33º Domingo do Tempo Comum
Ao nos
aproximarmos do fim do ano litúrgico, meditamos sobre o fim dos tempos. Como na
semana passada, seguimos refletindo sobre as nossas realidades últimas.
As leituras
deste domingo pedem uma boa interpretação. É preciso ter cuidado para que a
linguagem apocalíptica não seja tomada ao pé da letra, para que a Palavra de
Deus não seja motivadora do medo. Note-se a dramaticidade da primeira leitura:
“esse dia vindouro haverá de queimá-los...” Textos apocalípticos nos convidam a
pensar na seriedade da vida, mas não devem nos assustar. O nosso Deus é
misericordioso, compassivo, amável. Ele não pode dizer uma coisa e depois
entrar em contradição. Se lermos o Evangelho com atenção, saberemos que quando
Cristo vier, virá com todo o amor que lhe é próprio. A Palavra sobre o fim quer
nos dar esperança. As palavras duras servem para ressaltar a seriedade do fim
dos tempos.
"É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida eterna" |
Vivemos desde já
o fim dos tempos. Não se trata de um tempo cronológico, pois o fim do mundo não
tem data marcada. Entre a Páscoa e a Parusia (vinda do Senhor) temos o nosso
tempo (o tempo penúltimo), quando vivemos na espera pelo que virá. Antigamente,
era comum nos perguntarmos: “para onde vamos?”, “teremos a recompensa do Céu?”.
Hoje, o importante é refletir sobre o tempo presente: “Como acolher a
eternidade que já vem a nós antecipadamente?”, “Em que medida a esperança da
salvação nos faz viver esta vida de um modo comprometido?”.
Por isso, São Paulo
alertou a comunidade de Tessalônica quanto ao desleixo com as coisas do mundo.
Consideravam que era tão certa a vinda imediata de Cristo, que resolveram parar
de trabalhar, cruzaram os braços. O apóstolo ensina que esperar a vinda não
significa se esquecer da vida.
É preciso também
ter prudência. Há muitos cristãos católicos (não só nas seitas) que gostam de
falar de revelações sobre os últimos tempos: pregam uma série de práticas para
se prevenir do fim do mundo, marcam datas, demonizam tudo e todos, falam do
futuro da Igreja, do próximo papa... “Muitos dirão: o tempo está próximo! Não
sigais essa gente!” (Lc 21,8c). É preciso preocupar-se com a vida presente e
concreta e o modo como podemos contribuir para que o Reino aconteça, sem fugas.
Neste tempo,
será necessário enfrentar as tribulações da vida com esperança e fé: “Todos vos
odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da
vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”. Não é possível
fugir das dificuldades da vida. Mas, embora tenhamos cruzes, Deus não nos
desampara. Ele nos sustenta em cada momento de nossas vidas. Assumir a vida com
responsabilidade nos leva a enfrentar situações que se opõem a presença do
Reino de Deus. É preciso confiar que, embora haja perseguição, o próprio Deus
nos dará palavras acertadas (Lc 21,15).
Os discursos
sobre o fim dos tempos nos remetem à seriedade da vida: nós vamos morrer um
dia, o mundo será restaurado para que o Reino de Deus seja pleno. E nós? Cada
um tem a sua tarefa, a sua responsabilidade no hoje, na construção do futuro de
Deus. Ele poderia fazer tudo sozinho, mas no seu mistério de amor, deseja que
cada um de nós seja seu colaborador. Note que a questão não é fazer o bem para
angariar pontos para ir para o Céu, mas ser co-criador, co-laborador da obra de
Deus que se chama Reino. Disto depende nossa eternidade, não porque o Senhor
irá nos castigar pelos pecados, mas porque é nesta vida que vamos orientando o
nosso coração para o amor ou para o egoísmo que nos afasta de Deus. O que vem
depois depende desta orientação do coração. Ouçamos a voz do senhor que nos
diz: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19).
Padre Roberto
Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: estigmatinosrp.blogspot.com.br
.....................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário