Um estilo de vida alternativo
Mais uma reunião no dia do Senhor, no
domingo, o dia do sol. O Ressuscitado marca encontro conosco uma vez por
semana. Manifesta seu carinho e as palavras do Evangelho proferidas na liturgia
parece que estão saindo de seus lábios e nos atingem lá onde começa no eu mais
profundo.
Marcos fala da maneira como podemos entrar
na vida, ou seja, na plenitude de nossos dias e também num estado definitivo de
comunhão com aquele que nos tirou do nada e nos fez e faz viver. Entrar na
vida… melhor entrar sem uma mão, um pé ou um olho. Ingenuidade tomar estas
palavras ao pé da letra. É evidente que Jesus está querendo dizer que aqueles
que querem ser colaboradores do Reino Novo, reino de fraternidade, atenções
mútuas serão os que usam mãos, pés e olhos de uma forma transparentemente bela.
O que está em jogo é o verdadeiro sucesso de cada um na aventura de viver.
Resumindo, trata-se de usar nossos membros de maneira generosa e correta,
construindo um mundo novo.
José Antonio Pagola assim explica esta
perícope:
-
Mão: símbolo da atividade
e do trabalho. Jesus usa suas mãos para abençoar, curar e tocar os excluídos.
Melhor corta as mãos quando são usadas para ferir, submeter, humilhar. Melhor
cortar a mão em tais situações. Claro, uma metáfora.
- Pés: correspondem a nossos deslocamento
rumo aos outros. Podem causar danos se nos levam a espaços onde não podemos
servir ou continuarmos com nossa banalidade de existir. Jesus caminha ao
encontro das pessoas. Os pés causam dano se nos levam a espaços de destruição.
- Olhos: representam desejos e
aspirações das pessoas. Olhar as pessoas com atenção, carinho, atenção,
acolhedoramente. Não olhar apenas para satisfazer seus pequenos interesses.
Trata-se em resumo de fazer claras opções
por Jesus. Se assim não for seremos seres medíocres até o fim e haveremos de
perder a chance de viver e de viver de verdade.
O Evangelho coloca sempre diante de nós
caminhos alternativos. Marcus Borg, um dos mais conhecidos investigadores da
figura de Jesus, designa-o de “mestre de uma sabedoria subversiva”. Alberto de
Migno lembra que essas palavras fortes de Jesus não perderam sua força. Os
valores que propõe estão na contramão do chamam valores o mercado e o mundo do
consumismo. E, no entanto, os valores propostos por Jesus são capazes de levar
o ser humano ao máximo desenvolvimento, embora, à primeira vista pareçam desconcertantes:
o perdão diante da violência, partilhar em vez de acumular; olhar com carinho e
não desprezar; cooperar em vez de competir; ser austeros e não consumistas;
amar sem esperar retorno; dar a vida em vez de querer desfrutar até a última
gota.
Pedro José Gómez Serrano falando do estilo alternativo que Jesus propõe ao seus para o sucesso mais profundo de sua existência: “Não falamos da felicidade de passar bem na vida, nem da alegria que nos proporcionam êxitos pessoais ou falta de conflito; mas a que nasce de sentir-se profundamente amados e ter uma existência que espalha vida e alegria à sua volta”.
____________________________________________________________________________________
FREI ALMIR GUIMARÃES, OFM, ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.
______________________________________________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário