domingo, 9 de fevereiro de 2014

Reflexão para este

15º Domingo do Tempo Comum

Jesus utiliza uma simbologia muito compreensível. Precisamos ser sal: dar gosto, sabor... Precisamos ser luz: iluminar a vida, dissipar as trevas...
O sal dá sabor. Os termos “sabor” e “saber” derivam do mesmo termo latino, como também o termo “sabedoria”. Deste modo, podemos dizer que ser sal é adotar a sabedoria, ou seja, o saber que dá sentido ao curso do existir. Antes de ser uma missão para fora, deve ser uma tarefa individual, ou seja, o cristão deve dar gosto para a sua vida e, depois, propagar o sabor da vida ao mundo.
Jesus fala do risco do sal se tornar insosso, ou seja, do perigo de nossa existência se tornar vazia, fria e sem vitalidade. Há muitas as causas desta falta de sabor. O Papa Francisco, falando sobre os agentes pastorais, destaca algumas causas do cansaço e desmotivação pastoral (cf. Evangelii Gaudium 82). Tais causas, apontadas pelo Papa, não somente valem para a prática evangelizadora, mas para a vida de qualquer pessoa. Eis os pontos: a) sustentar projetos irrealizáveis, e não viver com alegria o que é possível: não se trata da falta de ambição com a vida, mas de ter os pés no chão; b) desejar que tudo caia pronto do Céu: tudo acontece mediante um processo, que exige luta laboriosa; c) cultivar sonhos baseados na vaidade humana: é preciso sempre avaliar as motivações de nossos projetos; d) preocupar-se mais com as normas do que com as pessoas: a vida se torna uma obrigação, o seguimento fiel do protocolo, da lei, sem considerar que a caridade é o fundamento maior; e) desejar resultados imediatos, sem se preparar para a crítica, para a cruz e para o fracasso.
A Igreja torna-se sem sabor quando cai no pragmatismo. O Papa ainda fala de uma “psicologia do túmulo”: “Desiludidos com a realidade, com a Igreja ou consigo mesmos, vivem constantemente tentados a apegar-se a uma tristeza melosa, sem esperança, que se apodera do coração como ‘o mais precioso elixir do demônio’” (Evangelii Gaudium 83). Não podemos perder a alegria da boa nova. 
A vida da Igreja e a vida pessoal tornam-se insossas pela tristeza e pelo pessimismo. O sabor será devolvido quando soubermos encarar a vida com realismo: não viver o pessimismo do fracasso diante das dificuldades, nem criar falsas expectativas diante das alegrias. É preciso agradecer a Deus tudo: o bom e o ruim. Não culpar Deus pela cruz e nem buscar sempre soluções mágicas diante das adversidades. A vida terá o seu sabor quando vivermos o presente como o momento mais importante, colocando nossas energias na situação do hoje, diante das situações que se apresentam agora, vivendo cada minuto com intensidade. Não é fácil, pois sempre será mais cômodo lamentar o passado e esperar demasiadamente do futuro.
Jesus também nos pede para que sejamos luz. Para o profeta Isaías, ser luz é testemunhar a caridade: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o e não desprezes a tua carne. Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia” (Is 58,7-8.10). Nossas atitudes de misericórdia e de ternura, os gestos concretos de amor que independem do credo, a preferência pelos pobres e sofredores, o desapego de si e dos bens, os testemunhos em prol de quem precisa de nossa ajuda, tudo isso são atitudes que dão sabor ao mundo, que fazem acender a luz onde existem trevas. 
                                                                                                   Padre Roberto Nentwig
Fonte: catequeseebiblia.blogspot.com.br    Ilustração: tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com.br
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