sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Leituras da

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo

1ª Leitura: Dn 7,13-14
Profecia de Daniel
“Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.” 
...............................................................................................................................................................
Salmo: 92
Deus é rei e se vestiu de majestade, / glória ao Senhor!
Deus é rei e se vestiu de majestade, / glória ao Senhor!

Deus é rei e se vestiu de majestade, / revestiu-se de poder e de esplendor!
Vós firmastes o universo inabalável, / vós firmastes vosso trono desde a origem, / desde sempre, ó Senhor, vós existis!
Verdadeiros são os vossos testemunhos, † refulge a santidade em vossa casa / pelos séculos dos séculos, Senhor!
.........................................................................................................................................................
2ª Leitura: Ap 1,5-8
Livro do Apocalipse
Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra. A Jesus, que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém. Olhai! Ele vem com as nuvens, e todos os olhos o verão, também aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim. Amém! “Eu sou o alfa e o ômega”, diz o Senhor Deus, “aquele que é, que era e que vem, o todo-poderoso”.
...............................................................................................................................................................
Evangelho: Jo 18,33-37
Evangelho de São João:
Naquele tempo, Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” Jesus respondeu: “Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?” Pilatos falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?” Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?” Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. 


...............................................................................................................................................................
Reflexão:
Jesus, Rei do Universo!
“Tu o dizes: eu sou rei” (cf. Jo 18,37).
Chegamos ao fim do ano litúrgico chamado B celebrando a Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. A Palavra de Deus que nos é proposta neste último domingo do ano litúrgico convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus; deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se concretiza de acordo com uma lógica própria, a lógica de Deus.
Dom Eurico dos Santos Veloso
O Evangelho (cf. Jo 18,33b-37), especialmente, explica qual é a lógica da realeza de Jesus. O Reinado de Cristo se evidencia na sua “hora” (cf Jo 17,1), a hora de sua Paixão e morte de Cruz, que culminará com a ressurreição. O Evangelho deste ano nos insere na declaração de Jesus diante de Pilatos: “Tu o dizes: eu sou rei” (cf. Jo 18,37). Esta autorrevelação de Jesus coloca Pilatos numa situação estranha, pois o acusado reivindica realeza e reino(cf. Jo 18,36). Jesus criou, com estas palavras, um conceito absolutamente novo de reino e realeza, pois o fundamento deles é a Verdade: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que é da Verdade escuta a minha voz”(cf. Jo 18,37). Verdade e mentira, no mundo, estão continuamente misturadas. A Verdade, como tal, fica obscurecida. A Verdade é incômoda para o homem, mas é o guia mais seguro para que este saia da prisão de si e para a verdadeira liberdade. O mundo só experimentará a Verdade à medida que refletir Deus: a fonte e origem de toda a criação, a razão eterna de onde tudo brotou. A missão de Jesus é a de “dar testemunho da verdade”, isto é, manifestar a realidade de Deus e da sua vontade diante dos interesses e dos poderes do mundo. Deus é a medida, a razão, o sentido de tudo o que existe. Neste contexto, a Verdade é o verdadeiro “Rei” que dá a todas as coisas a sua luz e a sua grandeza. Toda a vida e a pregação de Jesus foi o anúncio do Reino de Deus. O centro da mensagem de Jesus é a cruz, é o Reino de Deus, instaurado com o seu sacrifício e que se torna presente na sua Pessoa. A realeza anunciada por Jesus diante de Pilatos é a realeza da Verdade: “Se permanecerdes na minha palavra ...) conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (....) Se, pois o Filho vos libertar, sereis, realmente, livres” (cf. Jo 8,31s.36). Assim, o Reino de Jesus é o “Reino da Verdade e da Vida, Reino da Santidade e da graça, Reino da Justiça, do amor e da paz!”.
A primeira leitura (cf. Dn 7,13-14) anuncia que Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a crueza, a ambição, a violência, a opressão que marcam a história dos reinos humanos. Através de um "filho de homem" que vai aparecer "sobre as nuvens", Deus vai devolver à história a sua dimensão de "humanidade", possibilitando que os homens sejam livres e vivam na paz e na tranquilidade. Os cristãos verão nesse "filho de homem" vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.
Na segunda leitura (cf. Ap 1,5-8), o autor do Livro do Apocalipse apresenta Jesus como o Senhor do Tempo e da História, o princípio e o fim de todas as coisas, o "príncipe dos reis da terra", Aquele que há-de vir "por entre as nuvens" cheio de poder, de glória e de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida e de paz. É, precisamente, a interpretação cristã dessa figura de "filho de homem" de que falava a primeira leitura.
O Evangelho (cf. Jo 18,33b-37) apresenta-nos, num quadro dramático, Jesus a assumir a sua condição de rei diante de Pôncio Pilatos. A cena revela, contudo, que a realeza reivindicada por Jesus não assenta em esquemas de ambição, de poder, de autoridade, de violência, como acontece com os reis da terra. A missão "real" de Jesus é dar "testemunho da verdade"; e concretiza-se no amor, no serviço, no perdão, na partilha, no dom da vida.
                Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
.............................................................................................................................................
              Reflexão: cnbbleste2.org.br     Banner: cnbb.org.br     Ilustração: franciscanos.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário