2º Domingo do Advento
O evangelho deste domingo começa nomeando os
líderes políticos e religiosos daquele tempo, em uma data bem definida – o 15º Ano do imperador Tibério: o poder central, com o imperador Tibério e o seu
prefeito Pôncio Pilatos; o poder local, com Herodes, Filipe e Lisânias; o poder
religioso, com os sumos sacerdotes Anás e Caifás. Estes personagens pertencem à
história, e com eles podemos fazer a cronologia de Jesus, de forma aproximada.
O 15º Ano do Imperador Tibério César coincide com o ano 27/28 de nossa era.
Lucas afirma que Jesus começou sua pregação com cerca de 30 anos. Herodes
administrou a Galiléia até 39 d.C. Caifás ficou sumo sacerdote entre 18-36 d.
C. Pôncio Pilatos foi procurador romano entre 14 e 37 d.C.
Portanto, o evangelho nos evidencia que Jesus viveu
em um contexto bem determinado, ou seja, Ele é parte de nossa história, ainda
que muitos queiram reduzir a uma fábula. Situar a pregação de João (e depois a
de Jesus) entre os grandes poderosos da época ainda tem outro significado: o
profeta do deserto é mais importante do que os poderosos; mais importante do
que todos eles é o Cristo, aquele que veio nos trazer a salvação. O que
aconteceu com Tibério, Herodes, Pilatos, Caifás, Anás? Morreram todos eles e os
seus reinos. Por outro lado, a mensagem suave de Jesus de Nazaré, sua pessoa,
sua vida, a salvação por ele oferecida continua.
Neste quadro histórico se encontra João Batista.
Trata-se de um profeta que surge depois de 300 anos sem profetismo em
Israel. Ele rompe o silêncio para preparar o maior acontecimento da
história. Asceta do deserto, ele prega um caminho de conversão. Seu estilo nos
lembra personagens históricos como Antônio Conselheiro: de barbas longas e
roupas pobres, que prega a conversão com severidade. Certamente, Jesus foi mais
suave, mas não menos radical.
A voz de João Batista é a grande mensagem deste 2º.
Domingo do advento: “Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, os montes e as colinas
serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos
acidentados serão aplainados!” (Lc 3,4-5). É como arrumar um armário. Por
vezes, é preciso tirar toda a bagunça, para depois colocar tudo em seu lugar.
Se alguma coisa está desarrumada na nossa vida, quando chega a um nível
crítico, agente resolve colocar no lugar. João resgata a palavra de Isaías, um
convite para se aplainar o caminho, para se nivelar as montanhas. O que está
precisando ser arrumado na sua vida? O que precisa ser convertido? Será que
existe um armário tão desarrumado, do qual caem todas as coisas? Se existe, que
tal dar uma arrumada no armário? Que tal dar uma aparada nos montes da vida? O
advento é uma oportunidade preciosa que não podemos desperdiçar.
O advento nos convida para um verdadeiro êxodo da
terra da escravidão para a terra da liberdade. Deixar as cadeias que nos
prendem e voltar para a bondade de Deus que nos ama, na alegria da certeza de
que Deus se lembra de nós, de que não se esquece, como nos diz o profeta Baruc.
Na segunda leitura, depois de saudar a comunidade e
render graças por tudo o que Deus fez em Filipos, Paulo faz uma prece: “que o
vosso amor cresça sempre mais, em todo conhecimento e experiência, para
discernirdes o que é melhor” (Fl 1,9-10). Para crescer é preciso saber
discernir, ou seja, olhar para a vida com sabedoria, para fazer as melhores
escolhas. Note-se que a exortação não é para discernir entre o bem e o mal, mas
para escolher o que é tem mais valor (diria outra tradução). A
melhor escolha certamente é amor. Para que haja conversão neste advento, o amor
deve ser o critério. O que é melhor para a nossa vida? É preciso responder com
sinceridade, sem mascarar a verdade. E onde não há amor? Lá certamente poderá
haver o que realmente prepara os caminhos para se receber o Salvador. Preparai
o caminho do Senhor!
Padre Roberto Nentwig
Fonte: http://catequeseebiblia.blogspot.com.br/
Ilustração: http://www.comshalom.org
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