Inter Mirifica
Poucos cristãos
se recordam que o Decreto Conciliar Inter Mirifica foi o segundo documento a
ser aprovado com duas notas marcantes: a sua redução expressiva de 114 artigos
a apenas 24 e por ser o texto que recebeu mais votos negativos da Assembléia,
503. Isto faz lembrar sem dúvida seu caráter desbravador, pois antes deste
documento só se pensava na censura ou no controle aos meios de comunicação,
esquecendo das enormes e positivas possibilidades para o anuncio e a
evangelização.
Nos primeiros
artigos se justifica a intervenção na Igreja neste campo, apontando para as
oportunidades e o progresso da humanidade. Já no nº 3 se situa a temática dos
MCS na ótica do apostolado e da missionariedade da Igreja. A seguir se defende
o direito a informação como basilar para criar uma sociedade convergente
cimentada na verdade, o bem comum e o conhecimento. Em um segundo momento se
trata de refletir e conjugar devidamente a busca de beleza, a arte com o bem
moral, assunto e tópico muito presente haja visto a degradação e a falta de
perspectivas axiológicas da arte contemporânea.
Passa de
imediato a considerar a questão da opinião pública, na sua influência e poder,
que afeta o convívio democrático e o relacionamento da Igreja com a sociedade
civil. A seguir elenca responsabilidades e incumbências, a começar pelos
utentes e usuários dos MCS, da sua formação e intervenção em ordem a proteger
as crianças e os jovens. Porém a maior consideração pesa sobre os chamados
autores: jornalistas, escritores, diretores, vendedores e críticos.
Na sequência o
documento vai propor linhas de ação visando o compromisso dos pastores e dos
fieis com a comunicação social como meio singular de apostolado. Se propõem
iniciativas que envolvem o uso correto dos MCS e a criação de um acervo
propício, a formação dos autores e receptores, um banco de meios e subsídios, a
instituição do dia mundial das comunicações, secretariados nacionais,
associações internacionais e finalmente um Diretório Pastoral de Comunicação
para operacionalizar as normas e orientações.
Termina citando
o texto de Hebreus 13,8 "Jesus Cristo, ontem, hoje e sempre". Como
podemos apreciar um documento profético que abriu rumos novos a caminhada da
comunicação da Igreja, fazendo acontecer uma pastoral da comunicação
evangelizadora e encarnada, presença e testemunho do Cristo, o grandioso
Comunicador do Pai. Deus seja louvado!
Dom Roberto
Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
Fonte: cnbb.org.br Ilustração: catecismojovem.blogspot.com.br
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