do Papa Leão XIV após a eleição em 8 de maio
Eleito na última quinta-feira, 8 de maio, o Papa Leão XIV já teve uma
série de atividades nas quais falou à Igreja e ao mundo. Os primeiros dias com
o novo Papa também foram marcados por momentos de oração e de súplica pela paz.
Continuar a anunciar a Boa Nova
Na sexta-feira, o Papa presidiu a Santa Missa pro Ecclesia, na Capela
Sistina. A primeira com os cardeais eleitores. Leão XIV disse que conta com o
apoio do Colégio Cardinalício na missão que ele leva à frente da Igreja.
“Vós
chamastes-me a carregar esta cruz e a ser abençoado com esta missão, e eu sei
que posso contar com todos e cada um de vós para caminhardes comigo, enquanto
continuamos, como Igreja, como comunidade dos amigos de Jesus e como fiéis, a
anunciar a Boa Nova, a anunciar o Evangelho”, afirmou.
O Papa citou os contextos em que não é fácil testemunhar e anunciar o
Evangelho, mas que, precisamente, “são lugares onde a missão se torna urgente,
porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido
da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação – sob as mais dramáticas
formas – da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das
quais a nossa sociedade sofre, e não pouco”.
No contexto atual, quando reduzem Jesus “a uma espécie de líder
carismático ou super-homem”, tanto entre não crentes, mas também entre muitos
batizados, a Igreja é chamada a “testemunhar a alegria da fé em Cristo
Salvador”. Segundo ele, “é essencial fazê-lo, primeiramente, na nossa relação
pessoal com Ele, no empenho em percorrer um caminho quotidiano de conversão.
Mas depois também, como Igreja, vivendo juntos a nossa pertença ao Senhor e
levando a todos a sua Boa Nova” (cf. Conc. Vat. II, Const. Dogm. Lumen gentium,
1).
Apoio do Colégio Cardinalício
No sábado, 10 maio, outro encontro com os membros do Colégio
Cardinalício, na Sala do Sínodo. Novamente, Leão XIV falou do apoio dos
cardeais no seu ministério.
“A
vossa presença recorda-me que o Senhor, tendo-me confiado esta missão, não me
deixa sozinho a carregar tal responsabilidade. Sei, primeiramente, que posso
contar sempre – sempre! – com a vossa ajuda, com a ajuda do Senhor, e, pela sua
Graça e Providência, com a vossa proximidade e a de tantos irmãos e irmãs que,
em todo o mundo, acreditam em Deus, amam a Igreja e apoiam o Vigário de Cristo
com a oração e as boas obras”, afirmou.
Caminho do Concílio Vaticano II
O pontífice fez o convite a renovar a “plena adesão” ao caminho
percorrido pela Igreja “na esteira do Concílio Vaticano II”, cujos conteúdos
foram recordados e atualizados pelo Papa Francisco na exortação apostólica
Evangelii Gaudium. O Papa Leão XIV sublinhou alguns pontos fundamentais:
- o regresso ao primado de Cristo no anúncio (cf. n. 11);
- a conversão missionária de toda a comunidade cristã (cf. n. 9);
- o crescimento na colegialidade e na sinodalidade (cf. n. 33);
- a atenção ao sensus fidei (cf. nn. 119-120), especialmente nas suas
formas mais próprias e inclusivas, como a piedade popular (cf. n. 123);
- o cuidado amoroso com os marginalizados e os excluídos (cf. n. 53);
- o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo nas suas
várias componentes e realidades (cf. n. 84; Concílio Vaticano II, Const. past.
Gaudium et spes, 1-2).
“Trata-se
de princípios do Evangelho que sempre animaram e inspiraram a vida e o agir da
Família de Deus, valores através dos quais o rosto misericordioso do Pai se
revelou e continua a revelar-se no Filho feito homem, última esperança de quem
procura com sinceridade a verdade, a justiça, a paz e a fraternidade (cf. Bento
XVI, Cart. enc. Spe salvi, 2; Francisco, Bula Spes non confundit, 3)”, disse o
Papa, citando seus predecessores.
Nome inspirado em Leão XIII
Durante a audiência com os cardeais, o Papa revelou a inspiração para
adotar o nome de Leão. São várias as razões, segundo ele, mas a principal é a
referência a Leão XIII, que abordou a questão social na encíclica Rerum Novarum, no contexto da primeira grande revolução
industrial.
