domingo, 19 de abril de 2015

Retiro dos bispos na 53ª Assembleia Geral da CNBB

Dom Geraldo Lyrio fala sobre a missão de pregar o Evangelho

O retiro dos bispos, reunidos na 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), teve como tema “O múnus episcopal à luz do Vaticano II”. A orientação foi do arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha. O momento espiritual teve início na tarde de sábado,18, e prosseguiu até o final da manhã deste domingo, 19, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho, em Aparecida (SP).
Bispos acompanham a pregação de Dom Geraldo Lyrio
Na pregação, dom Geraldo Lyrio recorreu às fontes do Concílio Vaticano II. “Em nossa reflexão, partirei dos textos conciliares, enriquecidos com a palavra dos Sumos Pontífices que nos ajudam a colocar em prática o que o Vaticano II nos ensina”, disse ao iniciar o retiro.
Segundo dom Geraldo, “como sucessores dos apóstolos, os bispos recebem a missão de ensinar todos os povos e de pregar o Evangelho a toda criatura, para que todos os homens se salvem pela fé, pelo batismo e pelo cumprimento dos mandamentos”.
Ao retomar as palavras do papa Francisco, durante o 38º Congresso dos Bispos amigos do Movimento dos Focolares, ocorrido em Castel Gandolfo, em março, dom Geraldo lembrou que o bispo é princípio de unidade na Igreja, “mas isso não acontece sem a Eucaristia”.
Disse, ainda, que os bispos “comunicam a força de Deus, para salvação dos que creem e, por meio dos sacramentos, cuja distribuição regular e frutuosa ordenam com a sua autoridade, santificam os fiéis”. Pediu aos bispos para que, como santificadores, "promovam a santidade dos seus clérigos, religiosos e leigos, segundo a vocação de cada um e lembrando da obrigação que têm de dar exemplo de santidade pela caridade, humildade e simplicidade de vida".
O arcebispo de Mariana também falou que o povo gosta do Evangelho quando é pregado a partir da realidade. “O nosso povo gosta quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até as bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, as periferias (...) As pessoas agradecem-nos porque sentem que rezamos a partir das realidades da sua vida de todos os dias, as suas penas e alegrias, as suas angústias e esperanças”, disse.
O múnus episcopal de ensinar
Ainda na tarde deste sábado, dom Geraldo Lyrio disse aos bispos que entre os principais encargos que lhes são atribuídos está a pregação do Evangelho. “O Concílio Vaticano II explica que a missão de ensinar, própria dos Bispos, consiste em guardar santamente e anunciar corajosamente a fé”, disse.
Cerimônia do Lucernário
Dom Geraldo exortou os bispos a anunciarem o Evangelho e a ensinar, segundo a Doutrina da Igreja, quanto “valem a pessoa humana, com a sua liberdade e a própria vida corpórea; a família e a sua unidade e estabilidade, a procriação e a educação dos filhos; a sociedade civil, com as suas leis e profissões; o trabalho e o descanso, as artes e a técnica; a pobreza e a riqueza”.
Pediu, ainda, para que os bispos exponham os princípios com que se hão de “resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de todos os povos; para que respondam às dificuldades e problemas que mais preocupam e angustiam os seres humanos; para que mostrem a solicitude maternal da Igreja para com todos os homens; para que tenham especial cuidado para com os pobres e fracos; para fomentem o diálogo com todos; para que aliem sempre a verdade com a caridade, a compreensão ao amor".  
À noite, os bispos participaram do lucernário, celebração durante a qual cada um acende uma vela, canta e medita a Palavra de Deus.
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Dom Geraldo:
Aquele que é maior se deve fazer como o menor

A missão de governar e a vocação à santidade foram os dois focos das pregações, na manhã deste domingo, 19, durante o retiro dos bispos, que teve como tema “O múnus episcopal à luz do Vaticano II”. O evento é parte da programação da 53ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Aparecida, de 15 a 24 de abril.  O retiro foi conduzido pelo arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha. Na reflexão, dom Geraldo afirmou que “os bispos governam as igrejas particulares que lhes foram confiadas como vigários e legados de Cristo, por meio de conselhos, persuasões, exemplos, mas também com autoridade e poder sagrado, que exercem unicamente para edificar o próprio rebanho na verdade e na santidade, lembrados de que aquele que é maior se deve fazer como o menor, e o que preside como aquele que serve”.
Pastores chamados à santidade com o povo e para o povo
Dom Geraldo também falou aos bispos sobre a simplicidade. Disse que é outra lição que a Igreja deve lembrar e que não pode afastar-se.  "Às vezes, perdemos aqueles que não nos entendem, porque desaprendemos a simplicidade, inclusive importando de fora uma racionalidade alheia ao nosso povo. Sem a gramática da simplicidade, a Igreja se priva das condições que tornam possível ‘pescar’ Deus nas águas profundas do seu Mistério”, disse.
Ao recordar o episódio de Emaús, o arcebispo de Mariana ressaltou que hoje há muitos que são como os dois discípulos. “E não apenas aqueles que buscam respostas nos novos e difusos grupos religiosos, mas também aqueles que parecem já viver sem Deus tanto em teoria como na prática”, acrescentou.  Segundo dom Geraldo, “faz falta uma Igreja que não tenha medo de entrar na noite deles (...) capaz de encontrá-los no seu caminho”. Para o arcebispo, a Igreja precisa dialogar “com aqueles discípulos, que, fugindo de Jerusalém, vagam sem meta, sozinhos, com o seu próprio desencanto, com a desilusão de um cristianismo considerado hoje um terreno estéril, infecundo, incapaz de gerar sentido”.
Vocação à Santidade
O orientador do retiro falou, ainda, sobre a vocação à santidade. “A santidade do bispo terá de ser sempre vivida com o povo e para o povo, numa comunhão que se torne estímulo e mútua edificação na caridade”, disse. Conforme o arcebispo, no tempo atual marcado pelo “fazer por fazer”, o bispo deve ser o primeiro a mostrar, com o exemplo da sua via, que é preciso restabelecer o primado do ‘ser’ sobre o ‘fazer’”.
 Ao final, exortou aos bispos para que “desempenhem o próprio ministério santamente e com alegria, com humildade e fortaleza” e para que, ao realizarem a tarefa da caridade pastoral, “suscitem na Igreja, também com o seu exemplo, uma santidade cada vez maior”. 
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