Depois de
eleito, Leão XIV celebra sua primeira missa com os cardeais. Em sua homilia,
citou o Concílio Vaticano II, Santo Inácio de Antioquia e seu predecessor
Francisco.
Após a eleição
na tarde de 8 de maio, o Papa Leão XIV voltou esta manhã à Capela Sistina para
presidir à Santa Missa com todos os membros do Colégio Cardinalício.
No início de sua
homilia, fez em inglês uma saudação aos cardeais, repetindo as palavras do
Salmo responsorial: “Cantarei um cântico novo ao Senhor, porque ele fez
maravilhas”.
"E, de fato, não apenas comigo, mas com todos nós. Meus irmãos cardeais, ao celebrarmos esta manhã, convido-os a refletir sobre as maravilhas que o Senhor fez, as bênçãos que o Senhor continua a derramar sobre todos nós por meio do Ministério de Pedro. O Senhor me chamou para carregar essa cruz e realizar essa missão, e sei que posso contar com cada um de vocês para caminhar comigo, continuamos como Igreja, como uma comunidade de amigos de Jesus, como fiéis para anunciar a Boa Nova, para anunciar o Evangelho."
Fiel
administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja
Em seguida,
começou a ler o texto previamente preparado, em que refletiu sobre a frase
que Simão Pedro dirige a Jesus, contida no capítulo 16 do Evangelho de Mateus:
'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'."
Essas palavras
de Pedro, afirma o Papa recém-eleito, expressam em síntese o patrimônio que há
dois mil anos a Igreja preserva, aprofunda e transmite através da sucessão
apostólica. Ou seja, Jesus é o único Salvador e o revelador da face do Pai.
Citando a
“Gaudium et spes” do Concílio Vaticano II, Leão XIV recorda que o Filho de Deus
se revela a nós através dos olhos confiantes de uma criança, mostrando-nos
assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar.
Este tesouro
agora “é confiado também a mim, para que eu seja um fiel administrador a favor
de todo o Corpo místico da Igreja, de modo que esta seja sempre mais cidade
colocada sobre o monte (cfr Ap 21,10), arca de salvação que navega
através das ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo. E isso não
tanto pela grandiosidade de suas estruturas, mas pela santidade dos seus
membros".
Chamados a
testemunhar a alegria da fé
Retomando o
episódio bíblico narrado em Mateus, Leão XIV reflete ainda sobre a resposta de
Jesus a Pedro, quando diz “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?”.
Não se trata de
uma questão banal, afirma o Papa, pelo contrário, é de grande atualidade. Pois
há duas possíveis interpretações. A primeira é a que identifica Jesus como uma
pessoa sem importância alguma, ao máximo um personagem curioso, como fizeram os
habitantes de Cesareia de Filipe. Outra possível resposta é a das pessoas
comuns, que veem Jesus não como um charlatão, mas uma pessoa reta, com coragem
e que diz coisas justas. Mas o consideram somente um homem e, por isso, no
momento do perigo, durante a Paixão, O abandonam.
“Também hoje, não são poucos os contextos em que a fé cristã é considerada algo absurdo destinada a pessoas débeis e pouco inteligentes; contextos em que a ela preferem-se outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer.”
Trata-se de
ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem
acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito,
suportado e digno de pena.
No entanto,
precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a
falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida,
o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa, a crise da
família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.
“Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre quem não crê, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático.”
Este, portanto,
é o mundo que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa
Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador.
Antes de
concluir, citou a frase de Santo Inácio de Antioquia ao se encaminhar para o
seu martírio: «Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo
for subtraído à vista do mundo» (Carta aos Romanos, IV, 1).
Essas palavras,
afirmou, recordam um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um
ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se
pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado gastar-se até ao limite para
que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar.
“Que Deus me dê esta graça, hoje e sempre, com a ajuda da terna intercessão de Maria, Mãe da Igreja.”
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