"A Igreja não são só padres, bispos e Vaticano"
Cidade do
Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira de tempo instável em Roma, o Papa
concedeu a audiência geral, como sempre, ao ar livre, na Praça São Pedro, onde
o aguardavam cerca de 50 mil pessoas. Após a benção inicial, Francisco brincou
com os presentes a respeito do mau-tempo, dizendo esperar que a audiência
pudesse terminar ‘sem chuva’. Já antes, saudando os idosos, doentes e
portadores de deficiência na Sala Paulo VI, o Pontífice havia pedido orações
para que a água não molhasse ‘quem estava fora, na Praça’.
Somos todos o Povo de Deus |
Começando um
ciclo de catequeses sobre a Igreja, Francisco definiu esta realidade como uma
‘família, a filha da mãe Maria’. A Igreja, de fato, não é uma instituição
fechada em si mesma ou uma associação privada, uma ONG, nem mesmo se deve
restringir ao clero ou ao Vaticano…
“Não limitem a
Igreja aos padres, aos bispos, ao Vaticano. A Igreja não feita só por eles: é
uma realidade mais ampla, que se abre a toda a humanidade. Fundada por Jesus, é
um povo com uma longa história nas costas, não nasceu de repente, num
laboratório; não é uma associação privada finalizada a si mesma”.
O Pontífice
explicou que esta história, ou pré-história, da Igreja se encontra já nas
páginas do Antigo Testamento. Segundo o Livro de Gênesis, Deus escolhe Abraão,
nosso pai na fé, e lhe pede para partir, para deixar a sua pátria terrena e ir
para outra terra que Ele lhe indicou. Nesta vocação, Deus não chama Abraão
sozinho, como indivíduo, mas envolve desde o início a sua família, seus
parentes e todos aqueles que com ele estão a serviço de sua casa. Uma vez no
caminho, então, Deus alargará também o horizonte, prometendo-lhe uma
descendência numerosa como as estrelas do céu e como a areia da praia. O
primeiro dado importante é este mesmo: começando por Abraão, Deus forma um povo
para que leve a sua bênção a todas as famílias da terra. E no seio deste povo,
nasce Jesus.
O Papa
prosseguiu sua catequese analisando o segundo elemento:
“Não é Abraão
quem constrói em torno de si um povo, mas Deus a dar vida a este povo.
Geralmente era um homem a dirigir-se à divindade, invocando apoio e proteção.
Neste caso, ao invés, se assiste a uma coisa sem precedentes: é o próprio Deus
a ter a iniciativa e a dirigir a sua palavra ao homem, criando um legado e uma
relação nova com ele. Assim, Deus forma um povo, com todas as cores, que escuta
a sua palavra e que se coloca no caminho, confiando Nele. No seu amor, Deus
antecipa-se a Abraão, como já o tinha feito com o próprio Adão”.
Somos um povo abençoado |
“No entanto”, prosseguiu
Francisco, “a resposta deste povo a Deus, que o quis e formou, ficará marcada,
ao longo da história, por resistências e infidelidades humanas. Deus, porém,
não desiste; cheio de paciência, continua a educar e formar o seu povo, como
faz um pai com o seu filho. E Jesus mantém o mesmo procedimento com a Igreja.
De fato, nós prometemos seguir o Senhor, mas, no dia-a-dia, quantas vezes
fazemos experiência do nosso egoísmo e da dureza do nosso coração. Quando,
porém, reconhecemos o nosso pecado e nos voltamos para Deus, Ele enche-nos da
sua misericórdia e do seu amor. É precisamente isto que nos faz crescer como
povo de Deus, como Igreja: não é pela nossa habilidade, pelos nossos méritos,
mas pela experiência que diariamente fazemos de quanto o Senhor nos quer bem e
cuida de nós”.
Caros amigos,
este é o projeto de Deus: formar um povo abençoado pelo seu amor e que leva a
sua bênção a todos os povos da terra. Este projeto não muda, está sempre em
andamento. Em Cristo teve seu complemento e ainda hoje continua a realizá-lo na
Igreja.
“Outro nome
sinônimo de Igreja – observou – seria ‘homens e mulheres, pessoas que
abençoam’. Com efeito, a vocação de todo cristão é abençoar Deus e todos nós.
Somos um povo que sabe abençoar, um povo abençoado por seu amor e que leva a
sua benção a todos os povos da terra”.
"Peçamos a
graça de permanecermos fiéis na sequela do Senhor Jesus e escutando sua
Palavra, prontos a partir todos os dias, como Abraão, pela terra de Deus e do
homem, a nossa verdadeira pátria e, assim, transformar-se em bênçãos e sinal do
amor de Deus por todos os seus filhos".
Saudando os
peregrinos de língua portuguesa, Francisco se dirigiu particularmente à
comunidade «Coccinella meninos da rua». “Que esta visita a Roma vos ajude a
estar prontos, como Abraão, a sair cada dia para a terra de Deus e do homem,
revelando-vos uma bênção e um sinal do amor de Deus por todos os seus filhos. A
Virgem Santa vos guie e proteja!”, disse o Papa, concedendo a todos a sua
benção. (CM/EF)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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