A vacina da empatia e do altruísmo
Iniciou no Brasil
a vacinação contra o COVID; abre certamente um lampejo de esperança, que venha
a reverter a crise sanitária que nos fustiga a tempo. Para nós, cristãos, nada
mais certo que vacinarmos, pois, como está no capítulo 38 do Eclesiástico, Deus
se serve do médico, dos remédios e da ciência para curar.
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Dom Roberto |
Os trabalhadores
da saúde, os pesquisadores, fazem parte da Providência divina e exultam o dom
da inteligência com o qual o Criador nos brindou para sermos cuidadores e
jardineiros da Terra. Vacinar-se é um ato de amor e de gratidão para com Deus e
um dever de responsabilidade e cuidado para com nossos irmãos. Todavia, seria
necessário, para sair desta crise, crescer na empatia e no altruísmo.
Assim, como o
médico cura, também ativando em nós processos de autocura e de desejo de viver,
a empatia nos coloca em lugar do outro compreendendo cordialmente os
sentimentos e percepções dos nossos irmãos. Quando a arrogância e a vontade de
poder, a chamada mosca azul, toma conta de nós, já vemos mais a humanidade, as
necessidades dos outros, suas fragilidades e carências, mas somente meios e
recursos para serem usados e descartados, desaparecem diante dessa terrível
insânia as pessoas concretas, seus rostos e seus dramas.
É preciso
abandonar as patologias do poder e da dominação para construirmos, como afirma
o bioeticista Frans de Wall, a civilização da empatia e da ternura. O que nos
faz evoluir como espécie sempre será a cooperação, a solidariedade e a ajuda
mútua. Nosso Deus é harmonia e paz, e para alcançar a felicidade e a comunhão
com Ele, temos que converter-nos a esta realidade ontológica e existencial:
todos somos irmãos.
Não existe vacina
para o amor, mas na nossa imagem divina descobrimos no interior do nosso
coração e na nossa consciência mais íntima a saudade de comunhão e
pertencimento, de família e fraternidade. Ao vacinarmo-nos optemos por uma nova
vida, um novo estilo de pensar e ser, uma parceria e aliança de amor, ternura e
cuidado para com todas as pessoas e criaturas, fazendo da Terra uma morada de
paz e saúde plena. Deus seja louvado!
Dom Roberto
Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
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