4º Domingo do Advento
A leitura do Segundo Livro de Samuel nos dá um alerta de que
não poderemos enquadrar Deus dentro dos nossos esquemas e, até, deveremos
desconfiar de nossas “boas intenções”.
O rei Davi tem
uma ideia que aparentemente é santa –construir um belo templo para guardar a
Arca da Aliança - mas na verdade seu inconsciente deseja justificar a
grandiosidade de seu palácio e posicionar Deus em um local. Nesse sentido sua
consciência ficaria tranquila.
A quarta vela da Coroa do Advento nos lembra: O Natal está próximo! |
Ora, Deus não se
enquadra e, menos ainda, pode ser usado para justificar nossos caprichos e
veleidades. O Senhor, ao contrário, diz a Davi que será Ele -Deus - quem
edificará uma casa para ele, uma casa no sentido mais nobre, Deus dará a Davi
uma importantíssima descendência, da qual nascerá o Salvador.
Poderemos nos
perguntar sobre qual visão temos de Deus, qual nosso modo de nos relacionar com
Ele? Queremos manipulá-lo, trazê-lo para justificar nossos interesses ou
estamos abertos para a novidade que Ele é, sem tentar ajustá-lo ao nosso modo
de ser, pelo contrário, adaptando-nos ao Seu querer?
Lancemos nosso
olhar sobre a reação dos personagens do Evangelho de hoje.
Deus vai buscar
uma virgem, em Nazaré, um lugar social e economicamente desprezável. Ora,
virgem na mentalidade da época era uma pessoa desprezível, que não havia
atraído sobre si o olhar de nenhum homem. No entanto é exatamente aí, em um
povoado abjeto e em uma pessoa sem importância que Deus irá se encarnar.
Por outro lado,
Maria e José terão suas vidas totalmente mudadas por Deus. Eles haviam
planejado um casamento comum e uma vida tranqüila. Deus entrou na vida dos
noivos dizendo a Maria que Ele queria que ela fosse mãe de Seu Filho e que a
ação seria por conta do Espírito Santo.
Maria,
generosamente deu o seu sim, sem exigir maiores explicações, mas apenas
obedecendo a Deus e confiando em Seu amor. Ela se põe à disposição do projeto
de Deus.
José, de
repente, percebeu que sua noiva estava grávida e ele não era o responsável. Ele
nada entendeu, não quis difamar aquela que, a seus olhos, era honesta e
procedeu de modo justo. Deus foi a seu socorro e o fez entender o que se
passava.
Segundo Isaías
(32, 15), é Deus quem transforma todos os desertos em jardins e os jardins em
florestas.
Porque Maria e
José foram abertos à vontade de Deus, acolhendo a missão dada a eles, a
Humanidade foi redimida e eternamente lhe é grata, ao sim de Maria e ao sim de
José.
Deixemo-nos
tocar por Deus. Cabe a Ele conduzir Seu plano de amor para nós e nosso papel no
mundo. Digamos como Maria, “Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Deus não
escolheu palácios para nascer, nem aceitou ser aprisionado em templos:
encarnou-se em uma pessoa e na vida das pessoas, e continuará a fazê-lo
mediante os que creem e se põem a serviço do Reino.
Pe. Cesar
Augusto dos Santos, SJ
.........................................................................................................................Fonte: radiovaticana
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