terça-feira, 17 de setembro de 2024

A fraternidade é a resposta,

diz Papa aos jovens reunidos em Tirana no Med24

Em uma mensagem em vídeo aos participantes do encontro que em andamento na capital albanesa, de 15 a 21 de setembro, Francisco os convida a serem “peregrinos da esperança e a seguir os sinais de Deus” para que o Mediterrâneo seja um mar de fraternidade e paz "e não mais um cemitério". Sobre os migrantes: cada pessoa é sagrada, “renunciemos à cultura do medo para abrir a porta da acolhida e da amizade”.

Aprendam de Maria a ser "incansáveis peregrinos ​​da esperança e a seguir os sinais de Deus, para que o Mediterrâneo reencontre o seu rosto mais belo: o da fraternidade e da paz. E que não seja mais um cemitério."

Com estas palavras o Papa Francisco concluiu sua mensagem em vídeo aos cinquenta jovens provenientes de vinte e cinco nações do “Mare Nostrum” e do Mar Negro que participam do encontro “Med24 – Peregrinos da Esperança. Construtores de paz” em Tirana, na Albânia, de 15 a 21 de setembro, promovido pelas Igrejas do Mediterrâneo. Uma mensagem na qual os convida a construir a fraternidade, “a melhor resposta que podemos oferecer aos conflitos e às indiferenças que matam”.

Jovens, o futuro da região mediterrânea

O Papa fala de sua viagem à Albânia dez anos atrás, no dia 21 de setembro de 2014, recordando do povo do País das Águias “pelos múltiplos rostos, mas unidos pela coragem”.

Como dizia então aos jovens, “vocês são a nova geração da Albânia”. Acrescento hoje, queridos jovens das cinco margens do Mediterrâneo: vocês, a nova geração, são o futuro da região mediterrânea.

A paz se constrói, a indiferença mata

Somos todos peregrinos de esperança, continua Francisco, “caminhando na busca da verdade, vivendo a nossa fé e construindo a Paz”. Deus, recorda o Papa, “ama todos os homens e não faz distinção entre nós”.

A fraternidade entre as cinco margens do Mediterrâneo que vocês estão construindo é a resposta – a resposta! – a melhor resposta que podemos oferecer aos conflitos e às indiferenças que matam. Porque a indiferença mata.

Cada pessoa é sagrada, abram a porta da acolhida

Contemplem “a diversidade das vossas tradições como uma riqueza desejada por Deus” é o seu convite. “A unidade não é uniformidade – salienta o Pontífice – e a diversidade das nossas identidades culturais e religiosas é um dom de Deus”. Unidade na diversidade, reitera, e “estima recíproca”.

“Coloquem no centro a voz daqueles que não são ouvidos”, pede ainda o Papa Francisco aos jovens, como os mais pobres “que sofrem por serem considerados um fardo ou um incômodo” ou aqueles que “muitas vezes, muito jovens, têm que deixar seus país para ter um futuro melhor. Cuidem de cada um."

Não se trata de números, mas de pessoas, e cada pessoa é sagrada; trata-se de rostos cuja dignidade deve ser promovida e protegida. Renunciemos à cultura do medo para abrir a porta da acolhida e da amizade.

O Mediterrâneo como um belo jardim para cultivar

O Mediterrâneo une vocês, recorda o Papa, vivam nele “como um grande lago de Tiberíades confiado aos vossos cuidados”, como “um belo jardim a ser cultivado”. Preservem, é o seu convite, “o espírito de serviço em todas as circunstâncias, cuidem de cada criatura confiada às mãos de vocês”. Recordem o testemunho dos mártires destas terras à beira do Mare Nostrum, cuja coragem “pode inspirar o compromisso de vocês de resistir a todas as violências que desfiguram a nossa humanidade, como fez a Beata Maria Tuci com apenas vinte e dois anos”.

Mar de fraternidade e paz, não é mais cemitério

Francisco conclui a sua mensagem confiando os jovens a Maria, Mãe do Bom Conselho, padroeira da Albânia. “Aprendei com o Seu Imaculado Coração – é o seu último apelo – a ser incansáveis peregrinos ​​da esperança e a seguir os sinais de Deus

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

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Francisco aos jovens:

prefiro o cansaço dos que estão a caminho
do que o tédio dos que estão parados

Na mensagem para a 39ª Jornada Mundial da Juventude, o Papa fala das novas gerações, que muitas vezes pagam o preço mais alto pelas guerras, pelas injustiças sociais, pela pobreza, pela exploração dos seres humanos e da criação. O convite, em vista do Jubileu, é vencer a apatia e o refúgio nas transgressões. Partir, porém, não como meros turistas, mas como peregrinos.

