Quaresma com São José
Quaresma com São
José! A cada semana da Quaresma, o Pe. Rafhael Silva Maciel propõe uma pequena
catequese, que este ano terá como linha guia o Ano de S. José, proclamado pelo
Papa Francisco. Pe. Rafhael é Missionário da Misericórdia e Mestre em Sagrada Liturgia.
Confira a primeira reflexão.
Vatican News - A
Quaresma é aquele tempo especial na liturgia da Igreja que precede e prepara-nos
para a celebração anual da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso mesmo, é
tempo oportuno e especial para a escuta da Palavra de Deus e para atender ao
seu chamado à conversão através da oração, do jejum e da esmola (cf. Mt. 6,
1-6. 16-18).
Neste tempo em que
o Santo Padre Francisco convocou toda a Igreja para viver um ano dedicado à
meditação sobre São José faremos nosso caminho quaresmal acompanhados pelo
esposo da Bem Aventurada Virgem Maria.
Na Mensagem para a
Quaresma 2021, o Papa escreve que “neste tempo de conversão, renovamos a nossa
fé, obtemos a ‘água viva’ da esperança e recebemos com o coração aberto o amor
de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo (...).
O itinerário da
Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da
Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir
a Cristo”. Tendo diante dos olhos a São José buscaremos fazer com que a fé, a
esperança e a caridade deem frutos verdadeiros em nós.
Na Palavra de Deus
não há muitas informações sobre São José; nós encontramos nos Evangelhos de São
Mateus e São Lucas as poucas informações a respeito dele, principalmente,
ligando o Santo Patriarca aos eventos da infância e adolescência de Jesus
Cristo.
Ele era um homem
do seu tempo, da linhagem do rei de Davi, trabalhador, noivo e esposo de Maria,
pai nutrício de Jesus Cristo, chamado de “homem justo” (Mt. 1,19). Uma vez que
somos chamados à conversão, “apesar da secularização da sociedade
contemporânea, o povo cristão chama à atenção, claramente, que durante a
Quaresma é necessário dirigir as almas para as realidades que realmente
importam; isso sim exige empenho evangélico e coerência de vida, traduzida em
boas obras, em formas de renúncia ao que é supérfluo e lascivo, em
manifestações de solidariedade com os sofredores e necessitados” (Diretório
para Liturgia e piedade popular, 125).
São José é o homem
discreto, muitas vezes despercebido, que não faz as coisas para o espetáculo,
para ser visto pelos homens (Mt. 6,1). Essa presença discreta e quase
despercebida não é fuga de responsabilidades, não é omissão, pelo contrário, é
ocasião para viver a justiça verdadeira, que é fazer a vontade de Deus em toda
a sua inteireza.
São José é
conhecido como “justo”, não o é como os justos aos olhos do mundo, mas como
quem tudo realiza conforme a vontade de Deus, como bem define o Catecismo da
Igreja Católica: “A justiça é a virtude moral que consiste na constante e firme
vontade de dar a Deus e ao próximo aquilo que lhe é devido” (n. 1807).
O justo sabe-se
dependente de Deus, sabe que somente o cumprimento da vontade de Deus realizará
de modo pleno e saciará a sua vida. Deste modo, São José, como justo que era,
vivia as leis da religião do seu tempo para agradar a Deus, somente. E o jejum
praticado de modo justo é agradável a Deus, ajuda-nos a entender que nós não
nos bastamos a nós mesmos! E que outra criatura humana, depois de Maria, pode
nos dar exemplo de total submissão à vontade de Deus, que não o amado São José?
No Guardião da
Família de Nazaré “todos podem encontrar (...) um intercessor, um amparo e um
guia nos momentos de dificuldade” (Francisco, Patris corde, introdução). São
José é um intercessor! Em outras palavras, é homem de oração, de profunda
intimidade com o seu Deus e Senhor. No caminho quaresmal somos chamados a
sermos cada vez mais pessoas de oração – de corpo, alma e espírito voltados
para o Céu. Porque era um homem de oração São José soube em tudo reconhecer e
cumprir a vontade do Pai que está no Céu (Mt. 6,1).
Homem de bem,
trabalhador operoso, São José é um amparo para os que dele e nele esperavam,
especialmente sua esposa e o filho que Deus lhe confiou para cuidar. Neste
tempo de conversão somos chamados a cuidar ainda mais um dos outros, pela
caridade operativa para com os mais necessitados, pela prática da esmola, que
mais do que, simplesmente, dar uma esmola é ter o coração em Deus na esmola
dada e no serviço realizado em favor de alguém. Por isso, no caminho quaresmal
que iniciamos com a Quarta-feira de Cinzas, recordando nossa vida efêmera e
passageira sobre a terra, façamos o firme propósito, olhando para São José, de
nos convertermos ainda mais para o Senhor, pelos exercícios espirituais do
jejum, da oração e da esmola que “tal como são apresentados por Jesus na sua
pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua
expressão” (Francisco, Mensagem para Quaresma 2021). Sejamos presença discreta
e atuante, pelo amor a Deus, na vida de tantas pessoas necessitadas.
Como primeiro
gesto concreto quaresmal sejamos intercessores e custódios como São José.
Durante essa Quaresma escolhamos alguém ou alguma instituição por quem nos
comprometamos em rezar e a fazer sacrifícios! Sim, rezar – porque a primeira
ação nossa por alguém deve ser sempre a oração. As ações que possamos vir a
realizar deverão ser ações rezadas, para que sejam feitas conforme a vontade do
Senhor. São José, providenciai! Boa oração, abençoada meditação!
Roma, 17 de
fevereiro de 2021
Quarta-feira de
Cinzas
Pe. Rafhael Silva
Maciel
Missionário da
Misericórdia Mestre em Sagrada Liturgia
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