domingo, 23 de agosto de 2015

Reflexões sobre a Vocação dos Cristãos leigos e leigas

Vocação laical,
presença, compromisso e esperança a serviço do Reino
O quarto domingo de agosto focaliza a vocação laical, isto é dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade que tentam ser luz do mundo e sal da terra. Ao celebrarmos os cinqüenta anos do Concilio Vaticano II e o jubileu de prata da Encíclica“Chritifideleslaici”, de São João Paulo II, descobrimos com alegria os avanços do laicato em consciência, organização e a ação, bem como a valorização da raiz batismal de seu ser e missão.
Eucaristia e Palavra,
alimentos dos cristãos na família e na sociedade
Notamos no entanto uma concentração dos leigos e leigas em espiritualidades e serviços internos da Igreja, perdendo consistência na linha de atuação e inserção no mundo. De fato há espaços chamados de " novos areópagos " ou de " átrio dos gentios " onde se tomam as decisões e se forjam os critérios de valor e referência da cultura contemporânea, que mostram a falta e carência de leigos cristãos, nesses âmbitos.
No contexto da Reforma Política e na Pastoral da Cidadania onde se tece a articulação dinâmica da fée a política, ainda é escassa e pouco renovada a liderança de cristãos que possam construir a alternativa do poder-serviço e uma política inclusiva, transparente e equitativa para com os pobres. No campo da comunicação se visibilizam práticas por vezes fragmentadas e pietistas que desconexas com a realidade são manipuladas e não estimulam o compromisso transformador do leigo. Mas este entorno de dificuldades não é empecilho para alegrar-nos com um processo crescente de consciência verificado na construção, elaboração e discussão do Documento 107 (sobre a missão dos leigos e leigas), a preparação do Ano do Laicato, e a participação nos Encontros e Assembleias do Conselho Nacional de Leigos do Brasil como em junho deste ano no Centro Gianeta, São Paulo.
Temos que estar a altura dos desafios do presente momento, que passam por consolidar a democracia e as instituições republicanas aprofundando e garantindo os direitos sociais que estão sendo desconstruídos e roubados, e afugentar a ameaça de um Estado de Exceção contra os trabalhadores e cidadãos do Brasil. Não é hora de indiferença, passividade ou ações destemperadas ou provocativas que desestabilizem a nação, mas de diálogo e construção de um projeto amplo e democrático para o desenvolvimento sustentável do pais sem ajustes escorchantes nem manobras golpistas.
É hora sim, para um laicato maduro, consciente, protagonista de sua história, cidadão e sujeito da Igreja e da sociedade. Deus seja louvado!
                                 Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos  (RJ)
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A corresponsabilidade dos ministérios leigos na ação evangelizadora
Após os ares renovadores do Concílio Vaticano II, houve um crescimento da presença e ação dos leigos na Igreja. O único povo de Deus tem “um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4,5). Pelo nosso batismo, “reina entre todos verdadeira igualdade quanto à dignidade e ação comum a todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo” (LG 32). A Igreja reconhece que “é específico dos leigos por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus.” (LG 31). Também, pelo mesmo batismo, participam, através de ministérios e serviços, na ação evangelizadora e na vida das nossas comunidades.
Corresponsáveis pela vida da Igreja
Cristãos leigos e leigas, chamados a evangelizar
Os leigos são corresponsáveis, na comunhão eclesial, de toda a vida da Igreja: “devem ser considerados não como ‘colaboradores’ do clero, mas como pessoas realmente ‘corresponsáveis’ do ser e do agir da Igreja.” (Bento XVI, 10/08/12). Portanto, quando os leigos exercem um serviço ou ministério em sua comunidade não o fazem para auxiliar o padre, a não ser em casos específicos, mas para viver sua vocação e missão. Há uma dignidade e corresponsabilidade comum, exercida de diferentes modos, na complementariedade, segundo o que é próprio de cada ministério. “De fato, cada batizado é portador de dons que deve desenvolver em unidade e complementaridade com os dons dos outros, a fim de formar o único Corpo de Cristo, entregue para a vida do mundo. Cada comunidade é chamada a descobrir e integrar os talentos escondidos e silenciosos que o Espírito presenteia aos fiéis.” (DAp 162).
Espírito de doação e serviço
Os ministérios leigos podem ser classificados como “reconhecidos”, “conferidos” ou“confiados” (cf. CNBB, Doc. 62, n.87). Todos eles trazem uma marca comum: o desejo de servir e a doação de si aos irmãos, por causa da fé. É uma doação voluntária, sem remuneração, marcada pela gratuidade e pela gratidão à bondade de Deus que se manifesta de muitas formas. Agem pelo desejo interior de comunicar a boa nova do Reino e serem promotores da vida, como nos diz o Documento de Aparecida: “Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber: tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (n. 29).
O ministério da Palavra e o serviço à vida
Vários ministérios e serviços são necessários para a Igreja exercer sua missão. É certo, porém, que cada época tem prioridades. Uma grande necessidade do nosso tempo, de “uma Igreja em saída”, com espírito missionário, é o ministério da Palavra, que se concretiza na missão dos catequistas, na formação cristã, nos animadores das pequenas comunidades que se constituem a partir da Leitura Orante da Bíblia e dos ministros que presidem a celebração da Palavra nas comunidades. Outro serviço exigente e necessário de nosso tempo é o serviço da caridade. São todos os que, movidos pela compaixão, vão ao encontro dos sofredores, nas diversas pastorais e organizações da caridade da Igreja. Desde o início da Igreja, a caridade é a marca distintiva da comunidade cristã, como nos diz Paulo: “recomendou que nos lembrássemos dos pobres” (Gl 2,10).
Queremos ser uma Igreja ministerial. Nosso reconhecimento e gratidão a todos os leigos e leigas que se colocam a serviço da evangelização na comunidade eclesial, em algum serviço, conselho, equipe, pastoral, movimento ou ministério. “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 100,1).
                                                          Dom Adelar Baruffi - Bispo de Cruz Alta (RS)
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