Foi divulgada, nesta terça-feira (17/09), a mensagem do Papa Francisco para a XXXIX Jornada Mundial da Juventude diocesana que será celebrada, em 24 de novembro próximo, sobre o tema “Os que esperam no Senhor, caminham sem se cansar”, extraído do Livro do Profeta Isaías.

O Santo Padre ressalta no texto que "esta expressão é retirada do chamado Livro da Consolação, que anuncia o fim do exílio de Israel na Babilônia e o início de uma nova fase de esperança e de renascimento para o povo de Deus, que pode regressar à sua pátria graças a um novo “caminho” que, na história, o Senhor abre aos seus filhos".

"Também nós vivemos hoje tempos marcados por situações dramáticas que geram desespero e nos impedem de olhar para o futuro com espírito sereno: a tragédia da guerra, as injustiças sociais, as desigualdades, a fome, a exploração do ser humano e da criação", escreve ainda Francisco. "Muitas vezes, quem paga o preço mais alto sois vós, jovens, que sentis a incerteza do futuro e não vislumbrais perspectivas seguras para os vossos sonhos, correndo assim o risco de viver sem esperança, prisioneiros do tédio e da melancolia, por vezes arrastados para a ilusão da transgressão e das realidades destrutivas. Por isso, queridos amigos, gostaria que, como aconteceu ao povo de Israel na Babilônia, chegasse também a vós o anúncio da esperança: hoje o Senhor abre diante de vós um caminho e convida-vos a percorrê-lo com alegria e esperança", ressalta o Papa, dividindo a mensagem em quatro pontos.

1. A peregrinação da vida e os seus desafios

Isaías profetiza um “caminhar sem cansaço”. Francisco então reflete sobre estes dois aspectos: caminhar cansaço.

"A nossa vida é uma peregrinação, uma jornada que nos empurra para além de nós mesmos, um caminho em busca da felicidade; e a vida cristã, em particular, é uma peregrinação em direção a Deus, à nossa salvação e à plenitude de todo o bem", escreve ele.

Segundo o Papa, as pressões sociais para atingir determinados padrões de sucesso nos estudos, no trabalho e na vida pessoal provocam ansiedade e cansaço interior. "Isto produz tristeza, pois vivemos no afã de um ativismo vazio que nos leva a preencher os nossos dias com mil coisas e, apesar disso, a sentir que nunca conseguimos fazer o suficiente e que nunca estamos à altura. Este cansaço é muitas vezes acompanhado pelo tédio. É o estado de apatia e de insatisfação de quem não se põe a caminho, não decide, não escolhe, nunca arrisca e prefere ficar na sua zona de conforto, fechado em si mesmo, vendo e julgando o mundo por detrás de uma tela, sem nunca “sujar as mãos” com os problemas, com os outros, com a vida. Este tipo de cansaço é como um cimento no qual mergulhamos os pés, e que acaba por endurecer, pesar, paralisar e impedir-nos de avançar. Prefiro o cansaço dos que estão a caminho do que o tédio dos que estão parados e não têm vontade de andar", escreve Francisco.

De acordo com o Papa, "a solução para o cansaço, paradoxalmente, não é ficar parado para descansar. É, pelo contrário, pôr-se a caminho e tornar-se peregrino da esperança. Este é o convite que vos faço: caminhai na esperança! A esperança vence todo o cansaço, toda a crise e toda a ansiedade, dando-nos uma forte motivação para avançar, porque é um dom que recebemos do próprio Deus: Ele enche o nosso tempo de sentido, ilumina-nos o caminho, indica-nos a direção e a meta da vida. A esperança é precisamente uma força nova, que Deus infunde em nós, que nos permite perseverar na corrida, que nos dá uma “visão de longo alcance”, que ultrapassa as dificuldades do presente e nos orienta para uma meta concreta: a comunhão com Deus e a plenitude da vida eterna".

