando a misericórdia, contribuíram para melhorar, em diferentes áreas, a sociedade equatoriana do seu tempo.
Hoje, também nós podemos encontrar no Evangelho as chaves que nos permitam enfrentar os desafios atuais, avaliando as diferenças, fomentando o diálogo e a participação sem exclusões, para que as realizações alcançadas no progresso e desenvolvimento se consolidem e possam garantir um futuro melhor para todos, prestando especial atenção aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais vulneráveis, uma dívida que tem ainda toda a América Latina. Para isso, Senhor Presidente, poderá contar sempre com o empenho e a colaboração da Igreja, servindo este povo equatoriano que com tanta dignidade se levantou.
Quero daqui abraçar os povos da América Latina
Amigos todos, com entusiasmo e esperança, começo os dias que se seguem. No Equador, encontra-se o ponto mais próximo do espaço exterior: é o Chimborazo, chamado por essa razão o lugar "mais próximo do sol", da lua e das estrelas. Nós, cristãos, vemos Jesus Cristo como se fosse o sol, e a Igreja como a lua; a lua não tem luz própria e, se se esconder do sol, fica às escuras. O sol é Jesus Cristo e, se a Igreja se afastar ou esconder de Jesus Cristo, fica às escuras e não dá testemunho. Possa nestes dias tornar-se mais evidente para todos a proximidade "do Sol que nasce do Alto", sendo nós reflexo da sua luz, do seu amor.
Daqui quero abraçar todo o Equador. Desde o cume do Chimborazo até às costas do Pacífico, desde a selva amazônica até às Ilhas Galápagos, nunca percam a capacidade de dar graças a Deus pelo que Ele fez e faz por vocês, a capacidade de proteger o humilde e o simples, cuidar das suas crianças e dos seus idosos, que são a memória do seu povo, confiar na juventude, e maravilhar-se com a nobreza da sua população e a beleza singular do seu País, que, segundo o Senhor Presidente, é o paraíso.
O Sagrado Coração de Jesus e o Coração Imaculado de Maria, a quem foi consagrado o Equador, derramem sobre vós a sua graça e bênção. Muito obrigado!
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Correa reconhece dívida da América Latina com os pobres

Quito (RV) – O discurso do Presidente do Equador, Rafael Correa, na chegada do Papa ao País, neste domingo (5/7) foi muito bem recebido por Francisco. O Pontífice agradeceu ao presidente pela “convergência de pensamento” e garantiu, por sua vez, que o Equador pode contar com a colaboração da Igreja “servindo este povo equatoriano que com tanta dignidade se levantou”. Os bispos do Equador pediram que Governo assuma responsabilidade e ouça a voz dos protestos nas ruas.
Ao afirmar que o grande pecado social da América é a injustiça, Correa questionou como o continente pode ser o mais cristão do mundo sendo o mais desigual, quando um dos “sinais mais recorrentes do Evangelho é dividir o pão”.
Questão social
“A fundamental questão moral na América Latina é precisamente a questão social todavia, pela primeira vez na história, a pobreza e a miséria em nosso continente não são consequência da falta de recursos, e sim de sistemas políticos, sociais e econômicos perversos”, frisou Correa.
Após citar a questão da justiça social no continente, Correa falou sobre a ainda não alcançada integração latino-americana ao defender – citando o Papa – não mais muros e fronteiras e sim uma cultura global de solidariedade.
União latino-americana
Francisco percorre as ruas de Quito
“A construção da Pátria Grande é inadiável, talvez os europeus terão que explicar a seus filhos porque se uniram, contudo nós teremos que explicar aos nosso porque demoramos tanto”, refletiu Correa.
O presidente do Equador citou também documentos da Igreja da América Latina que definiram um “escândalo” a contradição com o ser cristão e a crescente lacuna entre ricos e pobres no continente, e os “extraordinários pastores” que ela deu ao continente, entre eles Dom Helder Câmara e o Beato Óscar Arnulfo Romero.
“Nos chamamos um continente de paz, mas a insultante opulência de uns poucos ao lado da mais intolerável pobreza são também tiros cotidianos contra a dignidade humana”, afirmou o presidente do Equador.  
Protestos
As semanas que precederam a chegada do Papa ao Equador foram marcadas por diversos protestos contra as medidas do Governo sobre mudanças nas taxas sobre heranças e valorização de propriedades.
Em nota, pouco antes do avião do Papa aterrissar, a Conferência Episcopal Equatoriana (CEE) pediu ao governo “respeito pelas expressões de instâncias sociais” e afirmou que a chegada do Papa é “uma boa oportunidade” para assumir responsabilidades diante das atuais circunstâncias vividas no País andino. (RB)
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                                                                            Fonte: radiovaticana.va       news.va

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