30 de dezembro de 2012
Sagrada Família de Jesus, Maria e José
Sagrada Família de Jesus, Maria e José
1ª Leitura: Eclo 3,3-7.14-17a Salmo: 127,1-2.3.4-5 2ª Leitura: Cl 3,12-21
Evangelho: Lc 2,22-40
Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: 'Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor." Foram também oferecer o sacrifício - um par de rolas ou dois pombinhos - como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: "Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel." O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma". Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
Jesus ocupa-se das coisas do Pai
No prólogo de seu evangelho, Lucas se propõe a "escrever de modo ordenado" os fatos sobre Jesus. Esta "ordem" de Lucas não segue um critério histórico, mas teológico, procurando interpretar Jesus em sua filiação divina e o seu sentido para o Primeiro Testamento.
Nesta cena do menino Jesus entre os doutores no Templo são apresentados temas que serão aprofundados ao longo do evangelho. Nela é posta em evidência a autonomia de Jesus em relação à família, que no judaísmo é o vínculo essencial para o privilégio da eleição divina, e a autonomia em relação ao sistema opressor e elitista do Templo. Ao afirmar "eu devo estar na casa de meu pai", Jesus revela-se como Filho de Deus. Jesus ocupa-se com o que é de seu Pai, comunicar a vida plena a todos, homens e mulheres, criaturas de Deus, libertos de toda opressão. Iniciando seu ensinamento no Templo, Jesus volta depois para denunciá-lo por ter-se transformado em covil de ladrões (Lc 19,45-46). Priorizando o que é de seu Pai, mesmo estando obediente a seus pais, Jesus revela que a família dos filhos de Deus (segunda leitura) é formada por aqueles que cumprem o mandamento de amor, permanecendo em Deus e Deus neles, em comunhão de vida eterna.
Uma das características de Lucas é apresentar Jerusalém como centro de irradiação do cristianismo. Assim, em seu evangelho, desde o início as narrativas de infância convergem para Jerusalém (Zacarias no Templo, apresentação no Templo, Jesus entre os doutores), e, no final, após a ressurreição, encerra-se com o mandato de permanência dos discípulos em Jerusalém (Lc 24,52), complementado, em Atos dos Apóstolos, com o dom do Espírito na festa judaica de Pentecostes. Sua intenção teológica é apresentar o cristianismo como um novo Israel, que se irradia a partir da velha Jerusalém. Os demais evangelistas apresentam a Galileia, e não Jerusalém, como centro de retomada da missão, depois da ressurreição (Mc 16,7; Mt 28,7.10.16; Jo 21,1).
Jesus se diferencia de Samuel (primeira leitura), pois ele não é consagrado para um serviço no Templo, mas consagra sua vida no convívio comum com sua família e as multidões, libertando e comunicando vida a todos, conforme o direito à vida dos filhos de Deus.
A Sagrada Família questiona e convida à conversão aquelas famílias estabelecidas sob a continuidade do vínculo sanguíneo de raça eleita, bem como as famílias tradicionais, conservadoras em torno de suas propriedades e riquezas.
José Raimundo
Oliva
Fonte: http://www.paulinas.org.br
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