Três enfoques e um só Deus
No aeroporto, vieram me cumprimentar. Três grupos,
três enfoques e um só Deus. Um deles voltava de São Paulo, onde fora à missa
com o Padre Marcelo. Enfoque pentecostal. Outro viera de Minas e ia para a
Canção Nova, se possível para ver o Padre Jonas: enfoque no Espírito Santo.
Outro ia para Goiânia, missa do Padre Robson, enfoque no Pai Eterno. E vieram
pedir a minha bênção, eu que acentuo o Coração de Jesus: enfoque no Filho.
Cremos no mesmo Deus, mas nossos enfoques não são os mesmos. A mídia contribuiu
em muito para que se acentuassem tais enfoques no Pai, no Filho e no Espírito
Santo, três tendências diante de um só Deus em três pessoas.
Por que somos assim? Porque nos governamos por
sentimentos e compartimentos. Se um pregador ganha nossa admiração e seu
enfoque nos agrada, aceitamos seus acentos de fé. O que levou muitos católicos
a adorar o Cristo Jesus que, segundo cremos, é o Filho encarnado foram os
pregadores deste enfoque. O que levou outros a viver a cultura de Pentecostes,
e afirmar que o Espirito Santo está revelando, curando e iluminando hoje foram
os pregadores do cristianismo pentecostal. O que de uns anos a esta parte leva
católicos ao enfoque no Pai Eterno, outra vez é a mídia religiosa com
pregadores que chegaram ao coração daqueles católicos. Por isso viajam para
orar com aquele grupo sob aquele enfoque.
A maioria sabe que se trata do único e mesmo Deus,
embora alguns ainda confundam a coisas achando que ser carismático é viver o
enfoque no Espírito Santo, e que os outros enfoques não são carismáticos.
Alguém deveria esclarecer tais fiéis sobre o que significam os carismas. Não
são coisa exclusiva do enfoque no Espírito Santo. Também é carismático quem
prega a misericórdia do coração de Jesus, ou a copiosa redenção quem vem pelo
Cristo. Falta para muitos conhecer o que propugna o dogma da Santíssima Trindade.
De qualquer forma, naquele aeroporto, cristãos
católicos rumavam cada qual para um enfoque. Pregadores com jeito diferente de
anunciar, com enfoques diferentes e lugares voltados para uma das pessoas da
Trindade ou para algum santo que viveu esta ou aquela mística. Se não nos
instruímos acabamos vivendo uma fé compartimentada. Parecemos roteadores que
não roteiam e por isso não transmitem para todos os captadores do edifício. Se
somos católicos, temos que viver entre os outros carismas, também o da
abrangência que nos ensina a ver valores em todos os enfoques da fé, desde que
não neguem o essencial: há um só Deus a quem recorremos ora chamando-o de Pai,
ora de Filho, ora de Espírito Santo.
Os quatro, vale dizer, os três grupos e eu
estávamos indo para adorar o mesmo Deus. Eu iria levar a Palavra como aprendi a
um grupo de famílias no Paraná e eles iriam ouvi-la de três outros sacerdotes
cujos enfoques diferiam do meu, mas que certamente apontariam para o mesmo e
único Deus.
Aproveitei para dar esta catequese a um dos grupos.
Eles já sabiam! Menos mal, porque alguns simplesmente não sabem. Acham que só
quem invoca o Espírito Santo é batizado no Espírito. Deveriam ler mais os
evangelhos, as epístolas, o catecismo e os documentos oficiais da Igreja! Há
carismáticos em toda a parte e em todos os movimentos. Muitos nem sabem que
são, enquanto outros que se proclamam nem sempre o são. Se faltar unidade,
abertura e abrangência, não são!
Padre José Fernandes de Oliveira
Fonte: www.padrezezinhoscj.com
Ilustração: http://liturgiafeevida.blogspot.com.br
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