Duas viúvas e uma coisa em comum: as duas deram
tudo o que tinham, ofereceram tudo, com coração grande. Hoje a Boa Nova nos
convida a uma oferta sincera...
Um punhado de farinha e um pouco de azeite era tudo
o que tinha aquela pobre viúva que encontrou Elias (primeira leitura). Parece
pouco, mas ela não tinha nem comida para matar a fome. Quando há sobra, é mais
fácil doar (embora nem sempre), mas quando se tem pouco, a oferta se transforma
em verdadeira doação, em atitude de fé. O gesto daquela mulher não ficou sem
recompensa, pois Deus não deixou que ela e seu filho padecessem de fome. De
fato, quantas vezes guardamos os bens, acumulamos... O que existe neste mundo
se corrompe, estraga. Os bens devem ser usados para o bem das pessoas, jamais
devem ocupar um lugar central, como falsa segurança. Também a nossa vida não
existe para ser conservada, pois é abertura, o gesto de sair de si é que
garante a felicidade. Estamos neste mundo para usar nossos dons, não apenas em
favor de nós mesmo, mas para fazer o bem.
No Evangelho, os doutores da lei são
caracterizados: gostam de bonitas roupas, das primeiras cadeiras, de serem
cumprimentados; fazem longas e bonitas orações, mas não brotam do coração. O
ensinamento de Jesus é imediato: as aparências não nos salvam. A verdadeira
religião brota do interior de cada um, sobretudo dos pobres.
Nossa Igreja está repleta de artefatos, ritos e
gestos exteriores. Embora, não ousemos questionar a estética da liturgia e o
bom gosto, é fato de que cresce em nosso meio a preocupação com o exterior e
com a execução exata de ritos. É preciso cuidar para que o clero não assuma a
postura dos doutores da lei do tempo de Jesus, colocando as exterioridades e a
aparência do poder e da vaidade no lugar do próprio Deus, descuidando-se da preocupação
com as pessoas...
Jesus tem verdadeira atitude profética ao criticar
as exterioridades. Ele percebe que as grandes quantias depositadas no cofre não
eram ofertas sinceras, pois eram movidas pela vaidade ou pelo desejo de
manipular Deus. Com Deus não se faz nenhum tipo de barganha, pois Ele não se
deixa seduzir por futilidades materiais. O que realmente seduz o coração de
Deus é a atitude de amor dos pequeninos... Por isso, aquelas duas moedinhas da
viúva tocaram o coração do Senhor: “Todos deram o que tinham de sobra, enquanto
ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”. (Mc 12,44).
Jesus também doou tudo o que tinha e uma só vez
(segunda leitura). Sua vida foi uma oferta total é única. “Mas foi agora, na
plenitude dos tempos que, uma vez por todas, ele se manifestou para destruir o
pecado pelo sacrifício de si mesmo. O destino de todo homem é morrer uma só
vez, e depois vem o julgamento. Do mesmo modo, também Cristo, oferecido uma vez
por todas, para tirar os pecados da multidão, aparecerá uma segunda vez, fora
do pecado, para salvar aqueles que esperam” (Hb 9, 26-28). Depois de nossa
morte, não reaparecemos para os vivos e nem reencarnaremos em outra vida.
Seremos julgados pela nossa capacidade doar o que temos.
Sigamos os passos das viúvas e de Cristo que
ofereceram tudo. Assim, libertaremos o coração das correntes deste mundo.
Pe. Roberto Nentwig
Fonte: http://catequeseebiblia.blogspot.com.br
Ilustração: http://www.padrefelix.com.br
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