Subir e descer do Tabor. Não armar tendas!
O segundo
domingo da quaresma nos apresenta o tema da transfiguração. Jesus sobe ao monte
para conversar com Deus, como também Abraão havia feito. Numa atitude orante,
transfigura-se diante de Pedro, Tiago e João. Três movimentos marcam a
experiência do Tabor.
Subir ao monte e
encontrar-se com o Senhor Transfigurado. Nossa vida é marcada por
experiências de plenitude, de integridade. Destacam-se, sobretudo, os momentos
de oração, que nos fazem descansar no cume do monte, ganhar forças. É a vida de
experiência com o Senhor que orienta a nossa vontade para a vontade do Pai.
Também as situações que nos trazem felicidade são experiências de Tabor: estar
com a família, conviver com os amigos, ouvir uma boa música, ler um bom
livro... A vida nos oferece muitas experiências de encontro com Deus, de
consolação, ou seja, momentos de ressurreição. A Transfiguração é também a
antecipação da glória. Nós vivemos na esperança do que virá, sem ainda
experimentarmos a plenitude do mundo futuro. Enquanto aguardamos, nós podemos
visualizar os sinais que Deus nos concede. Não temos a plena visão, somente
sinais. É preciso crer como Abraão que esperou a noite toda para ver o fogo
devorador (1ª. Leitura). Vivemos da certeza de nossa pátria definitiva, como
nos diz S. Paulo: “Mas a nossa pátria está nos Céus, donde esperamos, como
Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para
torná-lo semelhante ao seu corpo glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a
Si todo o universo.” (2ª. Leitura). Os apóstolos puderam entender a cruz, mesmo
com muito custo, porque Jesus antecipou a sua vitória sobre a morte em sua
transfiguração.
Armar as tendas,
no desejo de ficar em cima do monte. A experiência foi tão extraordinária,
que Pedro não quis descer do monte: “Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos
três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Jesus não
alimentou o desejo do apóstolo, pois entendeu que seu pedido era sinal de
resistência, de falta de comprometimento. Não é possível ficar no monte,
contemplando a Transfiguração, sem a consciência de que é preciso descer do
monte para assumir a vida. Pessoalmente, cada cristão deve refletir sobre a
tentação da imobilidade e de resistência que sempre batem a nossa porta. É
sempre mais fácil fugir do compromisso, não dar o passo, assistir o mundo
repleto de injustiças, de atentados que impendem o acontecimento do Reino. Que
imobilidades precisam ser vencidas?
Descer do monte. A
ressurreição só seria possível depois da cruz, por isso era necessário descer
da montanha e seguir caminho para Jerusalém. Por isso, Jesus cessou o momento
do êxtase, da brancura reluzente de suas vestes e levou os seus discípulos da
montanha para completar a sua missão. Nós, igualmente, ainda não completamos
nossa missão, ainda não estamos no Tabor da eternidade. Por isso, precisamos
nos alimentar de cada encontro e reencontro com o Senhor para que,
fortalecidos, possamos levar a cabo a missão de abraçar as cruzes do dia a dia,
da vitória gradativa e cotidiana sobre o pecado e de proporcionar tabores de
transfiguração onde há lágrima e dor.
Pe. Roberto
Nentwig
Fonte: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br Ilustração: www.filhosmisericordia.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário