sábado, 10 de maio de 2025

Reflexão para seu dia:

Jesus é o bom pastor

Frei Almir Guimarães

Que o Pastor seja, pela humildade, um companheiro  dos que fazem o bem;  e, contra os vícios dos que praticam o mal, possua um enérgico senso de justiça.  Não se considere melhor do que os outros homens de bem e, quando a culpa dos  perversos o exigir, tome imediatamente consciência  do poder que lhe advém de sua autoridade. (São Gregório Magno)

Domingo do Bom Pastor. Pastor, pão, alimentação. Uma antiga  raiz originária do indo-europeu pa deu em latim panis e pastor. Pastor e pão apontam para alimentação, nutrição, cuidado para que a pessoa, o outro,  cresça.  Jesus ressuscitado é o Pastor bom  que dá a vida pelas ovelhas.  Não era como os pastores de antigamente que, segundo Ezequiel, se aproveitavam da ovelhas.  Jesus é aquele que busca as ovelhas desgarradas e procura para elas pastos verdejantes. Com sua fala e seu comportamento está sempre reunindo os dispersos:  que ouçam sua voz, voltem ao redil, aceitem um alimento substancioso. Jesus ressuscitado é o Bom Pastor.  Ontem e hoje.

Normalmente falando pastores são os bispos e os sacerdotes. O Papa Francisco, por sua vez, é o supremo cuidador. Podemos dizer que os pais, os educadores cristãos, os agentes de pastoral são pastores de seus respectivos “rebanhos”. Levam as pessoas a prados verdejantes e a fontes borbulhantes.  Os sacerdotes, de modo especial,  refazem em suas vidas o perfil do Bom Pastor. Nisto consiste o esplendor da vocação para o sacerdócio ministerial: terem os traços do Pastor por excelência.

Quais são as ovelhas?

Há aquelas que frequentam regularmente os espaços geográficos de nossas comunidades. Muitas dessas pessoas são sinceras e vivem em profundidade o amor a Cristo.  Trazem traços de Cristo em seus semblantes e em suas vidas.

Outras costumam colocar ritos religiosos, fazer orações, viver práticas mas que pouca adesão existencial deram, de fato, ao Evangelho. Frequentam nossos espaços, batizam os filhos, declaram-se pessoas católicas,  mas nunca tiveram efetivamente encontros pessoais e comunitário  verdadeiros com o Senhor.  Não rejubilam com a vivência da fé.  A fé é como uma veste que usam de quando em vez: aos domingos, nas horas de aflição, como coisa que está aí, mas que não faz a vida vibrar. Depois ela é guarda no armário das tradições familiares.

Há aqueles que andam desejosos de viver uma grande intimidade, de conviver com as Escrituras, de se comprometerem com ações que transformem o mundo. Sentem que o Senhor anda rondando suas vidas para que sejam muito generosos.  Experimentam sede de Deus e de amor ao próximo.  Não encontram comunidades que os acolham de verdade.  Quem orientará a todos esses?

Há ainda aqueles que devido a uma  catequese deficiente carecem de uma compreensão alegre da Boa Nova do Evangelho.  São pessoas que vivem uma decepção ou um desencantamento. Alguns abandonam a Igreja, revoltados.

Há ainda pessoas que nunca tiveram ocasião de encontrar a Igreja, o Evangelho e vivem assim.

Quais as qualidades do pastor?

“No oficio de pastor uma tarefa importantíssima é a de conduzir as ovelhas por caminhos seguros, protege-las de todo possível dano, liberta-las de qualquer perigo, tira-las do atoleiro, curar as feridas que possam ter sofrido.  Em Jesus encontramos tudo isso. Ele foi a misericórdia e a compaixão em pessoa:  foi transparência da misericórdia divina, o rosto misericordioso do Pai. É o  Bom Pastor que procura a ovelha perdida e não descansa até encontra-la. E ao encontra-la enche-se de felicidade. Nele, a ovelha ferida, cansada e oprimida, pode encontrar segurança e descanso, como ele mesmo prometeu:  ‘Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos e eu vos darei descanso’ “ (Salvador  Valadez  Fuentes, Espiritualidade Pastoral, Paulinas, p. 86).

A imagem do pastor está carregada dos simbolismo religioso na tradição bíblica.  O pastor simboliza  o chefe que governa e dirige o povo. Sua principal tarefa é vigiar, guiar e proteger o rebanho.  Sua principal tarefa é vigiar, guiar e proteger o rebanho. Deus é “pastor de Israel  porque conduz o povo, vela por ele o protege.

Quando os primeiros cristãos falam de Jesus como  o Bom Pastor  não o fazem  para apresenta-lo como chefe e comandante de um povo, mas para destacar sua  preocupação pela vida das pessoas. Jesus é, de modo particular, o Bom Pastor porque dá a sua vida pelas ovelhas.

Para a reflexão 

“Nós cristãos cremos que só Jesus  pode ser guia definitivo do ser humano.  Só com ele podemos aprender a viver. O cristão é precisamente aquele que, a partir de Jesus, vai descobrindo dia a dia  qual a maneira mais humana de viver.  Seguir Jesus como Bom Pastor é interiorizar  as atitudes fundamentais que ele viveu, e esforçar-nos por vive-las hoje a partir de nossa própria originalidade, prosseguindo a tarefa de  construir o Reino de Deus que ele começou. Mas enquanto a meditação for substituída  pela televisão, o silêncio interior pelo ruído e o seguimento da própria consciência pela  submissão cega à moda, será difícil escutarmos a voz do Bom Pastor  que pode ajudar-nos a viver no meio  desta “sociedade consumo”  que consome os consumidores” (Pagola, O caminho aberto por Jesus, p.  153)


Oração

Já que Cristo ressuscitou,
podemos começar uma vida nova
de mulheres e homens ressuscitados
e irmãos,  agora mesmo.

Já que Cristo ressuscitou,
temos seu espírito entusiasta,
e queremos trazê-lo bem visível
para que contagie muitos.

Já que  Cristo ressuscitou,
estamos em sua renovação permanente;
é preciso transformar o mundo
a partir dos fundamentos.

Já que  Cristo ressuscitou,
é preciso construir uma  cidade solidária
onde o homem não seja lobo,
mas companheiro e irmão.

Já que  Cristo ressuscitou,
cremos numa terra nova
onde haverá amor e casa para todos. (P. Loidi)

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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

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                                     Fonte: franciscanos.org.br    Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

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