Valores e limites
"A desorganização social limita a vida das pessoas, porque os valores que contam são desprezados".
A sociedade é formada
pelo povo, porque existe nele a capacidade para criar vínculos comunitários e
culturais. Significa que ela (a sociedade) não pode ser interpretada como uma
mera soma de interesses populistas e desqualificação. Ali existem as
organizações sociais, as ciências e as instituições que a dão sustentação
dentro dos aspectos mítico e institucional, com a proteção da ordem pública.
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Dom Paulo Peixoto |
A desorganização
social limita a vida das pessoas, porque os valores que contam são desprezados.
Assim, tudo aquilo que é instituído acaba não tendo a tutela da organização
civil, pois os laços de convergência ficam fragilizados. É o caso da família,
por exemplo, ficar sem condição mínima de bem-estar por falta de segurança, de
trabalho, de capacidade competitiva e de autonomia cidadã.
É fundamental a
existência da organização da sociedade para que seja evitado o isolamento e a
impossibilidade de vida melhor. O bom samaritano (cf. Lc 10,33) teve que levar
o ferido para um hospital. Ele sozinho não seria capaz de resolver o problema
no momento. Significa que ideologias individualistas e interesseiras não têm
eficácia para resolver os problemas das pessoas sofridas.
Os criadores de
opinião, os meios de comunicação social e a propaganda política conseguem mudar
o coração humano, os hábitos e o estilo de vida das pessoas e provocar uma
cultura individualista, ingênua e fechada em si mesma para assim defender
interesses econômicos egoístas e poder. A consequência maior é a fragilidade
humana e a tendência constante para práticas egoístas.
A sociedade
precisa reagir mediante as injustiças que a ameaçam para melhorar a qualidade
das relações humanas. Para isso são necessários novos hábitos educativos,
pensar a vida humana de forma mais integral e com sustentação espiritual. Ela
não pode continuar submissa e refém dos constantes abusos praticados pelos
poderes econômicos, tecnológicos, políticos e mediáticos.
Para aliviar um
pouco o sofrimento de tantos excluídos da cultura moderna, necessitamos de uma
economia que consiga diversificar a produtividade contemplada por criatividade
empresarial para aumentar os postos de trabalho. A especulação financeira com
ganância de lucro causa muitos estragos na sociedade, porque não coloca a
dignidade humana no centro de suas ações.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo Metropolitano de Uberaba
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