Evitar uma lista de preços para os Sacramentos
Em sua homilia
na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco comentou o episódio evangélico
da "purificação do templo" e convida os fiéis a refletirem sobre o
zelo e o respeito que reservam hoje às "nossas igrejas".
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco
iniciou a sexta-feira (09/11) celebrando a missa na capela de sua residência, a
Casa Santa Marta.
Na homilia, ele
comentou o Evangelho do dia, extraído de João, explicando as motivações que
levam à agressividade de Jesus, que expulsa violentamente os mercantes do
Templo. O Filho de Deus é impulsionado pelo amor, “pelo zelo” que sente pela
casa do Senhor, “convertida num mercado”.
Os ídolos
escravizam
Entrando no
templo, onde se vendiam bois, ovelhas e pombas, na presença dos cambistas, Jesus
reconhece que aquele lugar era povoado por idolatras, homens prontos a servir
ao “dinheiro” ao invés de “Deus”. “Por trás do dinheiro há o ídolo”, destacou
Francisco, os ídolos são sempre de ouro. E os ídolos escravizam:
Isso nos chama a
atenção e nos faz pensar em como nós tratamos os nossos templos, as nossas
igrejas; se realmente são casa de Deus, casa de oração, de encontro com o
Senhor; se os sacerdotes favorecem isso. Ou se parecem com os mercados. Eu
sei... algumas vezes que vi – não aqui em Roma, mas em outro lugar – vi uma
lista de preços. “Mas como pagar pelos Sacramentos?”. “Não, é uma oferta”. Mas
se querem dar uma oferta – e devem dá-la – que a coloquem na caixa das ofertas,
escondido, que ninguém veja quanto está dando. Também hoje existe este perigo:
“Mas devemos manter a Igreja. Sim, sim, sim, realmente.” Que os fiéis a
mantenham, mas na caixa das ofertas, não com uma lista de preços.
Que as igrejas
não se tornem mercado
O Papa Francisco
adverte também para a tentação da mundanidade:
Pensemos em
algumas celebrações de algum Sacramento talvez, ou comemorativas, onde você vai
e vê: não sabe se é um local de culto, a casa de Deus ou uma salão social.
Algumas celebrações que escorregam para a mundanidade. É verdade que as
celebrações têm que ser bonitas – bonitas –, mas não mundanas, porque a
mundanidade depende do deus dinheiro. É uma idolatria também. Isso nos faz
pensar, e também no que diz respeito a nós: como é o nosso zelo pelas nossas
igrejas, o respeito que nós temos ali quando entramos.
O templo do
coração
O Pontífice
refletiu depois sobre a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, esclarecendo
que também o coração de cada um de nós representa “um templo: templo de Deus”.
Mesmo conscientes de sermos pecadores, portanto, cada um deveria interrogar o
próprio coração para verificar se é “mundano e idolatra”.
Eu não pergunto
qual é o seu pecado, o meu pecado. Pergunto se existe dentro de você um ídolo,
se há o senhor dinheiro. Porque quando existe o pecado há o Senhor Deus
misericordioso que perdoa se você vai até Ele. Mas se há o outro senhor – o
deus dinheiro – você é um idolatra, isto é, um corrupto: não mais um pecador,
mas um corrupto. O cerne da corrupção é justamente uma idolatria: é ter vendido
a alma ao deus dinheiro, ao deus poder. É um idolatra.
..................................................................................................................................................
Fonte: vaticannews.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário