a Palavra de Deus é para todos, mas atua diferente em cada um
Na sua primeira
Audiência Geral, o Papa retomou o ciclo de catequeses proposto por Francisco
para refletir sobre as parábolas. Leão XIV escolheu aquela do semeador e
afirmou que "A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma
diferente em cada pessoa", dependendo do solo encontrado, de quando
estamos "mais superficiais e distraídos" ou "disponíveis e
acolhedores". Mas "Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o
melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua palavra".
"Estou
feliz em receber vocês nesta minha primeira Audiência Geral", disse o Papa
Leão XIV, logo no início da catequese, a sua primeira no encontro semanal e com
cerca de 40 mil fiéis na Praça São Pedro. Também é a segunda do ciclo de
catequeses jubilares, preparada pelo Papa Francisco e divulgada pela Sala de
Imprensa da Santa Sé em 16 de abril, durante o período de convalescença de
Bergoglio que veio a falecer 5 dias depois e há exatamente um mês. Francisco
tinha o desejo de "refletir sobre algumas parábolas" e Leão XIV
retomou o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, escolhido por Bergoglio
para este Ano Santo do Jubileu. Nesta quarta-feira (21/05), assim, o Papa
meditou sobre a parábola do semeador (ver Mt 13,1-17), que fala da
dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, "e o que ela produz", que
é como semente deitada no terreno do nosso coração e no terreno do mundo.
As provocações e
os questionamentos
"Cada
parábola conta uma história retirada do quotidiano", recordou Leão
XIV, fazendo "nascer em nós perguntas" como: "onde estou eu
nesta história? O que diz esta imagem à minha vida?". De fato, continuou o
Pontífice, "cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no solo
da nossa vida":
"No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A palavra de Deus, com efeito, fecunda e provoca toda a realidade."
Deus, assim,
espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom
para produzir. "A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma
diferente em cada pessoa", reforçou Leão XIV. "Estamos habituados a
calcular as coisas – e às vezes é necessário – mas isso não vale no
amor!". E, apesar de atuar em nós de modo diverso, a Palavra
conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem
de Deus e Ele nunca desiste:
"Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora somos mais superficiais e distraídos, ora deixamo-nos levar pelo entusiasmo, ora somos oprimidos pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que mais cedo ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra."
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"Semeador no Pôr do Sol", de Vincent van Gogh |
Leão XIV então,
convidou os peregrinos a analisar uma obra de Vincent van Gogh (1853-1890), a
do Semeador no Pôr do Sol. O pintor holandês, mundialmente conhecido que
chegou a produzir quase 900 telas em menos de 10 dias, pintou um agricultor,
com o trigo já maduro e "sob o sol abrasador" que domina a cena de
esperança, lembrando que é Deus "quem move a história, mesmo que por vezes
pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra e faz
amadurecer a semente". E o Papa deixou a sua mensagem final de reflexão:
“Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua palavra. E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor.”
Andressa Collet - Vatican News
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Assista:
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A dor de Leão XIV por Gaza:Ao final da sua
primeira Audiência Geral, o Papa fez um apelo pela situação ”cada vez mais
preocupante" na Faixa de Gaza, onde os ataques não cessam e as pessoas
estão morrendo de fome. O Pontífice exorta para “consentir a entrada de ajuda
humanitária digna”. Também pede a todos os fiéis que rezem o terço pela paz
para que possam “desarmar seus corações”. O pensamento no Papa Francisco um mês
após sua morte: "recordemos dele com muita gratidão".
“Está cada vez mais preocupante e dolorosa a situação na Faixa de Gaza. Renovo o meu apelo sincero para consentir a entrada de ajuda humanitária digna e para pôr fim às hostilidades, cujo preço desolador está sendo pago por crianças, idosos e doentes.”
É o primeiro
apelo ao final da primeira Audiência Geral de quarta-feira (21/05) na Praça São
Pedro e o Papa Leão XVI o dirige a Gaza, um território que há um ano e meio se
tornou sinônimo de morte, violência, destruição e fome.
Semear esperança
em um mundo ferido pelo ódio
Já no último
domingo (18/05), no Regina Coeli, ao final da missa de início de
pontificado, o Papa denunciou o fato de que na Faixa “as crianças, as famílias,
os idosos sobreviventes estão reduzidos à fome”. Hoje retoma o tema para
estigmatizar essa violência que impede a realização de uma paz "desarmante
e desarmada", invocada desde a primeira aparição no Balcão das Bênçãos.
"Em um mundo dividido e ferido pelo ódio e pela guerra, somos chamados a semear a esperança e a construir a paz!"
Emergência de
ajuda e novos ataques
As palavras
desta quarta-feira (21/05), o apelo em italiano, depois da saudação em vários
idiomas, foram proferidas no momento em que caminhões carregados de ajuda
humanitária que entraram em Gaza pela passagem de Kerem Shalom ainda estão
esperando no lado da fronteira para chegar aos locais onde serão distribuídos,
como relatam fontes humanitárias no local. Nesta terça-feira (20/05), Israel
anunciou que permitiria a entrada de 93 caminhões na Faixa, mas, de acordo com
informações transmitidas por agências locais, uma dúzia de caminhões do Unicef
e cinco dos Emirados Árabes Unidos, além de um número desconhecido do Programa
Alimentar Mundial da ONU (PAM), ainda não chegaram aos pontos de distribuição.
Enquanto se
especula sobre um atraso deliberado, acusações de ajuda insuficiente e uma
abertura inadequada considerando a enorme escala da tragédia, há também aqueles
que falam de um risco de fome. “Há 14 mil crianças que morrerão nas próximas 48
horas se não conseguirmos chegar até elas”, disse à BBC o chefe de ajuda
humanitária da ONU, Tom Fletcher.
Enquanto isso,
ao amanhecer, um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel (IDF) matou pelo
menos 42 pessoas na Faixa de Gaza. Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde,
administrado pelo Hamas. De acordo com a mesma fonte, mais da metade das
vítimas, 24 pessoas, foram mortas em Khan Yunis, no sul da Faixa. Por outro
lado, os capacetes azuis da ONU denunciam um ataque de Israel com
drones no Líbano, na cidade de Al Mansouri, na área de competência da missão da
Unifil, lembrando a todas as partes a necessidade de “garantir a segurança do
pessoal da ONU e o respeito ao princípio da inviolabilidade das áreas
controladas pelos capacetes azuis”.
O convite para
rezar o terço
Uma situação
“cada vez mais preocupante” e “dolorosa”, nas palavras do Papa Leão que, se
àqueles com responsabilidades políticas e governamentais foi exortada uma ação
imediata, a todos os fiéis do mundo pediu que pegassem a arma da oração. “Neste
mês mariano, gostaria de reiterar o convite da Virgem de Fátima: ‘Rezem o terço
todos os dias pela paz’”, disse o Pontífice na saudação aos portugueses.
"Junto com Maria, peçamos que os homens não se fechem a este dom de Deus e desarmem seus corações."
A recordação de
Papa Francisco
Palavras que
recordam os contínuos apelos do Papa Francisco para que "não parem de
rezar pela paz". E foi precisamente em memória do seu predecessor, que
morreu em 21 de abril, que o pensamento de Leão XIV foi dirigido ao final da
Audiência Geral, acompanhado pelos aplausos dos 40 mil fiéis presentes.
"E não podemos terminar este nosso encontro sem recordar com muita gratidão do nosso amado Papa Francisco, que exatamente há um mês voltou à casa do Pai."
Salvatore Cernuzio - Vatican News
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