Francisco:
"Igreja não marginaliza. Como Jesus, quer salvar todos"
Cidade do Vaticano (RV) – Depois de três semanas de trabalhos no Vaticano, chegou ao fim o Sínodo dos Bispos sobre a “Vocação e a Missão da Família na Igreja e na Sociedade Contemporânea”. Na conclusão do encontro, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro uma celebração eucarística, com a presença dos padres sinodais.
A primeira
leitura do dia apresenta o profeta Jeremias que, em pleno desastre nacional,
anuncia que “o Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel”. Já o Evangelho
deste domingo (25/10) apresenta o episódio do cego Bartimeu.
Em sua homilia,
Francisco relaciona as duas passagens: “assim como o povo de Israel foi
libertado graças à paternidade de Deus, Bartimeu foi libertado graças à compaixão
de Jesus.” Jesus deixa-se comover e responde ao grito de Bartimeu:
“Jesus acaba de
sair de Jericó. Mas Ele, apesar de ter apenas iniciado o caminho mais
importante, o caminho para Jerusalém, detém-Se ainda para responder ao grito de
Bartimeu. Deixa-Se comover pelo seu pedido, interessa-Se pela sua situação. Não
Se contenta em dar-lhe uma esmola, mas quer encontrá-lo pessoalmente. Não lhe
dá instruções nem respostas, mas faz uma pergunta: ‘Que queres que te faça?’
(Mc 10, 51). Com esta pergunta feita ‘face a face’, direta mas respeitosa,
Jesus manifesta que quer escutar as nossas necessidades”, explicou.
A este ponto, o
Pontífice fez uma observação ressaltando um “detalhe interessante”: Jesus pede
aos seus discípulos que chamem Bartimeu e estes dirigem-se ao cego usando duas
palavras, que só Jesus utiliza no resto do Evangelho: ‘coragem’ e ‘levanta-te’
– palavras de misericórdia, salientou o Papa.
“A isto são
chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem
em contato com a Misericórdia compassiva que salva. Quando o grito da
humanidade se torna, como o de Bartimeu, ainda mais forte, não há outra
resposta senão adotar as palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração.
As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia.
Hoje é tempo de misericórdia!”.
Prosseguindo, o
Papa lembrou que há algumas tentações para quem segue Jesus e o Evangelho
evidencia pelo menos duas. A primeira é viver uma “espiritualidade de miragem”,
não parar, ser surdo, “estarmos com Jesus” mas “não sermos como Jesus”, estar
no seu grupo mas viver longe do seu coração:
“Podemos falar
Dele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu coração, que Se inclina para
quem está ferido. Esta é a tentação duma “espiritualidade da miragem”: caminhar
através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o
que nós gostaríamos de ver; construir visões do mundo sem aceitar aquilo que o
Senhor nos coloca diante dos olhos. Uma fé que não sabe se radicar na vida das
pessoas permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos”.
Há uma segunda
tentação – assegurou o Papa – é a de cair numa “fé de tabela”.
“Caminhar com o
povo de Deus, mas tendo já a nossa tabela de marcha, onde tudo está previsto:
sabemos aonde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos
e qualquer inconveniente nos perturba. Corremos o risco de nos tornarmos como
“muitos” do Evangelho que perderam a paciência e repreenderam Bartimeu. O risco
de excluir quem incomoda ou não está à altura, enquanto Jesus quer incluir,
sobretudo quem está relegado para a margem e grita por Ele”.
Concluindo a
homilia, o Papa lembrou que Bartimeu pôs-se a seguir Jesus ao longo da estrada.
Não só recuperou a vista, mas se uniu à comunidade daqueles que caminhavam com
Jesus. Francisco agradeceu os padres sinodais e os convidou a continuarem a
percorrer o caminho que o Senhor deseja sem se deixarem ofuscar pelo pessimismo
e pelo pecado. (CM)
Assista:
...............................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................
Papa:
"Igreja não marginaliza. Como Jesus, quer salvar todos"
A palavra
‘sínodo’, explicou, significa ‘caminhar juntos, e “nós vivemos a experiência da
Igreja em caminho, especialmente com as famílias do Povo santo de Deus
espalhado pelo mundo”.
Assim o Papa
recordou a dramática realidade dos migrantes. Inspirando-se na Palavra de Deus
na profecia de Jeremias, Francisco disse que a Igreja não exclui ninguém:
“É uma família
de famílias, aonde quem se cansa não é marginalizado, não é deixado para trás,
mas caminha junto com os outros porque este povo caminha com o passo dos
últimos; como se faz nas famílias e como nos ensina o Senhor, que se fez pobre
com os pobres, pequeno com os pequenos, último com os últimos. Não o fez para
excluir os ricos, os maiores e primeiros, mas porque este é o único modo para
salvá-los, para salvar todos”.
“Confesso-lhes –
continuou o Papa – que comparei esta profecia do povo em caminho com as imagens
dos refugiados em marcha nas estradas da Europa: uma realidade dramática dos
nossos dias. Também a eles Jesus diz: ‘Partiram no pranto, eu os consolarei
após o sofrimento’. Estas famílias que sofrem, extirpadas de suas terras,
também estiveram conosco no Sínodo, em nossa oração e nos nossos trabalhos, por
meio da voz de alguns pastores presentes na Assembleia”.
“A Igreja, disse
o Papa, está próxima das muitas famílias de refugiados erradicados de suas
terras: ‘Estas pessoas, em busca de dignidade, em busca de paz, permanecem
conosco. A Igreja não as abandona porque fazem parte do povo que Deus quer
libertar da escravidão e clamar à liberdade”.
Antes de
conceder a bênção, Francisco fez votos que “o Senhor, por intercessão da Virgem
Maria, nos ajude também a colocar na prática as indicações emersas em fraterna
comunhão”. (CM)
........................................................................................................................
Fonte: radiovaticana.va news.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário