Ramos, sinal da esperança que passa pela paixão e a cruz
O Domingo de Ramos e da Paixão inicia a Semana Maior da Liturgia, constituindo um grandioso portal que mostra e apresenta intensamente o drama da salvação da humanidade que terá seu ápice no Tríduo Pascal.
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Domingo de Ramos em Jerusalém |
O Domingo de Ramos e da Paixão nos leva a
vivenciar um contraste e um paradoxo profundo e radical, nossa alegria
conduzida pela esperança decorrentes de seguir acompanhar a Cristo se encontram
com a Cruz, que integra e dá sentido a redenção. Nem todos naquele dia e hoje
mesmo entendem este dia marcado pelo sinal de contradição que configura Cristo
e sua missão libertadora. Certamente que nos ajuda muito a avaliar nosso
discipulado e a autenticidade de nosso seguimento.
Os apelos de uma
sociedade individualista voltada para o consumo e a adrenalina do fruir e do
possuir, podem nos levar a um cristianismo light de compensações e devoções
externas que não nos colocam na trilha do Reino e não possibilitam o renascer
esplendoroso da Páscoa. Neste domingo deveríamos espelhar-nos nos jovens
hebreus, com seus cantos esperançosos que identificam e louvam a Jesus, como a
razão do seu viver e a promessa de cumprimento dos sonhos do Pai.
Domingo da
fraternidade que acalenta compromissos e projetos este ano 2025, de unirmo-nos
na Paixão de Cristo a tantas pessoas crucificadas em razão do sofrimento
causado pela crise climática, vítimas de enchentes, desastres ecológicos,
refugiados climáticos, nativos que ficam sem alimentação pela contaminação dos
seus rios e as queimadas das florestas. Situações de vulnerabilidade e
destruição que levam a toda a humanidade a repensar os rumos e o futuro da sua
habitação na Terra. Porém é necessário afirmá-lo com decisão e convicção, a
Cruz da Paixão não é fracasso e muito menos esquecimento, ao contrário revela a
mais clara manifestação da misericórdia divina e da sua infinita compaixão por
cada um de nós e por cada criatura do planeta.
Cristo abre com
sua paixão fiel e amorosa caminhos de esperança verdadeira e como a âncora aos
pés da cruz jubilar, fortalece e impulsiona dando peso e firmeza a nossa missão
de anunciá-lo e testemunhá-lo até o fim, entregando-nos por inteiro para juntos
com Ele trazer vida em abundância, construindo um Céu e uma Terra nova onde
habite a justiça. Que a Cruz de Cristo seja sempre nossa luz e nossa
esperança!
Dom Roberto Francisco Ferrreria Paz - Bispo de Campos (RJ)
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