Hoje a Igreja
nos convida a orarmos pelos que já partiram. Por que oramos pelos mortos? Nós,
católicos, acreditamos que a morte não nos priva de uma comunicação com
os irmãos e irmãs. Ou seja, podemos rezar pelos que já partiram. Quando fazemos
isso, unimo-nos aos falecidos em Deus, amamos os falecidos no amor de Deus,
pois toda oração é um gesto de amor; se esta é eficaz para ajudar os vivos,
será também útil para dar forças para aqueles que precisam completar o seu caminho.
A fundamentação bíblica mais clara a este respeito está em 2Mac 12,38s.: Judas
Macabeus percebe que os soldados mortos de seu exército tinham cometido
idolatria; diante da prática dos idólatras, o exército fez súplicas para que
Deus perdoasse o pecado cometido.
Rezamos pelos
mortos para que eles completem o que ainda falta para serem plenos, pois apenas
desfrutaremos da glória quando estivermos plenamente convertidos, santificados.
O Céu não é um lugar em que se entra, mas a participação do amor de Deus de
acordo com a mudança de coração de cada pessoa. Quem não muda o
coração aqui, terá a mesma dificuldade para fazê-lo depois da morte, antes
de participar das alegrias eternas; por isso, é melhor começar aqui. O que
chamamos de Purgatório não é um lugar de tormentos, mas uma última oportunidade
de conversão para Deus, de total empobrecimento de si, uma graça que Deus nos
concede para que sejamos plenos à estatura do Cristo Jesus (Ef 4,13). A nossa
oração dá forças para que os falecidos façam o seu caminho.
Algumas
reflexões importantes:
1. O Céu não é
somente uma conquista, mas um dom de Deus, que deseja que todos participem de
sua morada, que nenhum de seus filhos e filhas se percam (Jo 6,39). Não podemos
acreditar em um Deus que quer a nossa condenação, nem achar que vamos
sozinhos, somente pelos nossos esforços, para o céu.
2. Não
acreditamos em um mundo totalmente espiritualizado, mas na ressurreição dos
mortos. Oficialmente, a Igreja ensina que aguardamos (mesmo aqueles que já veem
Deus face a face) o dia da plenitude do Reino definitivo. Então acontecerá a
ressurreição dos mortos. Deus nos dará um corpo imperecível e renovará toda a
criação – o mundo visível, material. Portanto, este mundo não deve ser
desprezado, pois será renovado para a glória de Deus. Na morada do Céu seremos
nós mesmos, com nossa consciência, e teremos a lembrança de nossa história e
das pessoas que conviveram conosco.
3. A vida é
efêmera. Presenciamos mortes de idosos, de jovens, mortes previsíveis e
repentinas. Não sabemos quando será o fim de nossa vida terrena. Lembrar-se dos
que morreram é uma boa oportunidade para pensar sobre a nossa vida. A
existência terrena tem consequências eternas. O que cada um de nós está fazendo
de sua vida? Estamos preparados para fazer a nossa páscoa para a vida
totalmente renovada e prometida pelo Senhor?
Vivemos movidos
pela esperança da eternidade. Nossa fé vive unida à esperança. Hoje a saudade
não deve ser maior do que a certeza da vitória “escrita e gravada com ponteiro
de ferro e com chumbo, cravada na rocha para sempre”. Um dia esperamos nos
encontrar todos no banquete do Céu. Lembremos de que a Eucaristia já é a
antecipação desta vida nova. O Céu começa em nós, em você.
Padre Roberto Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br
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