quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Oportunas reflexões de Dom José Francisco

O arcebispo de Niterói (RJ), Dom José Francisco Rezende Dias, em três artigos semanais, trouxe importantes reflexões sobre o contexto da pandemia. Reúno aqui as três matérias.

Os desafios de manter-se são

Tem-se falado que a Pandemia de COVID-19 é um fenômeno mundial de características únicas na extensão, velocidade de crescimento, impacto geral na população e nos serviços de saúde. Além disso, ocorre em um contexto de acesso a muita informação e em tempo muito curto.

Dom José Francisco

Os impactos já atingiram a saúde mental. Cada um reage de maneira diferente a situações estressantes: o modo como cada um responde à pandemia depende da sua história de vida, das características particulares e da comunidade em que vive.

Entre os que respondem mais intensamente, ao estresse do momento, estão os idosos ou portadores de doenças; os profissionais de saúde, sobretudo, os que trabalham no atendimento à pandemia; pessoas com transtornos mentais, incluindo os relacionados ao uso de substâncias químicas.

O distanciamento social, a redução de estímulos, a perda de renda e alterações significativas na rotina trazem suas reações: 1) medo de ficar doente, perder a fonte de renda, morrer; 2) todo tipo de evitação, até de procurar um serviço de saúde, por receio da contaminação; 3) preocupação real na obtenção de alimentos, remédios e suprimentos pessoais; 4) alterações do sono e da concentração ocasionados por pensamentos intrusivos; 5) sentimentos de desesperança, tédio, solidão e depressão devido ao isolamento; 6) irritabilidade pela perda de autonomia; 7) medo de ser socialmente excluído por ter ficado doente; 8) preocupação com a possibilidade de membros da família contraírem e transmitirem o vírus; 9) receio de as crianças não receberem cuidados adequados; 10) risco do desencadeamento de transtornos mentais; 11) risco de perder a pessoa amada sem poder se despedir;  12) reações de estresse ligadas a notícias falsas e sensacionalistas.

O que fazer é a grande pergunta do momento. Vamos nos deter nela nos próximos artigos.

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Você pode conseguir

A atual pandemia de COVID-19 está sendo estressante para muitos e as sensações de medo e ansiedade podem ser ainda piores para aqueles que precisam estar em isolamento.

Algumas recomendações básicas, que já conhecemos, poderiam ajudar neste momento. Nunca é demais recordar. As dicas abaixo estão focadas no bem-estar psicológico das pessoas e associadas às recomendações médicas em relação à contenção da pandemia.

Primeiro de tudo: prepare-se.

Isto não significa estocar alimentos ou produtos de limpeza. Não há previsão de falta de produtos, se todos comprarem somente o necessário. As outras pessoas também precisarão dos mesmos produtos que nós.

Não sabemos quanto tempo a quarentena irá necessitar para estabilizar a pandemia em números aceitáveis. Por isso, é bom nós pensarmos no que, realmente, vamos precisar neste período. Quais os alimentos, quais os medicamentos essenciais? Se alguém usar medicamentos com prescrições, obtenha o medicamento relevante antes de autoisolar-se.

E não seria bom fazer um plano com seus vizinhos e amigos, como, quem pode levar comida, quem pode ir ao mercado, quem está disponível para qualquer emergência?

Toda situação de exceção mostra sempre o melhor e o pior de nós. Em qual dessas situações queremos nos incluir e por qual delas queremos ser lembrados?

Não existe um tempo oficial estabelecido para a duração do período de isolamento: estes prazos estarão sempre submetidos à atualização. Por isso, é preciso viver o dia a dia, como a oração do Pai-Nosso nos inspira.

Por fim, ficar em um único local, por períodos prolongados, pode ser estressante. Experiências de astronautas, pesquisadores na Antártica e outros em situações extremas, já mostraram como ficar sozinho é bem difícil. Mas você pode conseguir.

Volto ao tema na semana que vem, apontando algumas dicas.

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Cuidados para o tempo presente

Diante da pandemia, alguns cuidados são urgentes. Além daqueles preceitos higiênicos, que todos já conhecem, esses irão ajudar você a se manter (como se diz) “de cabeça boa”: mente sã num corpo são.

Mantenha o máximo de sua rotina diária possível. Continue usando o despertador: levante-se, vista-se, faça o café da manhã. Estabeleça metas para o seu dia. Se você não conseguir manter determinadas rotinas por não poder sair de casa, tente encontrar alternativas. Se você puder, fique em casa, não saia. Mas jamais fique ocioso.

Se estiver fora do ambiente de trabalho, use esse período para fazer as coisas que você queria fazer há muito tempo. Assista a todas as séries e filmes que você queria ver. Leia todos os livros, que ficaram acumulando poeira na prateleira. Limpe a casa. Reorganize seu quarto. Faça as coisas que você sempre quis e nunca teve tempo.

Seja criativo. Pinte. Cante. Escreva uma música, um poema, aquele conto que você queria escrever há tanto tempo. Faça coisas aleatórias que prendam sua atenção. Que tal, finalmente, organizar o seu computador? Ele deve estar cheio de documentos e pastas inúteis! Não seria ótimo organizar tudo de acordo com as necessidades atuais? E as fotos digitais? Este é um ótimo momento para relembrar sua história e organizar os fatos.

Já ia me esquecendo. Seja gentil com as pessoas próximas. 

Para muitos de nós, será um desafio ficar com outras pessoas em um ambiente fechado, como numa casa ou apartamento, mesmo que estejamos rodeados de entes queridos e amados. Viver, por longos períodos, em espaços confinados, não deixa de ser estressante. E essa é a novidade do momento, nunca experimentada em, pelo menos, 100 anos.

Algumas recomendações podem ajudar.

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