O culto prestado
a Deus!
O culto prestado
a Deus!A Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos
mais ou menos suntuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos,
de disponibilidade para os seus projetos, de acolhimento generoso dos seus
desafios, de generosidade para doarmos a nossa vida em benefício dos nossos irmãos.
A liturgia do
32º Domingo do Tempo Comum fala-nos do verdadeiro culto, do culto que devemos
prestar a Deus. A Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos
externos mais ou menos suntuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas
suas mãos, de disponibilidade para os seus projetos, de acolhimento generoso
dos seus desafios, de generosidade para doarmos a nossa vida em benefício dos
nossos irmãos.
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Dom Eurico dos Santos Veloso |
As viúvas são
necessitadas e por isso mesmo simpatizam espontaneamente com outros necessitados.
Para um rico é difícil adentrar-se na experiência de um pobre. Para um pobre, é
a coisa mais simples do mundo. Os pobres são “totalizantes”(cf. Vultum Dei
Quaerere, n. 3). Os pobres não dão parcialmente do pouco que têm; dão tudo, dão
o total. A viúva do templo ofereceu as duas únicas moedas que tinha, foi
generosa(Mc 12,42). O próprio Jesus ficou alegremente espantado com o gesto
irrestrito daquela senhora.
A primeira
leitura (cf. 1Rs 17,10-16) apresenta-nos o exemplo de uma mulher pobre de
Sarepta, que, apesar da sua pobreza e necessidade, está disponível para acolher
os apelos, os desafios e os dons de Deus. A história dessa viúva que reparte
com o profeta os poucos alimentos que tem, garante-nos que a generosidade, a
partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida
em abundância.
O Evangelho (cf.
Mc 12,38-44) diz, através do exemplo de outra mulher pobre, de outra viúva,
qual é o verdadeiro culto que Deus quer dos seus filhos: que eles sejam capazes
de Lhe oferecer tudo, numa completa doação, numa pobreza humilde e generosa
(que é sempre fecunda), num despojamento de si que brota de um amor sem limites
e sem condições. Só os pobres, isto é, aqueles que não têm o coração cheio de
si próprios, são capazes de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera.
A grande
bem-aventurança proclamada por Jesus em sua primeira bem-aventurança é “Felizes
vós, os pobres”(Lc 6,20). A sua pobreza os veste com especial beleza, muito
apreciada por Jesus e por seu Pai.
A segunda
leitura (cf. Hb 9,24-28) oferece-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote que
entregou a sua vida em favor dos homens. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício,
qual é o dom perfeito que Deus quer e que espera de cada um dos seus filhos.
Mais do que dinheiro ou outros bens materiais, Deus espera de nós o dom da
nossa vida, ao serviço desse projeto de salvação que Ele tem para os homens e
para o mundo.
Jesus discreto
no templo: Vê os ricos, mas a sua atenção vira-se para a pobre viúva. Olhar
curioso, inquiridor? Não! Como seu Pai, Jesus ultrapassa as aparências, vê o
coração. A viúva deu toda a sua vida, tudo o que tinha. Não se questiona sobre
como vai viver a seguir. Dá um salto no abandono total de si mesma ao Senhor.
Ela é verdadeiramente filha de Abraão, o Pai da fé. Espera contra toda a
esperança. Lança-se nos braços de Deus. Ao olhar esta pobre viúva, Jesus devia
pensar certamente em si mesmo. Também nós somos reenviados a nós mesmos. Não se
trata daquilo que damos no peditório, em cada domingo! Trata-se da nossa fé, da
confiança que damos ao nosso Pai dos céus. Todos nós conhecemos momentos em que
tudo escurece, em que não temos mais apoios, em que a nossa vida parece tremer.
É então que se pode verificar a solidez da nossa fé, da nossa confiança.
“Senhor, eu creio, mas vem em auxílio da minha pouca fé! Pai, entrego-me nas
tuas mãos!”
Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora – MG
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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