sábado, 6 de junho de 2015

Papa em Sarajevo para reforçar diálogo, paz e reconciliação

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco deixou a Casa Santa Marta na manhã deste sábado (06/06) e por volta das 7h30, embarcou, no aeroporto de Fiumicino, para Sarajevo, capital da Bósnia Herzegóvina. Esta é a sua 8ª viagem apostólica e a 2ª na área balcânica, tendo visitado a Albânia em setembro de 2014. 
Encorajar a convivência pacífica e a construção de um futuro comum, reforçando diálogo ecumênico e inter-religioso entre as comunidades: é este o objetivo do Pontífice nesta missão de apenas um dia, na qual encontrará todas as realidades do país. O lema da viagem è “A Paz esteja convosco”. 
A recepção na pista do aeroporto
O avião da companhia aérea Alitalia aterrissou em Sarajevo às 9h, aonde encontrou o representante católico da presidência da República, Dragan Covic e o Cardeal Vinko Pulijc, Presidente da Conferência Episcopal Bósnia. Na pista do aeroporto, o Papa cumprimentou diversas autoridades civis, militares e religiosas e saudou um grupo de 150 crianças e jovens vestidos com trajes típicos.
As várias etnias e religiões podem contribuir para a paz
"Nesta terra - disse-lhes Francisco, improvisando - as relações cordiais e fraternas entre muçulmanos, judeus e cristãos têm uma importância que vai além de seus confins. Elas testemunham ao mundo inteiro que a colaboração entre várias etnias e religiões em vista do bem comum é possível, que o pluralismo de culturas e tradições pode existir e contribuir para soluções originais e eficazes dos problemas; que mesmo as feridas mais profundas podem ser curadas com um percurso que purifique a memória e dê esperança ao futuro. Neste sentido - frisou - as crianças, todas juntas, são a 'aposta' para o futuro". 
Em seguida, foi a uma sala fechada do aeroporto para uma rápida audiência com Dragan Covic.
Medidas de segurança 
Durante todo o tempo em que Francisco esteve no aeroporto, três helicópteros militares sobrevoaram a pista. 
A comitiva deixou o aeroporto às 9h30 com Francisco em carro fechado, em direção do Palácio Presidencial, a cerca de 10 km, no bairro de Butmir, aonde existe uma base e um centro de formação da OTAN construídos em 2005. A viagem da delegação papal do aeroporto rumo ao centro da cidade foi acompanhada pelo toque dos sinos de todas as igrejas da capital e do país, que ressoaram em homenagem ao Papa. Milhares de pessoas saudaram o Pontífice das calçadas, agitando bandeirinhas branco e amarelas. 
No Palácio, Francisco foi acolhido para a cerimônia oficial de boas-vindas pelos três membros da Presidência (bósnio-muçulmana, croata-católica e sérvio-ortodoxa) que o homenagearam com honras militares. Na praça adjacente, foram apresentadas as delegações, executados os hinos nacionais e liberadas pombas brancas no ar, em sinal de paz.  Do lado de fora do Palácio, foram montados telões para que o público acompanhasse a solenidade. 
Após a saudação de boas-vindas do Presidente de turno, Mladan Ivanic, no Salão principal do Palácio, diante de cerca de 100 pessoas, o Papa proferiu o seu primeiro discurso, em italiano. O tradutor de Francisco nesta viagem é Pe. Mario Popovic, sacerdote croata oficial da Secretaria de Estado do Vaticano. A delegação de Francisco compreende ainda os Cardeais Parolin, Secretário de Estado, Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, e Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos; além do Arcebispo Becciu, substituto da Secretaria de Estado. (CM)
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No primeiro discurso, a esperança de uma 'primavera' bósnia

