O mês de maio é,
para a Igreja, um tempo especialmente dedicado a Nossa Senhora. É um período em
que florescem, não só nos jardins, mas também nos corações dos fiéis, as
expressões mais simples e profundas da devoção mariana. Entre todas as práticas
de piedade que marcam este tempo, o Santo Terço ocupa um lugar central, como
oração que une, consola e conduz o povo de Deus à contemplação do mistério de
Cristo com os olhos e o coração de Maria.
Maio é chamado,
com carinho, de “mês de Maria”. Desde o século XIII, quando os cristãos
começaram a associar esse mês às flores e à primavera (no hemisfério norte),
ele passou a ser visto como um tempo de oferenda espiritual à Mãe de Deus. Ao
longo da história da Igreja, essa tradição se firmou, e o Terço tornou-se o
símbolo mais expressivo dessa entrega filial.
Rezar o Terço em
maio é, portanto, uma forma de homenagear Maria, mas também de responder ao seu
convite materno: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Cada
Ave-Maria rezada é como uma flor depositada aos pés da Mãe, que as recolhe com
ternura e as apresenta a seu Filho.
O Terço é uma
oração popular, acessível a todos — crianças, idosos, famílias, comunidades —
mas também profunda em seu conteúdo. Ao percorrer os mistérios da vida de Jesus
com Maria, somos introduzidos ao coração do Evangelho.
É por isso que
São João Paulo II afirmou, na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae,
que o Terço é uma “oração cristológica”, ou seja, centrada em Cristo.
Maria nos guia pela mão e nos ajuda a contemplar, com amor, os grandes momentos
da história da salvação: a Encarnação, a Paixão, a Ressurreição, a vida nova no
Espírito.
O Terço também é
uma oração que brota da dor e do clamor do povo. Em Fátima, Nossa Senhora pediu
insistentemente: “Rezem o Terço todos os dias pela paz do mundo e pelo fim
da guerra”. Hoje, essa súplica continua atual. Em tempos de incerteza,
conflitos e violência, o Terço nos devolve à confiança e nos ensina que, com
Maria, nunca estamos sozinhos.
Além disso, o
Terço tem um poder especial de unir as famílias e as comunidades. Quantas vezes
uma avó ou mãe foi o elo que manteve viva a fé através dessa prática! Ao
rezarmos juntos, pais e filhos, vizinhos e irmãos de fé, formamos uma
verdadeira corrente de oração que sustenta a Igreja e o mundo.
Rezar o Terço
diariamente em maio não é apenas uma repetição de palavras, mas uma escola de
fé, silêncio e escuta. Cada dezena nos convida a meditar, cada Ave-Maria nos
ensina a humildade, cada glória nos eleva à esperança.
É uma oração que
nos transforma aos poucos, à maneira de Maria: no silêncio, na perseverança, na
ternura e na confiança absoluta em Deus.
Neste mês de
maio, renovemos nossa devoção a Maria com o coração aberto e o Terço nas mãos.
Que cada prece seja uma semente de paz plantada no mundo. Que em cada lar se
escute a voz suave da Mãe que acolhe, orienta e conduz a Jesus. E que, unidos
pelo Terço, possamos proclamar com alegria: “Sou todo teu, ó Maria, e tudo
o que tenho é teu!”
Dom Anuar Battisti - Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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