Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 50 mil pessoas lotaram a Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira.
Devido ao calor
de 30 graus na capital italiana, o Papa cumprimentou os enfermos antes do
início da Audiência, dentro da Sala Paulo VI. “Pensamos que fosse melhor para
vocês aqui, tranquilo, um pouco de fresco. E não sob aquele sol que cozinha”,
disse Francisco, depois de cumprimentá-los pessoalmente.
Pastor e ovelhinha |
Já na Praça, a
bordo do seu papamóvel, o Pontífice saudou os grupos de fiéis por cerca de
meia-hora, antes de pronunciar a sua catequese - hoje dedicada ao último dos
sete dons do Espírito Santo: o temor de Deus.
“Este dom não
significa ter medo de Deus, mas nos recorda quanto somos pequenos diante Dele e
do seu amor”, explicou o Papa.
Quando o
Espírito Santo habita em nosso coração, nos infunde consolo e paz. Quem se
abandona a Deus, se sente protegido como uma criança nos braços de seu pai. “E
isso é sentimento, é como o Espírito Santo nos faz sentir.”
Este dom do
Espírito Santo ajuda a reconhecermo-nos como filhos amados e, ao mesmo tempo,
consolida a nossa confiança e a nossa fé, porque nos faz ver como a nossa vida
está nas mãos do Senhor. O temor de Deus então assume em nós a forma da
docilidade, do reconhecimento e do louvor.
É justamente na
experiência dos nossos limites e da nossa pobreza que o Espírito nos conforta.
E isto enche-nos de coragem e força! O temor de Deus faz de nós cristãos
convictos, entusiastas, que seguem o Senhor não por medo, mas porque
conquistados pelo seu amor. “Ser conquistados pelo amor de Deus: isto é belo,
porque Ele nos ama com todo o seu coração.”
Pastor e seu rebanho |
Entretanto, este
dom do Espírito Santo funciona também como “alarme”:
Quando uma
pessoa vive no pecado, quando explora os outros, quando vive só para o
dinheiro, a vaidade, o poder ou o orgulho, então o temor de Deus lança o
alerta: “Cuidado! Com todo esse poder, esse dinheiro, orgulho, não será feliz.
Ninguém pode levar consigo nada disso “para o outro lado”. Somente podemos
levar o amor que Deus Pai nos dá, os carinhos de Deus aceitos por nós com amor,
e aquilo que fizemos aos outros. Cuidado, não depositem esperança no dinheiro,
no poder, na vaidade. Essas coisas não podem nos prometer nada.
Francisco
mencionou as pessoas que têm responsabilidade sobre outras e se deixam
corromper. “Vocês acreditam que um corrupto será feliz do outro lado?”,
perguntou o Papa à multidão, respondendo que o fruto da corrupção corrompe
também o coração. O Pontífice citou ainda as pessoas que lucram com o tráfico
de seres humanos, exploram os outros e os que fabricam armas para fomentar
guerras.
Olhar puro e terno |
Pensem que
profissão é essa. Estou certo de que aqui não há fabricantes de armas, porque
essas pessoas não vêm para ouvir a palavras de Deus. Fabricam a morte, são
mercantes de morte. Que o temor a Deus lhes faça compreender que um dia tudo
acaba e que deverão prestar contas a Deus.
O Papa concluiu: Peçamos
ao Senhor a graça de unir a nossa voz àquela dos pobres, para acolher o dom do
temor de Deus e poder nos reconhecer, com eles, cobertos pela misericórdia e
pelo amor de Deus. Assim seja.
Na Praça, havia inúmeros peregrinos brasileiros, que assim foram saudados pelo
Pontífice:
De coração saúdo
todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os grupos brasileiros
das paróquias São Judas Tadeu e Nossa Senhora do Patrocínio. Sede bem-vindos!
Não nos cansemos de vigiar sobre os nossos pensamentos e atitudes para podermos
saborear desde já a ternura e o esplendor do rosto da Santíssima Trindade –
Pai, Filho e Espírito Santo – que havemos de contemplar em toda a sua beleza na
vida eterna. Desça, generosa, a sua Bênção sobre cada um de vós e vossas famílias.
Francisco pede
empenho da comunidade internacional para debelar trabalho infantil
No final da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa recordou a celebração, no dia 12 de junho, do Dia Mundial contra a exploração do trabalho infantil.
Francisco citou
os milhões de menores, enfatizando o termo “milhões”, que são obrigados a
trabalhar “em condições degradantes”, expostos a formas de escravidão e de
exploração, como também de abusos, maus-tratos e discriminações.
“Faço votos
vivamente que a comunidade internacional possa ampliar a proteção social dos menores
para debelar essa chaga. Renovemos todos o nosso empenho, em especial as
famílias, para garantir a cada menino e menina a tutela de sua dignidade e a
possibilidade de um crescimento saudável. Uma infância serena permite às
crianças olhar para a vida e para o futuro com confiança.”
O Papa rezou um
“Ave-Maria” com a multidão, para pedir a intercessão de Nossa Senhora, “que
teve o Menino Jesus nos braços”, por esses meninos e meninas que são explorados
por meio do trabalho e de abusos.
A Organização Internacional
do Trabalho (OIT) estima que, atualmente, existam 168 milhões de crianças e
adolescentes entre 5 e 17 anos que trabalham. Desse total, a maioria está na
agricultura – cerca de 98 milhões (58%). Um dos setores que preocupam a
organização é o do serviço doméstico, que emprega mais de 15 milhões de menores
e que está entre as piores formas de trabalho infantil, por envolver atividades
perigosas, com efeitos nocivos à saúde física, mental e emocional.
Este ano, a OIT
lança a campanha “Cartão vermelho para o trabalho infantil”, por ocasião da
Copa do Mundo, para conscientizar a sociedade civil contra o uso de mão de obra
de crianças e adolescentes durante o Mundial.
Serão realizadas
ações em várias cidades brasileiras, como Recife, Alagoas, São Luís e Porto
Velho, com a promoção de oficinas, palestras, panfletagem e atividades
esportivas para crianças e adolescentes. (BF)
Fonte: radiovaticana.va news.va
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