Sarajevo (RV) – Em seu primeiro discurso, em terras bósnias, o Santo Padre agradeceu às autoridades da Bósnia-Herzegóvina pela gentil recepção e expressou sua grande alegria por estar na cidade de Sarajevo, que, depois de tantos sofrimentos, por causa dos conflitos sangrentos do século passado, voltou a ser lugar de diálogo e convivência pacífica.
Sarajevo e a Bósnia-Herzegovina revestem um significado especial para a Europa e o mundo inteiro. Há séculos, nestes territórios, estão presentes comunidades que professam religiões diferentes e pertencem a distintas etnias e culturas, cada uma das quais se sente rica com as suas características peculiares e ciente das suas tradições específicas. Isto, porém, não impediu uma prolongada existência de mútuas relações amistosas e cordiais”.
"Vim como peregrino da paz e do diálogo"
A própria estrutura arquitetônica de Sarajevo apresenta traços visíveis e consistentes disso: sinagogas, igrejas e mesquitas, a ponto de a cidade ser chamada «Jerusalém da Europa». Na verdade, ela constitui uma encruzilhada de culturas, nações e religiões, que exige, sempre, a construção de novas pontes e a restauração das existentes, para uma maior comunicação fácil, segura e civil.
Por isso, o Papa sugeriu: “Precisamos comunicar, descobrir as riquezas de cada um, valorizar o que nos une e olhar as diferenças como possibilidades de crescimento, no respeito por todos. É necessário um diálogo paciente e confiante, para que as pessoas, as famílias e as comunidades possam transmitir os valores da própria cultura e receber o bem das experiências alheias. Assim, as graves feridas do passado recente podem se cicatrizar; pode-se encarar, com esperança, o futuro, e enfrentar, sem medos e rancores, os problemas existentes”.
A seguir, o Bispo de Roma falou sobre o objetivo específico da sua viagem ao país:
Vim como peregrino de paz e de diálogo, após 18 anos da histórica visita de São João Paulo II. Fico feliz ao ver os progressos realizados, pelos quais devemos agradecer ao Senhor e a tantas pessoas de boa vontade. Contudo, não se deve contentar com o que foi realizado até agora, mas dar novos passos para reforçar a confiança e criar oportunidades para aumentar o conhecimento mútuo e a estima. Para favorecer este percurso é fundamental a solidariedade e colaboração da comunidade internacional, da União Europeia e de todos os países e organizações presentes e atuantes operativos neste território.
Na verdade, esta amada nação, recordou o Pontífice, faz parte integrante da Europa; os seus sucessos e dramas constituem uma séria advertência para se fazer todo o esforço possível a fim de que os processos de paz iniciados se tornem cada vez mais sólidos e irreversíveis. E acrescentou:
Nesta terra, a paz e a concórdia entre croatas, sérvios e bósnios, e as iniciativas que tendem a aumentá-las ainda mais, as relações cordiais e fraternas entre muçulmanos, judeus e cristãos se revestem de uma importância que vai bem mais além das suas fronteiras. Elas testemunham, ao mundo inteiro, que é possível uma verdadeira colaboração entre as várias etnias e religiões, em prol do bem comum; um pluralismo de culturas e tradições pode subsistir e dar vida a soluções originais e eficazes dos problemas; as próprias feridas, até as mais profundas, podem ser curadas com um percurso que purifique a memória e dê esperança para o futuro”.
Neste sentido, o Santo Padre propôs reconhecer os valores fundamentais de cada um, para se colaborar, construir e dialogar, perdoar e crescer; somos os primeiros servidores das comunidades; os responsáveis políticos devem salvaguardar os direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo o direito à liberdade religiosa. Somente assim se pode construir uma sociedade mais pacífica e justa.
O Papa Francisco concluiu seu primeiro discurso, em Sarajevo, afirmando: “A Igreja Católica participa, por meio da oração e da ação dos seus fiéis e das suas instituições, da obra de reconstrução material e moral da Bósnia-Herzegovina, compartilhando das suas alegrias e preocupações; e busca ser solidária com os pobres e necessitados”.
A Santa Sé congratula-se pelo caminho feito nestes anos e assegura a sua solicitude em promover a colaboração, o diálogo e a solidariedade, sabendo que a paz e a escuta recíproca, em uma sociedade civil e ordenada, são as condições indispensáveis para um progresso autêntico e duradouro”.
A Santa Sé espera vivamente que a Bósnia-Herzegovina, com a contribuição de todos, possa continuar a avançar no caminho empreendido, para que, depois do gélido inverno, se possa chegar à primavera”. (MT/Sedoc)
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                                                                                    Fonte: cnbb.org.br      news.va

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