“Hoje,
a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a
outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial,
que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do
trabalho”, sintetizou.
Proteção de Nossa Senhora
Ainda no sábado, o Papa visitou o Santuário de Nossa Senhora do Bom
Conselho, na cidade de Genazzano, nos arredores de Roma. O local é tradicional
na devoção agostiniana, e abriga a imagem mariana proveniente da Albânia. O
Papa saudou os fiéis presentes na praça da igreja e rezou diante do ícone da
Virgem Maria. “Desejei muito vir aqui nestes primeiros dias do novo ministério
que a Igreja me confiou, para levar adiante a missão como Sucessor de Pedro.”
Depois, ele dirigiu-se à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma,
onde rezou diante do túmulo do Papa Francisco e do ícone da Virgem, Salus
Populi Romani.
Regina Coeli
No domingo, o Papa Leão XIV celebrou a Missa nas Grutas Vaticanas,
no altar próximo ao túmulo de São Pedro. A Eucaristia foi concelebrada pelo
prior geral da Ordem de Santo Agostinho, padre Alejandro Moral Antón. Ao final da Missa, o Papa rezou diante dos
túmulos de seus predecessores e diante do nicho dos Pálios.
Ao meio dia, o Papa apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a
oração mariana do Regina Coeli. O pontífice lembrou do Dia Mundial de Oração
pelas Vocações, especialmente as sacerdotais e religiosas, das quais a “Igreja
tem grande necessidade”. O Papa disse ser importante que os jovens e as jovens
encontrem nas comunidades “acolhimento, escuta, encorajamento no seu caminho
vocacional, e que possam contar com modelos críveis de dedicação generosa a
Deus e aos irmãos.
Após a oração, o Papa usou a expressão do Papa Francisco “terceira
guerra mundial em pedaços” para clamar aos “poderosos do mundo”: “Nunca mais a
guerra!”. Leão XIV lembrou da Ucrânia, da Faixa de Gaza em solidariedade às
suas populações e pedindo o cessar fogo.
O Papa também manifestou esperança pelos avanços diplomáticos entre
Índia e Paquistão.
“Quantos
outros conflitos existem no mundo! Confio à Rainha da Paz este apelo comovido,
para que seja Ela a apresentá-lo ao Senhor Jesus, a fim de obtermos o milagre
da paz.”
Às mães, o Papa enviou uma saudação carinhosa, “com uma oração por elas
e por aquelas que já estão no Céu”.
Ao final da oração do Regina Coeli, o Papa reabriu o apartamento papal
do Palácio Apostólico, removendo os selos colocados na tarde de 21 de abril,
após a morte do Papa Francisco.
Papa com os jornalistas
Nesta segunda-feira, o Papa recebeu os jornalistas na Sala Paulo VI. Ele
agradeceu ao trabalho feito durante as últimas semanas e destacou a eles o que
Jesus proclamou no Sermão da Montanha: “Felizes os que promovem a paz”. Para
ele, essa bem-aventurança interpela ao compromisso “de levar adiante uma forma
de comunicação diferente, que não busque o consenso a todo custo, não se
revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição, não separe
nunca a busca da verdade do amor com que devemos humildemente buscá-la”.
O Papa também manifestou solidariedade aos jornalistas presos “por terem
buscado e relatado a verdade”, e pediu sua libertação.
“A
Igreja reconhece nestas testemunhas, penso naqueles que relatam a guerra mesmo
à custa da própria vida, a coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o
direito dos povos à informação, porque só os povos informados podem fazer
escolhas livres. O sofrimento destes jornalistas presos interpela a consciência
das Nações e da Comunidade internacional, chamando-nos a todos a salvaguardar o
bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa.”
Em seguida, Leão XIV agradeceu aos comunicadores pelo seu “serviço à
verdade”. E ainda ressaltou que a comunicação, de fato, não é apenas a
transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos
e digitais que se tornam espaços de diálogo e discussão”.
Ele também falou sobre a evolução tecnológica, contexto o qual essa
missão se torna ainda mais necessária. “Penso, em particular, na inteligência
artificial com seu imenso potencial, que exige, no entanto, responsabilidade e
discernimento para orientar os instrumentos para o bem de todos, para que
possam produzir benefícios para a humanidade”.
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