Atenção
com o consumismo; a generosidade alarga o coração.
O Evangelho
desta segunda-feira (Lc 21,1-4) inspirou a homilia do Papa Francisco na Casa
Santa Marta, em que advertiu para a "doença do consumismo".
Cidade do
Vaticano - O Papa começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa
Marta. Na homilia, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, onde há um
contraste entre ricos e pobres.
O Papa destacou
como muitas vezes no Evangelho Jesus faz este contraste e alguém poderia
“etiquetar” Cristo como “comunista”, mas “o Senhor, quando dizia essas coisas,
sabia que por trás das riquezas havia sempre o espírito maligno: o senhor do
mundo”. Por isso, disse uma vez: “Não se pode servir a dois senhores, servir a
Deus e servir às riquezas”.
A generosidade
nasce da confiança em Deus
Também no
Evangelho de hoje há um contraste entre os ricos que “depositavam ofertas no
tesouro” e uma viúva pobre que depositava duas pequenas moedas. Esses ricos são
diferentes do rico Epulão: “não são maus”, destacou o Papa. “Parecem ser
pessoas boas que vão ao Templo dar uma oferta”. Trata-se, portanto, de um
contraste diferente. O Senhor quer nos dizer outra coisa quando afirma que a
viúva lançou mais do que todos porque deu “tudo quanto tinha para viver”. “A
viúva, o órfão, o migrante, o estrangeiro eram os mais pobres na vida de
Israel” a ponto que quando se queria falar dos mais pobres, se fazia referência
eles. Esta mulher “deu o pouco que tinha para viver” porque confiava em Deus,
era uma mulher das bem-aventuranças, era muito generosa: “dá tudo porque o
Senhor é mais que tudo. A mensagem desta trecho do Evangelho é um convite à
generosidade”, evidenciou o Papa.
Fazer o bem
Diante das
estatísticas da pobreza no mundo, das crianças que morrem de fome, que não têm
nada para comer, não têm remédios, tanta pobreza – que se ouve todos os dias
nos telejornais e nos jornais – é uma atitude positiva questionar-se: “Mas como
posso resolver isto?”. Nasce da preocupação de fazer o bem. E quando uma pessoa
que tem um pouco de dinheiro se pergunta se o pouco que tem serve, o Papa
responde que sim, “como as duas pequenas moedas da viúva”.
Um chamado à
generosidade. E a generosidade é uma coisa de todos os dias, é uma coisa que
nós devemos pensar: como posso ser mais generoso com os pobres, com os
necessitados... como posso ajudar mais? “mas o senhor sabe, padre, que nós mal
chegamos ao final do mês” – “mas sobra alguma pequena moeda? Pense: é possível
ser generoso com estas... Pense. As pequenas coisas: façamos, por exemplo, uma
viagem nos nossos quartos, uma viagem no nosso armário. Quantos sapatos tenho?
Um, dois, três, quatro, 15, 20... cada um pode dizer. Demasiados... Eu conheci
um monsenhor que tinha 40... mas se você tem tantos calçados, dê a metade.
Quantas roupas que não uso ou uso uma vez por ano? É um modo de ser generoso,
de dar o que temos, de compartilhar.
A doença do
consumismo
Depois,
Francisco contou que conheceu uma senhora que quando fazia compras no
supermercado, sempre comprava para os pobres 10% do que gastava: dava o
“dízimo” aos pobres, destacou.
Nós podemos
fazer milagres com a generosidade. A generosidade das pequenas coisas, poucas
coisas. Talvez não fazemos isso porque não pensamos. A mensagem do Evangelho
nos faz pensar: como posso ser mais generoso? Um pouco mais, não muito... “É
verdade, padre, é assim, mas... não sei porque, mas sempre há o medo...” Mas há
outra doença, que é a doença contra a generosidade hoje: a doença do
consumismo.
Doença que
consiste em comprar sempre coisas. O Papa recordou que quando vivia em Buenos
Aires “todo final de semana tinha um programa de turismo-compras”: o avião
lotava na sexta à noite e se dirigia a um país a cerca de 10 horas de voo e
todo o sábado e parte do domingo ficavam comprando. Depois voltavam.
Uma doença
séria, a do consumismo, de hoje! Eu não digo que todos nós fazemos isso, não.
Mas o consumismo, o gastar mais do que precisamos, uma falta de austeridade de
vida: este é um inimigo da generosidade. E a generosidade material – pensar nos
pobres, “isso posso dar para que possam comer, para que se vistam” – essas
coisas, tem outra consequência: alarga o coração e o leva à magnanimidade.
Pedir a graça da
generosidade
Trata-se,
portanto, de ter um coração magnânimo onde todos entram. Concluindo, o Papa
exortou a percorrer o caminho da generosidade, iniciando com um “controle em
casa”, isto é, pensando “naquilo que não me serve, que servirá a outra pessoa,
para um pouco de austeridade”. É preciso pedir ao Senhor “para que nos liberte”
daquele mal tão perigoso que é o consumismo, que torna escravos, uma
dependência do gastar. “É uma doença psiquiátrica.” O Papa concluiu: “Peçamos
esta graça ao Senhor: a generosidade, que alarga o nosso coração e nos leva à
magnanimidade.”
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Assista:
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Fonte: vaticannews.va
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