Papa Francisco:
"Os sacerdotes são instrumentos da misericórdia infinita de Deus".
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco dedicou a audiência geral desta
quarta-feira, na Praça São Pedro, ao tema da remissão dos pecados, referindo-se
especificamente ao chamado “poder das chaves”, um símbolo bíblico da missão que
Jesus conferiu aos Apóstolos.
O mau tempo que
persiste em Roma não conteve os peregrinos, romanos e turistas, que lotaram a
Praça para participar do encontro semanal com Francisco. O Papa ingressou na
Praça num carro aberto e durante 20 minutos foi aclamado pelos presentes, a
quem distribuiu sorrisos e saudações. A certo ponto, desceu do jeep para beijar
uma senhora idosa de cadeira de rodas.
O Pontífice
começou sua catequese recordando que o protagonista do perdão dos pecados é o
Espírito Santo. No cenáculo, quando apareceu aos Apóstolos, Jesus soprou sobre
eles e disse “Recebeis o Espírito Santo”, indicando a transmissão da vida, da
nova vida regenerada pelo perdão. Mas antes deste gesto de doar o Espírito,
Jesus mostra suas feridas nas mãos e nas costas, que representam o preço de
nossa salvação. “O Espírito Santo nos traz o perdão de Deus passando através
das chagas de Jesus”, completou Francisco.
Como segundo
elemento, o Papa acrescentou que “Jesus deu aos Apóstolos o poder de perdoar os
pecados; e a Igreja é a depositária do poder das chaves. Deus perdoa o homem na
sua soberana misericórdia, mas Ele mesmo quis que as pessoas que pertencem a
Cristo e à sua Igreja recebam o perdão através dos ministros da Comunidade”.
Através do
ministério apostólico, a misericórdia de Deus chega a nós, perdoa nossas culpas
e proporciona a alegria. É deste modo que Jesus nos chama a viver a
reconciliação nas dimensões eclesial e comunitária – “o que é muito bonito”,
considerou o Papa.
Francisco fez,
no entanto, uma ressalva: “A Igreja não é senhora do poder das chaves, mas
serva do ministério da misericórdia, e fica feliz sempre que pode oferecer este
dom divino. Muitas pessoas hoje não entendem a dimensão eclesial do perdão em
meio ao individualismo e ao subjetivismo, e por vezes até nós, cristãos,
sofremos por isso. “É claro”, explicou o Papa, “Deus perdoa pessoalmente todo
pecador arrependido”.
Enfim, o
Pontífice ressaltou um último quesito: o sacerdote como instrumento para o
perdão dos pecados. O perdão de Deus que nos é dado pela Igreja é transmitido
pelo ministério de um nosso irmão, o sacerdote; um homem que, como nós, precisa
de misericórdia e se torna instrumento de misericórdia doando-nos o amor
ilimitado de Deus Pai.
“Às vezes,
ouve-se dizer: “Eu confesso-me diretamente a Deus”. É verdade que Deus sempre
te ouve, mas, no sacramento da Penitência, manda um irmão trazer-te o perdão. O
sacerdote confessor deve estar ciente de que o irmão ou irmã que se aproxima
dele procura o perdão e o faz como tantas pessoas que procuravam Jesus para que
as curasse. Os fiéis penitentes têm o direito de encontrar, nos sacerdotes,
servidores do perdão de Deus”, afirmou.
“O serviço do
sacerdote como ministro é muito delicado, exige que seu coração esteja em paz;
que não maltrate os fiéis, mas que seja delicado, benevolente e misericordioso;
que saiba semear esperança nos corações. Principalmente, o padre deve saber que
o irmão ou irmã que se aproximam do sacramento da Reconciliação buscam o
perdão. “É melhor – advertiu Francisco – que os sacerdotes que não têm esta disposição
não administrem este Sacramento, até conseguirem mudar”.
Como faz
habitualmente, o Papa terminou sua catequese com um convite à reflexão: “Como
membros da Igreja, somos conscientes deste dom que Deus nos oferece? Sentimos a
alegria da atenção materna que a Igreja tem por nós? Sabemos valorizá-la com
simplicidade e assiduidade? Não devemos esquecer que Deus nunca se cansa de nos
perdoar e que mediante o ministério do sacerdote nos envolve em um abraço que
nos regenera e nos ajuda a levantarmos e recomeçar um novo caminho”.
Depois de
proferir a catequese, sendo interrompido várias vezes pelos aplausos dos fiéis,
o Papa saudou os grupos vindos de diversos países e recordou que quinta-feira,
21 de novembro celebramos a Jornada Pro Orantibus, dedicada à recordação
das comunidades religiosas de clausura. É uma ocasião oportuna, disse, para
agradecer ao Senhor pelo dom de tantas pessoas que se dedicam a Deus na oração
e no silêncio operoso nos mosteiros.
“Damos graças ao
Senhor pelos testemunhos de vida claustral e ofereçamos sempre a estes nossos
irmãos e irmãs o nosso apoio espiritual e material, a fim de que possam cumprir
esta importante missão”, pediu.
Francisco
lembrou também que no dia 22, sexta-feira, será inaugurado pelas Nações Unidas
o Ano Internacional da Família Rural, visando ressaltar que a economia agrícola
e o desenvolvimento rural veem nas famílias trabalhadores que respeitam a
Criação, e estão atentos às necessidades concretas.
“Também no
trabalho, a família é um modelo de fraternidade para viver uma experiência de
unidade e de solidariedade entre todos os seus membros, com uma maior
sensibilidade por quem mais necessita de cuidados ou de ajuda, impedindo na
raiz eventuais conflitos sociais. Por esses motivos, faço votos de que esta iniciativa
contribua a valorizar os inúmeros benefícios que a família oferece ao
crescimento econômico, social, cultural e moral de toda a comunidade humana.”
Oração pelas vítimas na Sardenha
Por fim, o
Pontífice recordou as vítimas das enchentes na Ilha da Sardenha, pedindo aos
fiéis na Praça uma oração silenciosa. Entre os 16 mortos na tragédia, quatro
eram brasileiros. (CM)
Fonte: radiovaticana.va
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