A Igreja é mãe e não precisa de um organograma
Cidade do Vaticano (RV) - "A alegria da Igreja é ser mãe, procurar as
ovelhas perdidas”, disse o Papa na missa matutina desta terça-feira, 09, na
Casa Santa Marta. O Papa reiterou que a Igreja não precisa ter um organograma
perfeito se for triste e fechada, se não for mãe. E convidou os cristãos a
serem “alegres” com a consolação da ternura de Jesus.
Francisco
iniciou sua homilia citando a primeira leitura, quando o Profeta Isaías fala do
fim da tribulação de Israel depois do exílio na Babilônia: “O povo precisa de
consolação; a presença do Senhor consola”. Uma consolação que existe também na
tribulação! “Todavia, advertiu Francisco, nós fugimos da consolação, não
confiamos, ficamos acomodados em nossas coisas, em nossas faltas, em nossos
pecados”.
A Igreja mostra sua face materna quando vai em busca dos que estão distantes |
Francisco
destaca que “a maior consolação é a da misericórdia e do perdão”. Dirigindo o
pensamento ao final do XVI capítulo de Ezequiel, quando após “a lista dos
muitos pecados do povo”, diz: “Mas eu não te abandono; eu te darei mais; esta
será a minha vingança: o consolo e o perdão”, “assim é o nosso Deus”.
Por isso,
reafirmou: “é bom repetir: deixem-se consolar pelo Senhor, é o único que nos
pode consolar”. A este ponto, o Pontífice refletiu sobre o Evangelho do dia,
extraído de Mateus, que fala da parábola da ovelha perdida:
“Eu me pergunto
qual seja a consolação da Igreja. Assim como uma pessoa se consola quando sente
a misericórdia e o perdão do Senhor, a Igreja faz festa, fica feliz quando sai
de si mesma. No Evangelho, aquele pastor que sai, vai em busca da ovelha
perdida, podia fazer as contas de um bom comerciante: com 99, não é um problema
perder uma; o balanço… Perdas, ganhos… Mas tudo bem, pode ser assim. Mas não,
tem um coração de pastor, sai para buscá-la até que a encontra e a festeja,
fica feliz”.
“A alegria de
sair para buscar os irmãos e as irmãs que estão distantes: esta é a alegria da
Igreja”, evidenciou Francisco. “Ali a Igreja se torna mãe, se torna fecunda”:
“Quando a Igreja
não faz isso, quando a Igreja para em si mesma, se fecha em si mesma, talvez
bem organizada, um organograma perfeito, tudo no lugar, tudo limpo, mas falta
alegria, falta festa, falta paz, e assim se torna uma Igreja desanimada,
ansiosa, triste, uma Igreja que parece mais uma solteirona do que uma mãe, e
essa Igreja não serve, é uma Igreja de museu. A alegria da Igreja é parir; a
alegria da Igreja é sair de si mesma para dar vida; a alegria da Igreja é ir em
busca daquelas ovelhas que estão perdidas; a alegria da Igreja é justamente
aquela ternura do pastor, a ternura da mãe”.
O fim do trecho
de Isaías, explicou, “retoma esta imagem: como pastor ele apascenta o rebanho,
e com o seu braço o reúne”. Esta é a alegria da Igreja, disse o Papa, “sair de
si mesma e se tornar fecunda”:
“O Senhor nos dê
a graça de trabalhar, de ser cristãos alegres na fecundidade da mãe Igreja e
nos proteja de cair na atitude desses cristãos tristes, impacientes,
desanimados, ansiosos, que têm tudo perfeito na Igreja, mas não têm ‘filhos’.
Que o Senhor nos console com a consolação de uma Igreja mãe que sai de si mesma
e nos console com a consolação da ternura de Jesus e de sua misericórdia no
perdão dos nossos pecados”. (CM/BF)
Fonte: radiovaticana.va
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