quarta-feira, 21 de maio de 2025

Leão XIV na Audiência Geral:

a Palavra de Deus é para todos, mas atua diferente em cada um

Na sua primeira Audiência Geral, o Papa retomou o ciclo de catequeses proposto por Francisco para refletir sobre as parábolas. Leão XIV escolheu aquela do semeador e afirmou que "A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa", dependendo do solo encontrado, de quando estamos "mais superficiais e distraídos" ou "disponíveis e acolhedores". Mas "Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua palavra".

"Estou feliz em receber vocês nesta minha primeira Audiência Geral", disse o Papa Leão XIV, logo no início da catequese, a sua primeira no encontro semanal e com cerca de 40 mil fiéis na Praça São Pedro. Também é a segunda do ciclo de catequeses jubilares, preparada pelo Papa Francisco e divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé em 16 de abril, durante o período de convalescença de Bergoglio que veio a falecer 5 dias depois e há exatamente um mês. Francisco tinha o desejo de "refletir sobre algumas parábolas" e Leão XIV retomou o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, escolhido por Bergoglio para este Ano Santo do Jubileu. Nesta quarta-feira (21/05), assim, o Papa meditou sobre a parábola do semeador (ver Mt 13,1-17), que fala da dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, "e o que ela produz", que é como semente deitada no terreno do nosso coração e no terreno do mundo.

As provocações e os questionamentos

"Cada parábola conta uma história retirada do quotidiano", recordou Leão XIV, fazendo "nascer em nós perguntas" como: "onde estou eu nesta história? O que diz esta imagem à minha vida?". De fato, continuou o Pontífice, "cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no solo da nossa vida":

"No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A palavra de Deus, com efeito, fecunda e provoca toda a realidade."

Deus, assim, espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom para produzir. "A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa", reforçou Leão XIV. "Estamos habituados a calcular as coisas – e às vezes é necessário – mas isso não vale no amor!". E, apesar de atuar em nós de modo diverso, a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste:

"Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora somos mais superficiais e distraídos, ora deixamo-nos levar pelo entusiasmo, ora somos oprimidos pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que mais cedo ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra."

"Semeador no Pôr do Sol", de Vincent van Gogh


Leão XIV então, convidou os peregrinos a analisar uma obra de Vincent van Gogh (1853-1890), a do Semeador no Pôr do Sol. O pintor holandês, mundialmente conhecido que chegou a produzir quase 900 telas em menos de 10 dias, pintou um agricultor, com o trigo já maduro e "sob o sol abrasador" que domina a cena de esperança, lembrando que é Deus "quem move a história, mesmo que por vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra e faz amadurecer a semente". E o Papa deixou a sua mensagem final de reflexão:

“Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua palavra. E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor.”

Andressa Collet - Vatican News

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Assista:

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A dor de Leão XIV por Gaza:

crianças, idosos e doentes estão pagando o preço

Ao final da sua primeira Audiência Geral, o Papa fez um apelo pela situação ”cada vez mais preocupante" na Faixa de Gaza, onde os ataques não cessam e as pessoas estão morrendo de fome. O Pontífice exorta para “consentir a entrada de ajuda humanitária digna”. Também pede a todos os fiéis que rezem o terço pela paz para que possam “desarmar seus corações”. O pensamento no Papa Francisco um mês após sua morte: "recordemos dele com muita gratidão".


Está cada vez mais preocupante e dolorosa a situação na Faixa de Gaza. Renovo o meu apelo sincero para consentir a entrada de ajuda humanitária digna e para pôr fim às hostilidades, cujo preço desolador está sendo pago por crianças, idosos e doentes.”

É o primeiro apelo ao final da primeira Audiência Geral de quarta-feira (21/05) na Praça São Pedro e o Papa Leão XVI o dirige a Gaza, um território que há um ano e meio se tornou sinônimo de morte, violência, destruição e fome.

Semear esperança em um mundo ferido pelo ódio

Já no último domingo (18/05), no Regina Coeli, ao final da missa de início de pontificado, o Papa denunciou o fato de que na Faixa “as crianças, as famílias, os idosos sobreviventes estão reduzidos à fome”. Hoje retoma o tema para estigmatizar essa violência que impede a realização de uma paz "desarmante e desarmada", invocada desde a primeira aparição no Balcão das Bênçãos.

"Em um mundo dividido e ferido pelo ódio e pela guerra, somos chamados a semear a esperança e a construir a paz!"

Emergência de ajuda e novos ataques 

As palavras desta quarta-feira (21/05), o apelo em italiano, depois da saudação em vários idiomas, foram proferidas no momento em que caminhões carregados de ajuda humanitária que entraram em Gaza pela passagem de Kerem Shalom ainda estão esperando no lado da fronteira para chegar aos locais onde serão distribuídos, como relatam fontes humanitárias no local. Nesta terça-feira (20/05), Israel anunciou que permitiria a entrada de 93 caminhões na Faixa, mas, de acordo com informações transmitidas por agências locais, uma dúzia de caminhões do Unicef e cinco dos Emirados Árabes Unidos, além de um número desconhecido do Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM), ainda não chegaram aos pontos de distribuição.

Enquanto se especula sobre um atraso deliberado, acusações de ajuda insuficiente e uma abertura inadequada considerando a enorme escala da tragédia, há também aqueles que falam de um risco de fome. “Há 14 mil crianças que morrerão nas próximas 48 horas se não conseguirmos chegar até elas”, disse à BBC o chefe de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher.

Enquanto isso, ao amanhecer, um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel (IDF) matou pelo menos 42 pessoas na Faixa de Gaza. Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, administrado pelo Hamas. De acordo com a mesma fonte, mais da metade das vítimas, 24 pessoas, foram mortas em Khan Yunis, no sul da Faixa. Por outro lado, os capacetes azuis da ONU denunciam um ataque de Israel com drones no Líbano, na cidade de Al Mansouri, na área de competência da missão da Unifil, lembrando a todas as partes a necessidade de “garantir a segurança do pessoal da ONU e o respeito ao princípio da inviolabilidade das áreas controladas pelos capacetes azuis”.

O convite para rezar o terço

Uma situação “cada vez mais preocupante” e “dolorosa”, nas palavras do Papa Leão que, se àqueles com responsabilidades políticas e governamentais foi exortada uma ação imediata, a todos os fiéis do mundo pediu que pegassem a arma da oração. “Neste mês mariano, gostaria de reiterar o convite da Virgem de Fátima: ‘Rezem o terço todos os dias pela paz’”, disse o Pontífice na saudação aos portugueses.

"Junto com Maria, peçamos que os homens não se fechem a este dom de Deus e desarmem seus corações."

A recordação de Papa Francisco

Palavras que recordam os contínuos apelos do Papa Francisco para que "não parem de rezar pela paz". E foi precisamente em memória do seu predecessor, que morreu em 21 de abril, que o pensamento de Leão XIV foi dirigido ao final da Audiência Geral, acompanhado pelos aplausos dos 40 mil fiéis presentes.

"E não podemos terminar este nosso encontro sem recordar com muita gratidão do nosso amado Papa Francisco, que exatamente há um mês voltou à casa do Pai."

Salvatore Cernuzio - Vatican News

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                                                                                                                  Fonte: vaticannews.va

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