2. Peregrinos no deserto

"Na peregrinação da vida, haverá inevitavelmente desafios a enfrentar. Mesmo para aqueles que receberam o dom da fé, houve momentos felizes em que Deus esteve presente e o sentistes próximo, e outros momentos em que experimentastes o deserto. Pode acontecer que o entusiasmo inicial nos estudos ou no trabalho, ou o impulso para seguir Cristo – tanto no matrimônio, quanto no sacerdócio ou na vida consagrada – sejam seguidos por momentos de crise, que fazem com que a vida pareça uma difícil caminhada no deserto. Estes momentos de crise, porém, não são tempos perdidos ou inúteis, mas podem revelar-se importantes oportunidades de crescimento. São tempos de purificação da esperança", escreve o Papa na mensagem.

De acordo com o Pontífice, "nestes momentos, o Senhor não nos abandona; aproxima-se com a sua paternidade e dá-nos sempre o pão que revigora as nossas forças e nos põe de novo a caminho. Como dizia o Beato Carlo Acutis, a Eucaristia é a autoestrada para o céu. Um jovem que fez da Eucaristia o seu compromisso quotidiano mais importante! Assim, intimamente unidos ao Senhor, caminhamos sem nos cansarmos, porque Ele caminha junto a nós. Convido-vos a redescobrir o grande dom da Eucaristia! Nos inevitáveis momentos de cansaço da nossa peregrinação neste mundo, aprendamos então a descansar como Jesus e em Jesus".

3. De turistas a peregrinos

O Papa convida os jovens a se colocarem a caminho "para descobrir a vida, nas pegadas do amor, em busca do rosto de Deus". "Mas o que vos recomendo é o seguinte: não partam como meros turistas, mas como peregrinos", ressalta Francisco. "Isto é, que a vossa caminhada não seja apenas uma passagem pelos lugares da vida de forma superficial, sem captar a beleza do que encontrais, sem descobrir o sentido dos caminhos percorridos, captando só breves momentos, experiências fugazes registradas numa selfie. O turista faz isso. O peregrino, pelo contrário, mergulha de alma e coração nos lugares que encontra, faz eles falar, os torna parte da sua busca de felicidade. A peregrinação jubilar quer, portanto, tornar-se o sinal do caminho interior que todos somos chamados a fazer para chegar ao destino final".

Francisco espera que os jovens possam vir "a Roma em peregrinação para atravessar as Portas Santas", mas para os que não puderem vir "haverá a possibilidade de fazer esta peregrinação também nas Igrejas particulares, para redescobrir os numerosos santuários locais que guardam a fé e a piedade do povo santo e fiel de Deus". O Papa  exorta os jovens a viverem esta peregrinação jubilar com três atitudes fundamentais: "A ação de graças, para que o vosso coração se abra ao louvor pelos dons recebidos, principalmente o dom da vida; a procura, para que o caminho exprima o desejo constante de procurar o Senhor e de não deixar apagar a sede do coração; e, por fim, o arrependimento, que nos ajuda a olhar para dentro de nós mesmos, a reconhecer os caminhos e as opções erradas que por vezes tomamos e, assim, a poder converter-nos ao Senhor e à luz do seu Evangelho".

4. Peregrinos de esperança para a missão

"Deixo-vos mais uma imagem sugestiva para a vossa viagem. Ao chegar à Basílica de São Pedro, em Roma, atravessa-se a praça que está rodeada pela colunata criada pelo grande arquiteto e escultor Gian Lorenzo Bernini. A colunata, no seu conjunto, parece um grande abraço: são os dois braços abertos da Igreja, nossa mãe, que acolhe todos os seus filhos! Neste próximo Ano Santo da Esperança, convido-vos a todos a experimentar o abraço do Deus misericordioso, a experimentar o seu perdão, a remissão de todas as nossas “dívidas interiores”, como era tradição nos jubileus bíblicos. E assim, acolhidos por Deus e renascidos n'Ele, também vós vos tornais braços abertos para tantos dos vossos amigos e colegas que precisam sentir, através do vosso acolhimento, o amor de Deus Pai. Cada um de vós ofereça “ao menos um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito, sabendo que, no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente fecunda de esperança para quem o recebe”, e assim vos tornareis incansáveis missionários da alegria", conclui a mensagem do Papa.

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