Ir
ao deserto e enfrentar as tentações
Ir ao deserto. Na primeira leitura, vemos que o Povo de
Israel fundamenta a sua fé em algo bem concreto: Deus conduziu Abraão, e depois
o Povo todo para um êxodo, uma saída. O Povo viveu uma experiência pascal, indo
ao deserto e experimentando um Deus que liberta e que faz aliança; mas também
um Deus que põe a prova. Jesus também vai ao deserto, preparando-se para o seu
ministério que será uma grande Páscoa – a passagem da morte para a vida.
O deserto é o lugar da tentação. O Povo
de Israel foi tentado ao viver uma experiência de total despojamento, o que o
trouxe a tentação de desconfiar de Javé. Jesus, conduzido pelo Espírito, viveu
esta experiência antes de sua vida pública. Os padres eremitas da antiguidade
viam o deserto como o lugar de luta contra o demônio: no silêncio e na solidão
se revela os males do interior dos eremitas. Ao se deparar com o seu verdadeiro eu,
aprendiam a vencer aquilo que se opunha ao projeto de Deus.
Jesus é tentado no deserto. Jesus é
humano em todas as suas ações, pensamentos e sentimentos: Ele sente sede e
fome, fica frustrado com seus amigos, enfurece-se com os vendilhões, chora no
túmulo de Lázaro, muda de ideia com a insistência da Cananeia... E tal fato se
evidencia na tentação. Ele como qualquer um de nós é tentado a sucumbir, a
falhar, a se render ao prazer, ao ter, ao poder... São estas as três forças que
se opõem ao projeto do Pai, que foi assumido pelo Senhor:
a) “Se és filho de Deus, manda que estas pedras se mudem em pão”. É a tentação
de buscar ser saciado a todo custo. Nós queremos ser saciados, precisamos de
alimento, de abrigo, de proteção... Torna-se perigoso quando nos esquecemos a
saciez do coração, a saciez do pão da Palavra. Deus não está a serviço de
nossos caprichos. Deseja antes que nos orientemos para sua vontade. Por isso,
Jesus responde: “Não só de pão vive o homem!”
b) “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória...” O diabo é o
doador dos bens, e pede adoração. É fácil perceber como nos curvamos diante dos
bens deste mundo. É preciso evitar os extremos do acúmulo egoísta como aquele
homem da parábola que guardou tudo no celeiro e foi surpreendido pelo fim da
vida, como o extremo do consumismo que realiza a busca da felicidade na
obtenção dos bens anunciados pela mídia, proclamados como segurança.
c) “Se és filho de Deus, atira-te daqui para baixo!” É a tentação de se
usar o poder para o exibicionismo, em benefício próprio... Também queremos o
prestígio, o reconhecimento, a fama, o respeito. Somos tentados a fazer o mau
uso do poder para obter tudo isso. Pais, mestres, chefes, religiosos... De
alguma forma, todos nós temos algum poder. O que fazemos com ele?
O Diabo e afastou e voltará no tempo oportuno. Não apenas para tentar a
Jesus, mas para tentar cada um de nós. É tempo de tomarmos consciência de nossa
fraqueza, certos de que eliminar todo o mal do coração é um processo para vida
toda.
Pe. Roberto Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: ministeriodeusprovera.blogspot.com.br
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: ministeriodeusprovera.blogspot.com.br
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