terça-feira, 20 de outubro de 2015

Com o Sínodo, família recupera seu espaço na Igreja

Cidade do Vaticano (RV) – Colocar a família no devido lugar no contexto da ação pastoral da Igreja: para o Arcebispo de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, este é um dos saldos deste Sínodo sobre a família.
Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Geraldo falou dos aspectos que se sobressaíram em seu grupo de trabalho:
Comemoração dos 50 anos do Sínodo
“Eu gostaria de sublinhar a ênfase que se tem dado à pastoral familiar. E quando falamos de pastoral familiar nós não estamos nos referindo apenas a uma atividade determinada, mas como algo transversal, que deve atingir numa pastoral assumida em conjunto toda a atividade da Igreja. Parece-me que, com o Sínodo, a família recupera um espaço muito importante na vida da Igreja. Não é apenas programar ações a favor da família. É isto e muito mais. É colocarmos a família no devido lugar no contexto da ação pastoral da Igreja. Este parece que é um ganho extraordinário e será um dos grandes saldos deste Sínodo que já está por se encerrar.”
RV: Há um tema em especial que concentrou os debates no seu círculo menor?
Dom Geraldo: “Eu diria que o leque se abriu, porque além das questões melindrosas, difíceis, complexas como se tem levantado, a situação dos divorciados e recasados civilmente, debateu-se a questão dos desafios que a família vive hoje nas realidades de violência. Seja a família como vítima de violências, as guerras, os atentados, o problema das drogas, seja também a violência no interior da própria família, que infelizmente em muitas situações acontece. E, em geral, vítimas dessas violências são as mulheres e as crianças. Tudo isso foi muito considerado e o leque foi se abrindo. O Sínodo não se deteve apenas em alguns aspectos, por mais que gerem expectativa na opinião pública, entretanto o tema do Sínodo é muito amplo. Parece-me que o grupo do qual participei esse leque se manteve aberto nessas várias perspectivas.” (BF)
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Família
não é somente um desafio, mas oportunidade para ser feliz
Concluiu-se na manhã desta terça-feira, no Sínodo dos Bispos sobre a família, o trabalho dos Círculos menores sobre a terceira e última parte do Instrumentum laboris, dedicado ao tema “A missão da família hoje”.
Na parte da tarde, a apresentação, aos Padres sinodais, dos Relatórios dos 13 grupos linguísticos e, esta quarta-feira, a publicação destes.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, conduziu a coletiva do dia sobre os trabalhos sinodais, tendo três cardeais como convidados: o espanhol Lluís Martínez Sistach (arcebispo de Barcelona); o sul-africano Wilfrid Fox Napier (arcebispo de Durban); e o mexicano Alberto Suárez Inda (arcebispo de Morelia).
A família não é somente um desafio, mas também e, sobretudo, uma oportunidade para ser felizes: disse o Card. Sistach reiterando que a preparação para o matrimônio, quer remota, quer imediata, é fundamental para evitar separações e divórcios.
Em seguida, o purpurado deteve-se sobre o Motu proprio do Papa Francisco acerca da reforma dos processos de nulidade matrimonial e reiterou tratar-se de uma reforma em harmonia com a misericórdia da Igreja, mas à luz da indissolubilidade.
Sínodo na reta final
Desse modo, os casais que experimentaram um falimento podem refazer sua vida, de cabeça erguida, diante de Deus e da Igreja.
Daí, o apelo do purpurado espanhol a fim de que seja incrementada a gratuidade de tais processos. Na eventualidade de não ser possível encontrar a verdade objetiva e imediata, observou o Cardeal, o processo breve torna-se ordinário.
“Nem todos os Tribunais eclesiásticos das dioceses do mundo dispõem de pessoas adequadamente preparadas” no setor, concluiu o arcebispo de Barcelona, e, portanto, o desafio se encontra também nesse campo.
A família constitui a base da sociedade, é sua célula fundamental, reiterou, por sua vez, o Cardeal Suárez Inda, fazendo votos de que todas as instituições atuem em defesa da família. Em seguida, o purpurado mexicano deteve-se sobre o drama dos migrantes, cuja situação cria muitas dificuldades às famílias não somente por causa da distância geográfica, mas também pelo aspecto normativo que por vezes impede a reunificação familiar.
A esse propósito, o arcebispo de Morelia agradeceu aos bispos dos EUA pelo grande trabalho de acolhimento que fazem com os migrantes mexicanos.
Outra chaga que atinge as famílias é a da criminalidade organizada e da globalização que muitas vezes deixa os jovens sozinhos, no processo educacional, ressaltou o purpurado.
Em seguida, em relação aos processos de nulidade matrimonial, afirmou: “Nós, bispos, temos agora uma maior responsabilidade, o Papa reconhece-nos como juízes misericordiosos a nível diocesano e, portanto, devemos ser testemunhas da Igreja, mãe de ternura”.
Por fim, respondendo à pergunta de um jornalista a propósito de uma possível viagem do Papa ao México, o Cardeal Suárez afirmou:
“Sem dúvida, a visita do Papa é um motivo de imensa alegria.” As datas ainda não foram estabelecidas, mas certamente será uma viagem centralizada nos temas da reconciliação e da paz.
Seguramente, continuou o purpurado, o Santo Padre irá ao Santuário de Guadalupe e, talvez, tenha a oportunidade de visitar alguma casa de detenção e de encontrar os jovens, para dar esperança ao país.
Depois foi dado espaço à África, com a reflexão do Cardeal Napier:
“Os bispos africanos trouxeram uma lufada de otimismo ao Sínodo”, a exemplo de Deus, mas também do Papa Francisco, afirmou o purpurado, que em seguida voltou seu olhar para os leigos, sobretudo para as famílias felizes.
“São eles – disse – que de certo modo indicam ao Sínodo a direção a ser tomada. É importante, portanto, concentrar-se na vocação e missão da família na Igreja de hoje e acompanhar os cônjuges, tanto antes quanto depois do matrimônio, porque se reforma a Igreja reformando a família, que constitui sua base.
Por fim, interpelado pela imprensa sobre a carta enviada por alguns cardeais ao Papa, o purpurado sul-africano reiterou: era uma missiva reservada ao Pontífice e estava muito no espírito daquilo que ele disse, ou seja, falar com sinceridade e ouvir com humildade.
Em todo caso, concluiu o arcebispo de Durban, trabalhando junto no Sínodo, nós, bispos, reencontramos o espírito de colegialidade, sempre buscando fazer o melhor da Igreja. (RL)
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