domingo, 4 de maio de 2025

Cardeal Artime na oitava Missa dos Novendiais:

de Francisco o convite para despertar o mundo

Durante a oitava Missa dos Novendiais em sufrágio do Papa, o cardeal e ex-pró-prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica convidou a transformar o entusiasmo dos apóstolos a quem Jesus Ressuscitado apareceu em um “programa de vida”. O seu “estupor”, que contrastava com a “consternação” e a “desilusão”, torna-se um exemplo para aqueles que, hoje, têm “grande necessidade de encontrar o Senhor”.

Um novo “programa de vida”, arraigado no amor demonstrado ao Papa Francisco e no entusiasmo evidente, no “estupor” que se contrapõe à “consternação” e à “desilusão” iniciais, demonstrados pelos discípulos diante do Ressuscitado. Um exemplo que todos os batizados – e especialmente aqueles que abraçam a vida consagrada – são chamados a testemunhar, hoje, àqueles que “têm grande necessidade de encontrar o Senhor”.

Em síntese, foi o que destacou em sua homilia o cardeal Ángel Fernández Artime, ex-pró-prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, na oitava Missa dos Novendiais em sufrágio do Papa, presidida na tarde deste sábado, 3 de maio, na Basílica de São Pedro.

A valorização das mulheres consagradas

Pouco antes do Ato Penitencial, tomou a palavra a Ir. Mary T. Barron, OLA, superiora-geral da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora dos Apóstolos e presidente da União Internacional das Superioras Gerais (UISG). Em nome das mulheres consagradas, ela traçou um perfil do Papa Francisco: "um pastor humilde, compassivo, repleto de um amor sem limites", capaz de recordar ao mundo inteiro que se pode abraçar a "fragilidade", não como um "limite", mas como uma fonte de "graça". Ela reiterou o convite do Papa às religiosas para dobrar-se no serviço, “como Cristo se inclinou para lavar os pés dos seus discípulos”.

Com a voz cheia de gratidão, reconheceu em Francisco aquele que soube acolher e valorizar as mulheres consagradas, tornando-as “participantes ativas do caminho sinodal”. “Prometemos levar adiante a missão – concluiu a oblata – fazendo de nós mesmos um fogo que acende outros fogos”.

Um Pontífice capaz de “sacudir”

Seguiram-se as palavras do Pe. Mario Zanotti, secretário da União dos Superiores Gerais, que apresentou as condolências de todos os institutos religiosos. “O Papa Francisco – disse ele com emoção – nos deixou um grande legado de humanidade, uma humanidade profundamente cristã”. Ele delineou seu rosto com traços vivos e sinceros: um Pontífice “próximo”, capaz de ouvir e, às vezes, “sacudir”, com palavras fortes, as “certezas” e os “costumes revestidos de religiosidade”. Com firmeza evangélica, ele pediu coerência com as Sagradas Escrituras e com o carisma das famílias religiosas, indicando como sinal comum e profético o compromisso com a "pobreza", "sinal profético oposto ao poder e à riqueza".

A necessidade atual de encontrar o Senhor

"Rezar pelos falecidos é a maior obra de caridade". Estas palavras iniciam a homilia do cardeal Fernández Artime, que se desenvolve a partir de uma citação de Santo Afonso Maria de Ligório, combinada com a de São João Maria Vianney: "Rezar pelos falecidos significa, portanto, amar aqueles que morreram". Uma introdução repleta de memória e amor, também dirigida à grande presença de religiosos e religiosas reunidos na celebração. O cardeal recorda o carinho das congregações pelo Papa Francisco e seu compromisso constante com a oração: "por seu ministério", por sua pessoa, "pela Igreja, pelo mundo".

Partindo da passagem do Evangelho proclamada – a manifestação de Cristo Ressuscitado aos discípulos no Mar da Galileia – o cardeal evoca as palavras de Santo Atanásio, segundo o qual a presença de Cristo Ressuscitado torna a vida "uma festa contínua". E é justamente essa luz transformadora que torna os discípulos capazes de enfrentar sem medo a "prisão", as "ameaças" e as perseguições.

Pergunto-me – dizia o Papa Francisco, em uma de suas catequeses sobre esta mesma passagem – onde os primeiros discípulos encontraram a força para o seu testemunho? Não só, mas de onde vinha a alegria e a coragem do anúncio, não obstante os obstáculos e a violência?". É claro que somente a presença, junto a eles, do Senhor Ressuscitado e a ação do Espírito Santo podem explicar esse fato. Sua fé se baseava em uma experiência tão forte e pessoal de Cristo, morto e ressuscitado, que eles não tinham medo de nada nem de ninguém. Hoje, como ontem, os homens e mulheres da presente geração tem grande necessidade de encontrar o Senhor e sua gratuita mensagem de salvação.

"Nada antepor ao amor de Cristo"

O cardeal Artime recorda então as palavras de São João Paulo II, pronunciadas durante o Jubileu da Vida Consagrada em 2000: uma escolha que se torna "presença profética para todo o povo cristão", muitas vezes vivida em condições difíceis, mas oferecida sem reservas "em nome de Cristo, a serviço dos pobres, dos marginalizados e dos últimos". Todos os batizados, afirma Artime, são chamados a ser testemunhas do Senhor, e a vocação ao discipulado é um impulso para viver radicalmente a primazia de Deus.

Esta missão é particularmente importante quando – como hoje em muitas partes do mundo – se experimenta a ausência de Deus ou se esquece facilmente de sua centralidade. Então podemos retomar e fazer nosso o programa de São Bento Abade, resumido na máxima "nada antepor ao amor de Cristo".

Presença no fracasso

O purpurado também recorda outra característica da vida consagrada, delineada por Bento XVI: a de “sentinelas que percebem e anunciam a vida nova já presente em nossa história”. Consagradas e consagrados, prossegue o cardeal, devem se tornar “um sinal crível e luminoso do Evangelho e de seus paradoxos”, não se conformando com a mentalidade da época, mas transformando-se e renovando constantemente o próprio “compromisso”.

Também no Evangelho, observa o cardeal espanhol, o Senhor “se fez presente” quando tudo parecia “concluído, fracassado”, e vai ao encontro dos discípulos que, cheios de alegria, o reconhecem como “o Senhor”.

Nesta expressão, percebemos o entusiasmo da fé pascal, plena de alegria e de estupor, que contrasta fortemente com a perplexidade, o desânimo, a sensação de impotência até então presentes na alma dos discípulos. É somente a presença de Jesus Ressuscitado que transforma tudo: as trevas são vencidas pela luz; o trabalho inútil torna-se novamente fecundo e promissor; a sensação de cansaço e abandono dá lugar a um novo impulso e à certeza de que Ele está conosco. O que aconteceu com as primeiras e privilegiadas testemunhas do Senhor pode e deve se tornar um programa de vida para todos nós.

"Despertar o mundo"

Por fim, o cardeal Artime cita novamente o Papa Francisco, que no Ano da Vida Consagrada convida os religiosos a “despertar o mundo”, com um coração e um espírito puros, capazes de reconhecer as mulheres e os homens de hoje – especialmente os mais pobres, os últimos, os descartados – “porque neles está o Senhor”.

Que Maria, Mãe da Igreja, nos conceda a todos a graça de sermos discípulos missionários hoje, testemunhas do seu Filho nesta sua Igreja que – sob a guia do Espírito Santo – vive na esperança, porque o Senhor Ressuscitado está conosco até ao fim dos tempos. Amém.

Edoardo Giribaldi – Cidade do Vaticano

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Assista:

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