O que conta mesmo é o amor e nada mais!
Frei Almir Guimarães
♦ Continuamos nossa caminhada ao longo do tempo pascal e vamos deixando que o Mestre Ressuscitado modele o coração da Igreja e de cada um. Não há dúvida: o que importa de verdade é amar de verdade. Não qualquer “aquecimento sentimental” do coração, mas uma existência aberta, voltada para os outros. E será precisamente pelo amor que os discípulos serão reconhecidos como sendo do Senhor.
♦ Tudo começa no seio da Trindade. As pessoas divinas se amam, se entregam num jogo irrestrito de dom. Um da Trindade, o Filho, o Verbo veio até nós para viver do amor e dar a sua vida pela vida de muitos. Nós somos resultados de um sonho e de um projeto de amor de Deus que deseja nos fazer participantes desse jogo de bem querer, dessa imensa alegria de existirmos para os outros. Inventados pelo amor somos fadados a ser homens e mulheres do dom.
Vede como eles se amam
◊ No entardecer de nossas vidas seremos julgados pela qualidade de nosso amor pelos outros. Os cristãos, segundo as Escrituras, eram reconhecidos devido ao amor que exprimiam e viviam. Como se vive concretamente o amor?
♦ Amar, antes de mais nada, significa respeitar o outro, respeito que vai se manifestar de muitos modos: acolhida, nunca provocar situações que diminuam sua grandeza e de sua nobreza de ser humano. Fazer lugar para escutar e olhar.
♦ Respeito pela dignidade de ser humano e porque o homem é imagem de Deus.
♦ Amar significa (que bom que seja assim) acolher o diferente e a diferença na cor, na cultura, na formação, na religião, na maneira de estruturar-se como pessoa.
♦ O amor se traduz em gestos de serviço desde os mais simples até o mais complexos: dar banho num doente, visitar os doentes, fazer com que descansem nossos queridos cansados e assumir o seu fardo.
♦ Em nível mais amplo o amor significa a criação e defesa de políticas que zelem para dignidade do outro: pão para a mesa, casa digna de um filho de Deus, instrução das escolas, descanso para os que trabalham. Amar é buscar o outro por causa do outro em vista do bem do outro.
♦ Amar significa não ser conivente com tudo aquilo que banaliza o ser humano, todo hedonismo tolo, toda existência açodada sem pensamento, sem silêncio, sem vida interior.
♦ Amar é fazer com que as pessoas redescubram sua verdade mais profunda e deixem de trilhar caminhos de superficialidade que farão com que a médio prazo vão se dar conta de que perderam a viagem da vida.
♦ Amar quer dizer preservar a boa fama do outro, nas conversas, nos escritos, na mensagens eletrônicas.
♦ Amar é adivinhar aquilo que o outro precisa com urgência independentemente de meus interesses pequenos.
♦ Amar é desistir de fazer a vida uma eterna luta para competir com o outro. Amar é, pois, não viver em espírito de competição.
♦ Amar é gostar de estarmos juntos com outros diante do Senhor. Mesmo esses outros diferentes.
♦ Amar é eliminar da vida todo sectarismo, guetos e fortalezas para se proteger.
♦ “Vede como eles se amam…”
Campos prioritários
♦ Os cristãos não podem ser inertes.
♦ Na vida cristã há três trilhas a serem percorridas: oração, estudo e ação.
♦ Cuidar dos mais próximos e cuidar bem: o cônjuge, os filhos, os filhos que chegam do outro numa segunda união.
♦ Os familiares mais abandonados porque têm uma ficha suja.
♦ Os idosos e os doentes.
♦ Os que precisam ser ajudados a morrer humana e dignamente.
♦ Ter a capacidade de olhar os vizinhos.
♦ As crianças: os que nascem e são apenas tolerados, os sem família, os que crescem sem alma e abertura para o Mistério.
♦ Os mais fragilizados dessa sociedade de exclusão.
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Oração
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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFM, ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.
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