é o mais alto título de nobreza
O Papa Francisco, nesta quinta-feira
(26/09), pronunciou o seu primeiro discurso em Luxemburgo durante o encontro
com as autoridades, os representantes da sociedade civil e o Corpo Diplomático
no Cercle Cité, no âmbito de sua 46ª Viagem Apostólica Internacional.
"Aqueles que estão investidos de autoridade se empenhem em negociações
honestas com vista à resolução de divergências, com espírito de disponibilidade
para construir segurança e paz para todos", afirmou.
O Papa Francisco encontrou-se, nesta
quinta-feira (26/09), com as autoridades, os representantes da sociedade civil
e o Corpo Diplomático no Cercle Cité, em Luxemburgo, durante sua 46ª Viagem
Apostólica Internacional.
O Santo Padre iniciou o seu discurso
agradecendo Sua Alteza Real e ao Primeiro-Ministro pelas palavras de
boas-vindas e ressaltou o papel histórico de Luxemburgo no cenário europeu, um
país que, após as invasões e ocupações sofridas no século passado, destacou-se
por seu compromisso com a construção de uma Europa unida e solidária.
Luxemburgo: uma encruzilhada de
civilizações
"Devido à sua localização geográfica
especial, na fronteira de diferentes áreas linguísticas e culturais, Luxemburgo
esteve muitas vezes no centro de eventos históricos marcantes da Europa",
afirmou o Pontífice. "Na primeira metade do século passado, o país foi
invadido por duas vezes, sendo privado de liberdade e independência. No
entanto, Luxemburgo aprendeu com sua história e, desde o fim da Segunda Guerra
Mundial, destacou-se pelo empenho em construir uma Europa onde cada país,
grande ou pequeno, tivesse seu papel respeitado", destacou Francisco.
O Papa sublinhou que, quando prevalece a
lógica da oposição violenta, os países nas fronteiras dos poderes em conflito
acabam sendo fortemente impactados. "Porém, quando a cooperação prevalece
sobre a confrontação, esses lugares tornam-se símbolos de uma nova era de
paz", acrescentou o Santo Padre. Luxemburgo, membro fundador da União
Europeia, é um exemplo desse papel conciliador, sendo sede de várias
instituições europeias.
O papel fundamental da dignidade humana
Ao falar da solidez democrática de
Luxemburgo como essencial para seu papel internacional, o Pontífice lembrou que
não é a dimensão territorial ou a população que determinam a relevância de um
Estado, mas "a construção paciente de instituições e leis sábias que
respeitam a dignidade da pessoa e o bem comum, prevenindo discriminações e
exclusões". Francisco citou as palavras de São João Paulo II, pronunciadas
em 1985, durante sua visita a Luxemburgo: "O vosso País permanece fiel à
sua vocação de ser, nesta importante encruzilhada de civilizações, um lugar de
intercâmbio e cooperação intensa entre um número crescente de países".
Papa saúda o Primeiro-ministro de Luxemburgo |
Desenvolvimento integral e cuidado da
criação
Francisco também abordou a doutrina social
da Igreja, destacando o cuidado da criação e a fraternidade como pilares do
desenvolvimento integral. "O desenvolvimento, para ser autêntico, não deve
saquear ou degradar nossa casa comum, nem deixar à margem povos ou grupos
sociais". O Pontífice pediu vigilância para que as nações mais pobres
sejam ajudadas a superar sua condição, uma forma eficaz de reduzir a emigração
forçada. Luxemburgo, com quase metade de seus habitantes provenientes de outros
países, pode servir de exemplo em termos de acolhimento e integração de
migrantes e refugiados.
Evitar os erros do passado
"Infelizmente, assistimos ao
ressurgimento de inimizades, inclusive na Europa, que resultam em hostilidades
e tragédias", alertou o Santo Padre, "e o ser humano, por vezes,
esquece as lições da história e repete os erros do passado. Para curar essa
perigosa esclerose que ameaça as nações, é necessário que os governantes e os
povos sejam guiados por elevados valores espirituais, capazes de impedir o retorno
aos horrores da guerra", disse Francisco.
O Pontífice lembrou que o Evangelho de
Jesus Cristo tem o poder de transformar o coração humano e reconciliar as
partes em conflito: "o Evangelho é a única força capaz de extinguir ódios
e promover a paz, mesmo nas situações mais difíceis".
Exemplo de paz e acolhimento
Segundo o Papa, Luxemburgo pode ser um
modelo ao mostrar os benefícios da paz em contraste com os horrores da guerra,
bem como os frutos da cooperação internacional frente ao isolamento:
"É premente que as autoridades se empenhem em negociações honestas para resolver divergências, com disposição para compromissos que garantam a paz e a segurança para todos."
Na conclusão do seu discurso, Francisco recordou o lema de sua visita: "Pour servir" (Para servir), e ressaltou que servir é a maior nobreza, não apenas para a Igreja, mas para todos aqueles que exercem funções públicas: "Que Deus vos conceda sempre um coração alegre e generoso para servir. Que Deus abençoe Luxemburgo!"
Thulio Fonseca - Vatican News
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