quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Papa na missa desta quinta-feira:

Deus se expressa com a ternura de uma mãe

Cidade do Vaticano (RV) – Deus salva o seu povo não de longe, mas se fazendo próximo de nós, com ternura. Na homilia da missa celebrada esta manhã na Casa Santa Marta, o Papa Francisco se inspirou no Profeta Isaías, fazendo uma comparação:
A proximidade é tão grande que Deus se apresenta aqui como uma mãe que dialoga com a sua criança: uma mãe que quando canta a canção de ninar ao filho, faz voz de criança e se faz pequena como ela, fala no seu mesmo tom a ponto de se passar por ridícula se alguém não entendesse o que de grande há ali: ‘Nada de medo, Jacó, pobre vermezinho’. Mas quantas vezes uma mãe diz essas coisas ao filho enquanto o acaricia, eh? Eis que vou fazer de ti um trenó triturador, novinho…tu serás grande… E o acaricia, e o põe mais perto dela. E Deus faz assim. É a ternura de Deus. Está tão perto de nós que se expressa com esta ternura: a ternura de uma mãe”.
Deus, igual a uma mãe, canta para cada um de nós uma canção de ninar
Deus nos ama gratuitamente – afirmou o Papa – como uma mãe ama o seu filho. E o filho “se deixa amar”: “esta é a graça de Deus”. “Mas nós, tantas vezes, para nos sentir seguros, queremos controlar a graça” e “na história e também na nossa vida temos a tentação de mercantilizar a graça”, torná-la “como uma mercadoria ou uma coisa controlável”, talvez dizendo a nós mesmos: “Mas eu tenho tanta graça” ou: “Tenho a alma limpa, estou em estado de graça”:
E assim esta verdade tão bela da proximidade de Deus escorrega numa contabilidade espiritual: ‘Não, eu faço isso porque me dará 300 dias de graça... Eu faço aquilo porque assim acumulo graça’. Mas o que é a graça? Uma mercadoria? E assim parece que sim. Parece que sim. E na história esta proximidade de Deus ao seu povo foi traída por esta nossa atitude, egoísta, de querer controlar a graça, mercantilizá-la”. 
O Papa recorda os grupos que nos tempos de Jesus queriam controlar a graça: os fariseus, escravizados pelas leis que pesavam “nas costas do povo”. Os Saduceus, com seus compromissos políticos; os Essênios, “bons, muito bons, mas tinham medo, não arriscavam” e acabavam se isolando em seus mosteiros. Os Zelotas, para quem a graça de Deus era a “guerra de libertação”, “outro modo de mercantilizar a graça”. 
“A graça de Deus – destacou – é outra coisa: é proximidade, é ternura... Esta regra vale sempre. Se em seu relacionamento com o Senhor você não sente que Ele lhe ama com ternura, então está lhe faltando alguma coisa; ainda não entendeu o que é a graça, ainda não recebeu a graça, esta proximidade”. 
O Papa Francisco recorda uma confissão de muitos anos atrás, quando uma mulher questionava a validez de uma Missa em que havia ido sábado à noite, para um casamento, que tinha leituras diferentes da de domingo. E assim lhe respondeu: “Deus lhe ama tanto quando a senhora. A senhora foi lá, recebeu a Comunhão, esteve com Jesus. Fique tranquila, o Senhor não é um comerciante, o Senhor lhe ama, lhe está próxima”.  
São Paulo reage com força contra esta espiritualidade da lei. “Eu sou justo se fizer isso, isso e aquilo. Se não fizer, não sou justo”. Mas você é justo porque Deus se aproximou de você, o acariciou, porque Deus lhe diz coisas bonitas, com ternura: esta é a nossa justiça, esta proximidade de Deus, esta ternura, este amor. Mesmo arriscando parecer ridículo, nosso Deus é tão bom! Se nós tivéssemos a coragem de abrir nosso coração a esta ternura de Deus, quanta liberdade espiritual teríamos, quanta! Hoje, se tiverem um tempo, em casa, peguem a Bíblia, Isaías, capítulo 41, versículos de 13 a 20, e leiam. A ternura de Deus, este Deus que nos canta a cada um de nós uma canção de ninar, como uma mãe”. (CM)
                                                                                       Fonte: radiovaticana.va
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