domingo, 12 de abril de 2015

Francisco:
As chagas de Jesus são chagas de misericórdia!

Cidade do Vaticano (RV) –  “As chagas de Jesus são chagas de misericórdia”. O Papa Francisco dedicou a  homilia da Missa deste II Domingo de Páscoa à misericórdia divina, cuja festa celebrada hoje foi instituída por João Paulo II.  Durante a celebração, que também recordou o centenário do martírio armênio, Gregório de Narek foi proclamado Doutor da Igreja.
Após a ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos mostrando as suas chagas, para que acreditassem não tratar-se de uma visão. “Hoje – disse o Papa – o Senhor mostra também a nós, através do Evangelho, as suas chagas. São chagas de misericórdia. É verdade! As chagas de Jesus são chagas de misericórdia”. E “Jesus convida-nos a contemplar estas chagas, convida-nos a tocá-las – como fez com Tomé – a fim de curar a nossa incredulidade. Convida-nos sobretudo a entrar no mistério destas chagas, que é o mistério do seu amor misericordioso”:
O amor e a misericórdia de Deus são eternos
Através delas, como por uma brecha luminosa, podemos ver todo o mistério de Cristo e de Deus: a sua Paixão, a sua vida terrena – cheia de compaixão pelos pequeninos e os doentes – a sua encarnação no ventre de Maria. E podemos remontar a toda a história da salvação: as profecias – especialmente as do Servo de Yahweh –, os Salmos, a Lei e a aliança, até à libertação do Egito, à primeira Páscoa e ao sangue dos cordeiros imolados; e remontar ainda aos Patriarcas até Abraão e, mais além na noite dos tempos, até a Abel e ao seu sangue que clama da terra. Tudo isto podemos”.
O Papa observou, que ficamos esmagados diante dos acontecimentos trágicos da história humana, e perguntamo-nos: “Por quê?”:
A maldade humana pode abrir no mundo como que fossos, grandes vazios: vazios de amor, vazios de bondade, vazios de vida. E surge-nos então a pergunta: Como podemos preencher estes fossos? A nós, é impossível; só Deus pode preencher estes vazios que o mal abre nos nossos corações e na nossa história. É Jesus, feito homem e morto na cruz, que preenche o abismo do pecado com o abismo da sua misericórdia”.
Jesus Crucificado e Ressuscitado, e de modo particular “as suas chagas cheias de misericórdia” – afirmou o Papa – são “o caminho que Deus nos abriu para sairmos da escravidão do mal e da morte e entrarmos na terra da vida e da paz”.
Os Santos – prosseguiu Francisco -  ensinam-nos que se muda o mundo a partir da conversão do próprio coração”:
E isto acontece graças à misericórdia de Deus. Por isso, quer perante os meus pecados, quer diante das grandes tragédias do mundo, «a consciência sentir-se-á turvada, mas não será abalada, porque me lembrarei das feridas do Senhor”.
Com o olhar voltado para as chagas de Jesus Ressuscitado e com as expressões “O seu amor dura para sempre” e “a sua misericórdia é eterna” gravadas no nosso coração, o Papa Francisco convidou para que que caminhemos pelas estradas da história, “com a mão na mão de nosso Senhor e Salvador, nossa vida e nossa esperança”.
Clique aqui para ler a homilia na íntegra e a mensagem aos armênios. (JE)
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Papa aos armênios:
Esconder ou negar o mal 
é como deixar que uma ferida continue a sangrar sem a tratar

A celebração recordou também o centenário do martírio armênio, perpetrado em 1915 pelo Império Turco-otomano. O Santo Padre entregou quatro cópias de uma mensagem aos dois Catholicos, Karekin II e Aram I, ao Patriarca Católico Nerses Bedros XIX e ao Presidente da Armênia Serz Azati Sargsyan, que ao final da celebração dirigiram uma saudação ao Papa Francisco e rezaram pelo povo armênio.
Antes da Missa, o Santo Padre dirigiu uma saudação aos fiéis armênios, onde inicialmente recordou que em várias ocasiões, havia definido o tempo presente como “um tempo de guerra, uma terceira guerra mundial combatida ‘por pedaços’”, onde nós assistimos “diariamente a crimes hediondos, a massacres sangrentos e à loucura da destruição”, fazendo referência novamente à perseguição aos cristãos:
Proximidade e solidariedade com os armênios 
Ainda hoje, infelizmente, ouvimos o grito, abafado e transcurado, de muitos dos nossos irmãos e irmãs inermes que, por causa da sua fé em Cristo ou da sua pertença étnica, são pública e atrozmente assassinados – decapitados, crucificados, queimados vivos – ou então forçados a abandonar a sua terra”.
No século passado – prosseguiu o Pontífice – a nossa humanidade viveu três grandes e inauditas tragédias:
A primeira, que geralmente é considerada como «o primeiro genocídio do século XX» atingiu o vosso povo armênio – a primeira nação cristã – juntamente com os sírios católicos e ortodoxos, os assírios, os caldeus e os gregos. Foram mortos bispos, sacerdotes, religiosos, mulheres, homens, idosos e até crianças e doentes indefesos. As outras duas são as perpetradas pelo nazismo e pelo estalinismo”.
Mais recentemente, Francisco recordou que houve outros extermínios de massa, como os do Camboja, do Ruanda, do Burundi, da Bósnia:
E todavia parece que a humanidade não consiga parar de derramar sangue inocente. Parece que o entusiasmo surgido no final da II Guerra Mundial esteja a desaparecer e dissolver-se. Parece que a família humana se recuse a aprender com os seus próprios erros causados pela lei do terror; e, assim, ainda hoje há quem procure eliminar os seus semelhantes, com a ajuda de alguns e o silêncio cúmplice de outros que permanecem espectadores. Ainda não aprendemos que «a guerra é uma loucura, um inútil massacre»
No dia de hoje – prosseguiu o Papa dirigindo-se aos fiéis armênios - recordamos o centenário daquele trágico acontecimento, daquele enorme e louco extermínio que cruelmente sofreram os vossos antepassados:
Recordá-los é necessário, antes forçoso, porque, quando não subsiste a memória, quer dizer que o mal ainda mantém aberta a ferida; esconder ou negar o mal é como deixar que uma ferida continue a sangrar sem a tratar”.
O Santo Padre concluiu, reafirmando a certeza de que “o mal nunca provém de Deus, infinitamente Bom” e de que “a crueldade não pode jamais ser atribuída à ação de Deus e, mais, não deve de forma alguma encontrar no seu Santo Nome qualquer justificação”.
Clique aqui para ler a íntegra da mensagem e a homilia da Missa. (JE)
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                                                                 Fonte: radiovaticana.va     news.va

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